terça-feira, 3 de dezembro de 2019

leituras de dezembro


Título: O chapéu das fitas a voar
Autor: Augustina Bessa-Luís
Edição: 1ª
Páginas:2008
Editor: Guimarães Editores
ISBN:  978-972-665-523-2
CDU: 821.134.3

Sinopse (Excertos):
"Não são os crentes que se salvam; são os que esperam em plano de igualdade com o que é eterno - a vida humana e a realidade dos seus direitos. Devo acrescentar aqui alguma coisa que sempre me pesou: acima dos amigos eu tive o pensamento; além da gratidão, eu pus o amor forte e generoso pela vida. (...)

Somos sempre muito faladores com o insignificante e muito calados com o que nos assusta. Assusta-nos o íntimo das nossas vidas, por passarmos todas as portas sem pensar que elas se fecham para sempre atrás de nós. Não podemos voltar para compor o inacabado ou as palavras soltas ou a que faltou a experiência.

A criança de seis anos que eu era, que andava sozinha pela avenida onde cresciam as grandes tílias e só os pássaros se ouviam como guardas dos meus passos, teve o primeiro pressentimento do extarordinário. Disse para mim: "Estou num lugar, numa hora, numa vida que não me são desconhecidos." É que esse entendimento de que a nossa vida é repetição e pode ser corrigida a ponto de produzir uma forma de profecia, aquilo que nos abençoa e protege e alegra, fazendo com que o sofrimento tenha sentido no mundo". (1)

(Desta vez optámos apenas por retirar uns excertos do livro escolhido, pois a sabedoria de Agustina nas suas palavras é a melhor forma de seduzir outros leitores a descobrir uma obra rara, a que voltaremos mais vezes, para essa multiplicação do eterno).

   (1) Agustina Bessa-Luís, "Os amigos", in O chapéu das fitas a voar, págs. 214-215

(Pela sua dimensão mais reduzida e pelo seu imaginário, em dezembro iremos nos livros do mês e no autor do mês deixar alguns excertos a ler sobre a beleza da palavra, ou a sua construção em nós. )

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