quarta-feira, 20 de maio de 2020

Biblio@rs (XVIII-I)

                                           

A Civilização Grega - As manifestações artísticas - a religião I

A religião grega é um dos aspetos mais marcantes da Civilização Grega e aquela que lhe deu uma dimensão muito particular, pois a religião grega uniu todas as cidades-estado, independentemente da sua organização e localização geográfica. Os gregos eram como muitos povos do Período Antigo e do Clássico politeístas, isto é adoravam várias divindades. Mas existem aspetos que separam muito o politeísmo dos gregos de outras civilizações.

O politeísmo grego foi construído a partir de uma ideia central, como uma medida para a própria existência e significado da vida humana. A religião grega e a sua mitologia foram formas criativas de tão elevado significado que foram motivo de inspiração para diversas obras literárias e artísticas. A Odisseia e a Ilíada são dois dos marcos da memória escrita da Humanidade e são reflexo da Civilização Grega e da sua construção no espaço do Mediterrâneo, mas também como representação da própria vida. 

Há algo nesta civilização que marcou o seu tempo  e influenciará os séculos futuros. Neste olhar encontramos algo tão especial como  essa capacidade de ver como se fosse a primeira vez. Ver a Terra, o Mar, a Vida, os elementos naturais, a complexa realidade que observamos com os sentidos e que tentamos perceber com a razão, numa admiração pelo que é novo e diferente. 

Construir o mundo à medida do Homem, ver nele todas as possibilidades para compreender o que nos rodeia. Dispensar os elementos mágicos, convocando a razão como elemento capaz de compreender o mundo, mas também a natureza humana. Esta ideia de estar desperto para a "eterna novidade do mundo" (Alberto Caeiro), vivendo como se o mundo tivesse acabado de ser criado. 

Tentaram por isso o estudo intenso e maravilhado das mais diferentes Ciências e obtiveram respostas muito satisfatórias, quando os meios de observação ainda eram muito rudimentares. Construíram uma visão do mundo, apenas com a beleza do pensamento, a força de querer conhecer. É uma lição imensa para as possibilidades que a capacidade humana tem. Construíram uma ideia de belo que vale a pena descobrir e que daremos uma ideia sumária em alguns posts sobre a sua representação do belo. 

Para a Civilização Grega os deuses não eram distantes e misteriosos, algo que não se compreende. Na verdade os deuses eram algo próximo e conhecido. Os deuses não eram feitos de ilimitada perfeição, mas sim eram entidades feitas à imagem dos homens e por isso feitos de defeitos, mas também de virtudes. Tinham por isso características humanas, como as que reconhecemos tantas vezes, a crueldade, a vingança, a mentira, a paixão, a beleza, o perdão, entre outras.

Nos deuses gregos encontramos a tentativa de encontrar respostas para o que sucedia, o que se concretizava na existência de oráculos, cuja interpretação era feita por sacerdotes de modo a obter o seu favor. Cada divindade tinha um atributo para esse sucesso na vida e questionada no oráculo e nos templos, onde eram feitas oferendas aos deuses do Olimpo.  As cerimónias e os rituais eram a forma de obter das divindades um favor em relação ao que sucedia ao homem e à sua relação com os elementos naturais.

Assim os deuses na Civilização grega por terem características humanas concederam à religião e à mitologia uma dimensão antropomórfica. O que realmente distinguia na religião grega, os seus deuses dos homens era a imortalidade dos primeiros, e a de serem elementos que podiam assumir a invisibilidade nas formas e de assumirem uma metamorfose das mesmas.

Os deuses viviam num espaço próprio, o Olimpo, que  era o nome do monte mais alto que existia na Grécia. Nesse espaço eram invisíveis aos humanos. Nesse espaço reinavam alguns dos deuses mais importantes. A saber, Zeus (o pai dos deuses), Posídon (Deus dos mares e dos oceanos), ou Hades (Deus do mundo subterrâneo).  Os deuses não existiam para mostrar a bondade, ou o que os humanos deviam fazer, pois eles próprios, os deuses cometiam erros e tinham tentações e angústias, como os humanos. No Panteão dos deuses eles apareciam com todos os seus atributos, o que deixaremos para o o próximo post.

Imagem : © – O templo de Apolo, Corinto.

Sem comentários:

Enviar um comentário