Espaço institucional de partilha e divulgação das atividades das Bibliotecas Escolares do Agrupamento de Escolas António Rodrigues Sampaio
segunda-feira, 31 de outubro de 2022
Um mês com... Agustina Bessa-Luís
segunda-feira, 24 de outubro de 2022
Um mês com... Agustina Bessa-Luís
"Esposende tinha duas almas: ado sul, que era piscatória, e a do norte, que era banhista. Uma era feita de gente natural e misteriosa, com dramas e alegrias rápidas, como se um vento cínico e audaz, vindo de muito longe, talhasse a sua história. A alma do sul já existia quando o reizinho D. Sebastião jogava às laranjas com os seus cortesãos - e as comia. Porque o príncipe era guloso; em apetites de mesa a arrancadas de estribo perdeu a vida, e nós a independência e a lei dela. O que lá vai lá vai!
Quando eu fui pela primeira vez a Esposende, achei que sucedia alguma coisa de solene; como um rito. Era em Julho. Nas noites em que o calor abrasava, vinha do rio um hálito de vasa. Como se o princípio do mundo rompesse o cristal das areias e borbulhasse uma vida espessa e cega, no lodo. A motora do peixe descia pela corrente, os homens iam calados. Via-se o casco na linha da água, como uma faca abrindo a pele da noite. Os cães ladravam. A alma do sul estava acordada. Desde tempos muito antigos ela tinha aquele pacto com o mar, sobrevivia nos seus flancos, paciente, lentamente, ajustada à magra colheita de peixe e de sargaço.
A alma do norte floresceu um dia, construiu nos pinhais um chalé branco, pôs-lhe um azulejo azul, botou patamar e alpendre à moda de mestre Raul Lino. Plantaram-se tamarizes na avenida; alguma dama no seu mirante aprendia piano com um senhora do Porto, e tinha um chapéu com cerejas maduras. Distinguia-se: a sua gola de valencianas ficava cheia de grãos de areia quando ela saía à rua.”
Memória de Esposende. In Vila e concelho de Esposende no IV centenário, 1572-1972, Agustina Bessa-Luís.
segunda-feira, 10 de outubro de 2022
Um mês com... Agustina Bessa Luís
Agustina Bessa Luís, é um dos grandes nomes da literatura portuguesa contemporânea. A Guimarães Editora considerou-a a maior escritora portuguesa. Agustina mais que uma escritora é uma força da natureza, uma respiração sublime sobre os elementos desconexos e contraditórios que é a própria vida. De uma lucidez desconcertante, a sua obra constrói uma catarse sobre o papel do homem na sociedade humana. Com ela descobrimos em diversos livros os alicerces históricos e biográficos de uma cultura, nomeadamente nos seus timings contemporâneos.
Se todos somos a circunstância geográfica e cultural do sítio onde nascemos e vivemos, a obra de Agustina é o produto de uma região. Conhecedora da comédia humana, encontra-mos nela aforismos representativos de uma simplificação da vida. Maria Ordoñes, nome onde se escondeu um universo literário e cultural complexo e deslumbrante, começou a sua viagem a 15 de Outubro de 1922. Filha de uma senhora de Zamora e de um pai que pertencia à aristocracia rural do Porto, viveu entre o campo e a cidade, ficando por esta fascinada. Estudou nas Doroteias e divertiu-se nos serões de espetáculos geridos pelo pai e que tanto recebia cinema, como cafés concerto. Aos vinte e dois anos escolheu marido num anúncio de jornal, onde “procurava corresponder-se com alguém inteligente e culto”. O afortunado, com quem partilhou a vida durante várias décadas, Alberto Luís, ordenou a sua escrita e deu-lhe letra de máquina.
Agustina, de coração amarantino, o que ousada e modernamente já tinha dado a Amadeo, os contornos de uma ambição futurista da vida, no sentido mais livre possível, deixou-nos em letras apertadas de cadernos manuscritos personagens e atmosferas que nos são familiares. Iniciou-se na escrita, com Mundo Fechado, de 1948 e teve em Sibilia, de 1954, o romance que lhe deu visibilidade. Soubemos há alguns anos, que no início da década de 40, a escritora concluía os até agora desconhecidos Ídolo de Barro e Deuses de Barro, dois livros assinados com nome de ressonâncias maternas: Maria Ordoñes. Ferreira de Castro dizia dela que praticava “a depuração das palavras” e Eduardo Lourenço, que escrevia com “a novidade de um olhar insólito veemente e desarmante”.
Escreveu como quem respira, em doses imensas de palavras e livros (mais de sessenta), em romances nada convencionais, o que somos como modo de ser. Dos seus textos saiu a matéria-prima de filmes, como Francisca, Vale Abraão ou o Convento. Participou na vida cívica de modo intenso, tendo dirigido o 1º de Janeiro e o Teatro Nacional D. Maria II. Disse-nos em entrevistas cheias de sabedoria, que gostando dos aplausos, prefere ter graça a ter fama e revela-nos que sendo conhecida, não é muito lida. Dá-nos os seus livros como memória de uma ideia, de uma forma de humanidade, pois uma longa vida não se descreve, pois ninguém a vê passar.
Agustina é uma escritora criadora de figuras de uma dimensão muito peculiar e tem-nos dado a voz de uma geografia física e humana capaz de compreender a relação do Homem com os mitos, o simbolismo dos seus valores. Criadora de palavras que nos conduzem a caminhos onde se identificam os percursos da Humanidade, acima do contexto histórico, na procura de uma identidade que o é por si.
Da sua obra de ficção, à poesia, ao teatro, às crónicas, ao livro de viagens, aos ensaios a sua obra é uma referência pelo sentido de humor das suas representações, mas pelo modo também frontal como nos faz encarar a realidade. Há nela a procura de entender o quotidiano usando uma sabedoria própria, tirada de uma determinada realidade, mas também uma imensa liberdade que se assume como essencial para se afirmar e descobrir. A liberdade como uma das mais belas concretizações do Homem, embora torneada de elementos nem sempre claros e construídos sobre si próprio.
Retemos dela uma ideia de uma luz de quem caminhou ao contrário, da maturidade para a infância, de quem nos ensinou que a vida é demasiado importante para ser levada a sério e que por isso nada mais difícil do que o gesto grave, a dureza do caminho, para os que procuram um lugar de felicidade, de conquista de individualidade. Por isso as fórmulas rápidas e fáceis são inexpressivas de qualquer verdade, pois em cada ser há uma respiração diferente. Nas suas obras, as mulheres de diferentes gerações revelam essa aspiração de humanidade, que condensam o que viveram, o que sonharam, em luta com o real sem se saber se se ousou o suficiente, se a afirmação foi suficiente para chegar a esse momento quase final em algo que se compreendeu.
Agustina Bessa-Luís é uma figura maior da nossa escrita, a que convidamos a descobrir e por isso ela foi escolhida para ser alvo de destaque como escritora do mês na Biblioteca. O seu olhar como figura humana pode ser encontrada biograficamente em muitos dos seus livros, como por exemplo em Sonho de Cão ou Dentes de Rato, entre outros. Destacamos pois Agustina, em Outubro, mês do centenário do centenário do seu nascimento em 2022, pela sua dimensão como figura da cultura portuguesa deste século e do passado. Pela escrita, pelos temas, pelo humor e por aquele sorriso de quem já parece ter percebido o sentido das coisas e por isso sorri para o horizonte, como a criança acabada de nascer. O final de Sibila dá-nos essa dimensão de uma forma clara.
segunda-feira, 3 de outubro de 2022
Um Mês com... Agustina Bessa-Luís
Mensalmente, será dado destaque a um escritor. Agustina Bessa-Luís celebra este ano, o centenário do seu nascimento. É uma das grandes figuras da cultura portuguesa e deixou-nos uma obra de grande valor literário e artístico. Ao longo do mês deixaremos algumas ideias e publicações sobre esta importante escritora.
"Todos os meus livros são,
afinal, só isso, a oportunidade de milhões de almas, únicas, todas elas, almas
de sapinhos cheios de importância de viver. [...] Uns partem um pouco depois de
dizerem bom dia, outros ficam até morrer. Todos se continuam naquilo que têm de
profundamente entre si - a vocação para serem sós, porém aceites por cada um
dos outros. Porque a solidão que me acusam de impor aos meus personagens, como
uma grilheta, é apenas a sua individualidade biológica, a exclusividade, a
reivindicação superior da sua própria luta. Um homem jamais corresponde a outro
homem; as suas reacções e conclusões não equivalem a vivência de outra alma, a
experiência do outro eu. O mistério do eu cumpre-se em cada homem de forma
única".
quinta-feira, 29 de outubro de 2020
Escritor do mês - outubro (IX)

terça-feira, 27 de outubro de 2020
Escritor do mês - outubro (VIII)
terça-feira, 20 de outubro de 2020
Escritor do mês - outubro (VII)
sexta-feira, 16 de outubro de 2020
Escritor do mês - outubro (VI)
quinta-feira, 15 de outubro de 2020
Escritor do mês - outubro (V)
"Na rua, Badini apanhava bocados de pão como se fosse um pombo. Ajuntava-os com as mãos e, chegando ao pátio, costumava reunir toda a família. Depois, atirava os pedaços de pão ao ar e via o futuro por entre os bocados que caíam, no espaço entre as migalhas do pão. O tempo vê-se em coisas essenciais e só a respiração é mais urgente do que o pão. Um homem deve ser dividido em dois, metade pão, metade ar, dizia Badini. O tempo vê-se em coisas essenciais e só a respiração é mais urgente do que o pão. Um homem deve ser dividido em dois, metade pão, metade ar, dizia Badini. É disso que ele vive. Quando o ar e pão se juntam, surge o terceiro alimento, que é a sabedoria. Está precisamente entre os espaços que o pão cria no ar. Os prognósticos de Badini eram sempre muito crípticos, mas disso dependia a sua beleza e a sua precisão. Quanto mais ambíguos mais exactos se tornavam. Animah pedia-lhe constantemente que lesse - apesar de achar que era pecado - o que diziam os bocados de pão apanhados na rua: se diziam com quem se casaria, se seria Dilawar, se seria outro, se seria bonito, se teria os olhos azuis como os artistas americanos. Badini fazia-lhe a vontade e depois vaticinava acontecimentos impossíveis que ninguém compreendia. Aminah entristecia-se depois de cada uma dessas consultas, mas não se cansava de pedir. Tinha uma esperança secreta de que um dia compreenderia aquelas estranhas sentenças que o primo dizia com as mãos. Tinha esperança de que a sua felicidade estivesse no espaço entre bocados de pão.
quarta-feira, 14 de outubro de 2020
Escritor do mês - outubro (IV)
"Além das horas matutinas ao piano, a minha mãe passava algum tempo, habitualmente depois do almoço, a cantar as canções da rádio, cujas letras diziam que ra bom deitar cedo e cedo erguer, que os pobres são mais felizes, que a humildade enche a barriga, esse tipo de arrazoado, e eu ficava a vê-la e a ouvi-la, fascinado com os trinados a meia-voz e o tremor delicado dos lábios. A minha mãe falava pouco, por isso tudo o que dizia era precioso, e, quase sempre sob a aparência humilde da simplicidade, o conteúdo das frases era inusitado e ao mesmo tempo profundo.
Posso, admito, pela raridade das conversas com ela, ter exagerado e engrandecido o que me disse e que recordo com o filtro do tempo, da maturidade, sobredimensionando agora o que de facto ouvi. Como dizia, a minha mãer passava horas a cantar as canções da rádio e um dia confessou-me que cantava, não necessariamente porque gostava muito das canções, mas porque gostava de cantar com milhares de pessoas.
Na altura não percebi, mas hoje consigo imaginar a quantidade de mulheres, sim, especialmente mulheres, que, a passar a ferro, a lavar, a embalar os filhos, a cozer o feijão, a tricotar, a quantidade de mulheres que interrompiam o choro, que olhavam pela janela, que fechavam os olhos, a quantidade de mulheres que, ao mesmo tempo que a minha mãe, cantavam a mesma canção que ouviam na rádio. Ela devia sentir uma espécie de comunhão, uma união estranha e subtil, uma fraternidade invisível que interrompia as suas dores para cantar uma canção em uníssono. Ela, quando sintonizava o rádio, era para se sintonizar com as outras mulheres."
Não tinha o desejo de mudar o mundo, queria apenas fazer parte dele.
Princípio de Karenina / Afonso Cruz. Lisboa: Companhia das Letras, 2018
terça-feira, 13 de outubro de 2020
Escritor do mês - outubro (III)
sexta-feira, 9 de outubro de 2020
Escritor do mês - outubro (II)
Ele trabalhava no 7.º Bairro Fiscal e achava-se num mundo entediante, chato, plano, aborrecido, cheio de papéis, papeladas e outras burocracias que se fazem com a madeira das árvores. Era um mundo desprovido de literatura. A minha mãe estava grávida de mim, eu nadava no seu útero, dava voltas como a roupa na máquina de lavar, nessa altura fatídica. O meu pai só pensava em livros (livros e mais livros!), mas a vida não era da mesma opinião, a vida dele pensava noutras coisas, andava distraída, e ele teve de se empregar.
A vida, muitas vezes, não tem consideração nenhuma por aquilo de que gostamos. Contudo, o meu pai levava livros (livros e mais livros!) para a repartição de finanças e lia às escondidas sempre que podia. Não é uma atitude que se aconselhe, mas era mais forte do que ele. O meu pai amava a literatura acima de tudo. Punha sempre um livro debaixo de modelos B, impressos de alteração de atividade e outros papéis de nomes ilustres, e lia discretamente, fingindo trabalhar. Não era uma atitude muito bonita, mas o meu pai só pensava nos livros. Foi isto que a minha avó me contou com os seus pensamentos cheios de rugas na testa. Nunca conheci o meu pai. Quando nasci já ele não andava aqui neste mundo. (...)
A um sinal da minha avó, subi as finas escadas que davam para o sótão e abri a porta. Tinha as mãos a tremer. Sabia que ali dentro, naquele sótão, estava tudo cheio de letras a fingirem-se de mortas, mas - sei muito bem - basta que pasemos os olhos por elas para saltarem cheias de vida. Hesitante, entrei e abri a janela. O sótão cheirava a sótão fechado e estava tudo cheio de pó. A luz, quando entrou, encheu toda a biblioteca de pontinhos brancos. Era um pó que já estava a entrar na adolescência, um pó com doze anos, a mesma idade que eu. Todos os livros estavam impecavelmente arrumados nas suas prateleiras, parados a seguirem-se com o seu olhar de lombada. Retribui o olhar - semicerrando os olhos - sem me deixar emboscar por nenhum daqueles títulos. Junto à janela estava o cadeirão onde o meu pai se sentava e em cima do estofo estava um livro. Senti a garganta seca e o coração a disparar. À minha frente estava a 'A ilha do Dr. Moreau'. Peguei nele como se fosse um objeto sagrado, sentei-me no cadeirão e preparei-me para o folhear. Conseguiria fazer como o meu pai e entrar no mundo dos livros?
Uma biblioteca é um labirinto. Não é a primeira vez que me perco numa. Eu e o meu pai temos isso em comum. Penso que foi isso que lhe aconteceu. Ficou perdido no meio das letras, dos títulos, perdido no meio de todas as histórias que lhe habitavam a cabeça. Porque nós somos feitos de histórias, não é de a-dê-ênes e códigos genéticos, nem de carnes e músculos e pele e cérebros.É de histórias. O meu pai, tenho a certeza, perdeu-se nesse mundo e agora ninguém lhe consegue interromper a leitura.
Li, numa das minhas tardes passadas no sótão, um conto de um escritor argentino chamado Borges, sobre um labirinto que é um deserto. Há inúmeros lugares onde um ser humano se pode perder, mas não há nenhum tão complexo como uma biblioteca. Mesmo um livro solitário é um local capaz de nos fazer errar, capaz de nos fazer perder. Era nisto que eu pensava enquanto me sentava no sótão entre tantos livros."
Os livros que devoraram o meu pai / Afonso Cruz. Lisboa: Caminho, 2010
quarta-feira, 7 de outubro de 2020
Escritor do mês - outubro
“Nunca pensei em ser escritor. Mas creio que o grande combustível, a grande matéria-prima para depois escrever, foi gostar muito de ler. Leio diariamente desde que me lembro de ser gente. E hoje sinto-me quase incapaz de escrever se não ler.”
Afonso Cruz é o autor
escolhido nas Bibliotecas para este mês de outubro. Afonso Cruz é um escritor
multifacetado pelos livros que nos tem dado e disso falaremos no boletim
bibliográfico um pouco mais em detalhe. É igualmente ilustrador, cineasta e
músico de uma banda designada The Soaked Lamb. Fez formação diversa e alargada
na área das artes plásticas em diferentes institutos e escolas superiores do
país e na Europa.
Já recebeu vários prémios, como sejam, o Grande Prémio de Conto
Camilo Castelo Branco 2010, o Prémio Literário Maria Rosa Colaço 2009, o Prémio
da União Europeia para a Literatura 2012, Prémio Autores 2011 SPA /RTP. Afonso
Cruz teve ainda outros prémios importantes, como uma menção especial no Prémio
Nacional de Ilustração de 2010 e na Lista de Honra do IBBY - Internacional
Board on Books for Young People. Foi ainda finalista
dos prémios Fernando Namora e Grande Prémio de Romance e Novela APE e
conquistou o Prémio Autores para Melhor Ficção Narrativa, atribuído pela SPA em
2014.
Afonso Cruz nasceu para a escrita a partir de
uma dualidade muito presente na sua vida, a leitura e as viagens. Foi com elas
que se iniciou na atividade de imaginar histórias. A sua curiosidade pela
natureza e por diferentes culturas também o ajudou a cultivar a sua expressão
pelas palavras. Afonso Cruz é um bom exemplo para essa ideia de aprendizagem
que todos devíamos cultivar, isto é, desenvolver a curiosidade e o gosto por algo
e depois ir tentar aprender e fazer isso com dedicação.
Entre os seus diferentes livros são de destacar
pelo tipo de proposta narrativa, ou pela inovação com que as histórias nos
surgem, Enciclopédia da estória Universal (2009), Jesus
Cristo bebia cerveja (2014), Flores (2015), Nem
todas as baleias voam (2016) e Jalam Jalam de 2017.
terça-feira, 10 de março de 2020
Eça de Queiroz - a vida e o escritor
Após esta data, foi para Paris, onde se dedicou à criação literária e onde faleceu em 1900. Em 1888, publicou a sua grande obra Os Maias e foi nomeado Cônsul em Paris. Continuou a escrever diferentes textos e obras, como A Ilustre Casa de Ramires ou a publicação na Revista Moderna, em Paris.
terça-feira, 3 de dezembro de 2019
leituras de dezembro
Edição: 1ª
Páginas:2008
Editor: Guimarães Editores
ISBN: 978-972-665-523-2
CDU: 821.134.3