terça-feira, 30 de novembro de 2021

Leituras...

  De um significado de um texto que elementos se podem escolher? De toda a narrativa o que fica mais visível? O que escolher de modo a ilustrar algo essencial, de um menino, da floresta a percorrer e de uma flor? O que será essa flor? E o menino o que sentirá por essa flor salva? Algumas ideias visuais...

 

 

                        (Ilustrações de Margarida, Letícia, Maria Luísa, Filipa e Clara) – 3.º / 4.º FJ


 

Podcast - O dia da sereia

 

Mariana Meireis (5.º FC) - Leitura do conto, "O dia da sereia", de José Jorge Letria, In Histórias do Mar

Poesia - do mar (IV)

 

Os peixes coloridos são de espantar 
Será que podes imaginar?
Aquilo é a onda alta
Que tem uma grande alga.

Polvos azuis, rosa
... e amarelos
Corais com muitos animais
Recifes decorados
E mares espalhados.

No mar tem a maré
Que fica na Nazaré
Depois de deixarmos de poluir
Ele vai florir.

A poluição é a desilusão
O mar está  a morrer
Isto é triste de se ver.

Duarte Martins, 4.º FK
Imagem: do livro, História de uma baleia branca

Poesia - do mar (III)


O mar tem pensamentos
E imensos sentimentos
Temos que salvar
o nosso querido mar
para podermos de novo brincar
cantar e na areia dançar.

O mar dá-nos carinhos
imensos beijinhos
e grandes abraços.

Há pérolas para encontrar
corais para explorar
búzios a cantar
no nosso adorado mar.

Eu adoro o mar!
E nele quero nadar
mas para isso acontecer
a poluição tem de acabar.       
         
Inês Magalhães, 4.º FK
Imagem: Praia do Litoral Norte

Poesia - Do mar (II)


O mar é fantástico!
Eu vejo muitos peixes
Encontro muitos búzios
E brinco com os miúdos.

Vejo os barcos e os navios
A passar ao pé dos rios...
Ouço o som da maresia
e sinto a bela brisa.

Na linda maré
vou por o meu pé!
Vejo um marinheiro
a passear num cruzeiro...

Posso fingir ser pirata
e encontrar uma arca.
Eu adoro o belo oceano
e vou ser o seu amigo humano. 

Rodrigo, 4.º FK
Imagem: Praia do litoral norte.

Um poema - Uma canção


escura.
Sonhei lá um jardim
com muitas crianças
(meninos de bibe,
meninas de tranças),
e montes de flores
de todas as cores.

Que bonita rosa
vermelha e viçosa...
Mas, quando a apanhei,
piquei-me e acordei.

Vou ser jardineiro
e cuidar das rosas
vermelhas, viçosas
da minha varanda,
e vou convidar
para inaugurar
o novo jardim
duzentas crianças
(meninos de bibe,
meninas de tranças).

"A varanda", in Felizmente as árvores são grandes  / Maria Judite Carvalho; il. Cátia Vidinhas. Lisboa: Minotauro, 2021.

segunda-feira, 29 de novembro de 2021

Leituras...

 O que as imagens nos dizem? Como construímos uma narrativa com alguns sinais visuais? Como os relacionamos? 
Um menino, uma flor e uma floresta, o que podem dizer....

 


Era uma vez um menino que vivia com a mãe e o pai.
 
E um dia saiu de casa e subiu uma montanha que fica perto da sua casa. Depois de subir aventurou-se entre as árvores.
E quando viu que não tinha nada mais para ver correu pela floresta até que encontrou uma flor.
Ela estava murcha.
Foi buscar água a casa e a flor conseguiu crescer.

 
 
Era uma vez um menino que tinha ido passear pela floresta. 
O menino adorava a natureza e por isso queria saber se conseguia viver nela. 
Quando lá chegou, encontrou uma flor murcha, quase a morrer. O menino apressou-se a salvá-la e foi buscar água, mas não encontrou um rio, voltou a procurar e encontrou um rio.
Apressou-se a salvá-la e assim conseguiu. E assim a flor ficou bem. 
 
 
3.º / 4.º FJ
 

Encontro na área das Ciências - Monitorização costeira

Hoje, dia 29 de novembro, duas turmas do agrupamento receberam a nossa Coordenadora Geral do Projeto de Monitorização Costeira, a Oceanógrafa e Investigadora Caroline Schio.

A investigadora Caroline Schio fez uma visita às duas turmas que fazem parte deste projeto de monitorização costeira, o qual envolve dez escolas a nível nacional, sendo o nosso agrupamento um dos dois representados no Norte de Portugal. De realçar que este é um projeto pioneiro em Portugal.

A nossa Coordenadora, Caroline Schio, começou pela Escola EB António Rodrigues Sampaio, visitando a turma do 5MA, coordenada pela Professora Susana Silva. Houve uma sessão de diálogo sobre o desenvolvimento do projeto com perguntas e respostas por parte dos alunos. Na parte final da sessão foi apresentado um pequeno "museu itinerante" com peças recolhidas pela nossa Coordenadora ao longo dos anos, uma vez que este projeto já está a ser desenvolvido no Brasil há algum tempo.
 
Após esta sessão a investigadora e coordenadora do projeto, Caroline Schio deslocou-se para a Escola EB de Forjães para fazer a mesma sessão para a turma do 5FA, coordenada pelo Professor Luís Gaivoto.
Depois de almoço deslocou-se à Associação Rio Neiva para conhecer esta instituição parceira do nosso agrupamento e de seguida foi conhecer as praias envolvidas nesta monitorização costeira.

Caminhada Geopark


Integrado no projeto "Estórias de ambos os lados", duas turmas do 9.º ano (da EBF e da EBARS) realizaram hoje uma caminhada orientada por técnicas do Ambiente do município de Viana do Castelo.

A caminhada teve dois momentos, a saber, uma breve apresentação sobre o espaço natural em que desagua o rio Neiva juntando duas margens e dois concelhos diferentes. E de seguida os alunos realizaram um registo fotográfico sobre temáticas diversas, como sejam:

  • vegetação e árvores;
  • água/rio/margens/ribeiro;
  • plantas / flores;
  • paisagens.

 A caminhada revelou um espaço natural de grande beleza, onde árvores, animais, plantas e árvores coincidem na construção de um ecossistema e de um estuário. A proximidade da ocupação humana revela-nos como as preocupações devem ser incentivadas por todos para a preservação destes espaços essenciais à vida no seu sentido mais global. 

 

Poesia - do mar (I)


O mar azul...
O oceano único 
barcos a navegar 
outros a parar 

A água e a areia 
animam-se!
Com a maresia 
Polvos a comer 
... e outros a morrer

Algas, corais
e outros mais...
ondas a cantar 
a espuma a balançar

Os piratas nas ilhas 
sem nada e sem rimas 
Ursinhos a pular,
tudo a encontrar
...Mar para amar 

Margarida Dias, 4.º FK
Lustração, O dia do mar, de Sophia

sexta-feira, 26 de novembro de 2021

Exposição - Patrimónios emersos e submersos" e "Do Local ao Global"

A paisagem envolve-nos, faz parte do que somos. É nela que se constroem os elementos naturais, humanos, patrimoniais do que é um espaço de vida. O natural e o histórico confluem pela ação da natureza e pelas transformações ocorridas no tempo humano. A geografia tende a perseverar nos seus elementos físicos a ação humana. Embora nem sempre tomemos nota disso o local é o lugar onde o global descreve ações que nos influenciam e com as quais formalizamos formas de ser e de viver.

No forte de São João Batista, em Esposende está presente uma exposição designada "Patrimónios emersos e submersos" e "Do local ao Global". Nela se pode ver um conjunto de artefactos em materiais diversos que no inverno de 2014 deram à costa, a norte de Esposende, na localidade de Belinho.

Os destroços pertencem a um navio holandês do século XVI e entre eles encontraram-se pratos em latão, pratos de baixela em estanho, balas de vários calibres  e pedra vulcânica usada para o lastro da embarcação (o que permitia equilibrar os barcos no mar aberto). Encontram-se ainda pratos de Nuremberga, produzidos na Bélgica e que eram usadas nas igrejas  portuguesas nessa época. 

Os achados têm sido trabalhados por uma equipa multidisciplinar e teve a excelente colaboração de algumas pessoas locais que encaminharam as descobertas, de modo a que um estudo exaustivo fosse possível ser feito. Foi esta exposição que os alunos do 8.º FB foram visitar hoje, na qual mostraram uma excelente participação pela atitude e curiosidade reveladas.

A exposição contempla ainda  uma pequena mostra do percurso da primeira viagem de circum-navegação realizada por Fernão de Magalhães. Está integrada na comemoração dos quinhentos anos, de uma aventura marítima extraordinária, para o conhecimento do mundo e da ideia de um único oceano no planeta.

O mar é em Esposende um dos seus elementos mais marcantes e da relação que manteve ao longo dos séculos com a organização humana e espaço natural. O mar de Esposende e a sua costa já tinham assinalado fragmentos de ânforas romanas, datadas do século I, o que coloca em questão muita da ideia historiográfica que os romanos apenas se teriam concentrado no Mediterrâneo e que as trocas comercias não teriam chegado ao Atlântico. 

A exposição revela materiais de um grande alcance cultural, tratando-se na verdade de um tesouro, que está a ser muito bem cuidado e organizado para a partilha necessária na memória coletiva. Com ela exprime-se de modo eloquente as potencialidades do local para o conhecimento do global, a experiência humana história, como elemento de um património humano e essa ideia dos romanos que somos pontos de um universo em construção, os sinais herdados no futuro.

Da visita a esta exposição resultarão alguns produtos realizados em contexto escolar que serão mais tarde revelados.

Imagens: Da exposição no Farol de Esposende / da apresentação pública de algumas peças (novembro de 2014).

terça-feira, 23 de novembro de 2021

Um poema - Endymion (excerto)

 


O que é belo há de ser eternamente
Uma alegria, e há de seguir presente.
Não morre; onde quer que a vida breve
Nos leve, há de nos dar um sono leve,
Cheio de sonhos e de calmo alento.

 John Keats. (1841). "Endymion", in The poetical works of John Keats. London: William Smith.
Imagem: Gustave Caillebotte, "The Garden", 1878, Colecção particular.

segunda-feira, 22 de novembro de 2021

Uma obra de arte - As damas de azul

 

                                                                  A Civilização Minóica (3000 a 1100 a.C.) 

A civilização minóica desenvolveu-se no Mediterrâneo na ilha de Creta, no período da Idade do Bronze, no mar Egeu e desenvolveu-se num tempo em que a civilização egípcia também se afirmou a ocidente. A arte minóica materializou-se no chamado "período do Palácio". A arte minóica revela características singulares em aspetos, como a flexibilidade das formas, a inspiração de motivos naturais e o realismo do representado.

Na arquitetura, os habitantes de Creta usavam materiais como o tijolo, a pedra e o barro. Construíram diversos palácios, que foram os centros da vida política e religiosa. Estes templos tinham uma estrutura complexa, pois tinham um pátio central, com pisos superiores e pequenos jardins para os cultos religiosos. Estes cultos estavam ligados a casas externas de forma retangular e onde se pôde encontrar espaços de banhos, oficinas e armazéns.

Na arte da Civilização Minóica nota-se uma leveza na representação que por exemplo não se encontra na Civilização Egípcia. As figuras humanas têm um desenho estilizado, mas menos representativa de quadros sociais tão padronizados como na civilização dos faraós. Na civilização Minóica existe um apelo a um naturalismo vindo do quotidiano e do ambientes geográficos do Mediterrâneo.

Na verdade, a natureza e a civilização marítima marcou muito a sua arte, nomeadamente a representação de animais marinhos. O Palácio de Cnossos revela muitas dessas marcas, com frescos com golfinhos, ou com figuras femininas claramente de influência grega. Apesar dessa constante, o salto do touro aparece muito representado, o que se deve relacionar com a religiosidade Minóica.

É de salientar o papel central do palácio na administração da sociedade. Neles se realizaram grandes pinturas que representavam animais selvagens e domésticos, assim como figuras humanas em cenas do quotidiano. É muito visível uma alegria na representação, onde se encontra muito o sentido do movimento, no naturalismo, duma elasticidade nas formas. A espontaneidade e a delicadeza das formas dá-nos uma ideia de uma civilização fascinada pela vida e pela sua vitalidade.

As damas de azul é um fresco representado no palácio de Cnossos (1500 a 1450 a. C.). este foi um dos mais importantes dos diferentes palácios que funcionavam como centros de poder político e económico e de criação de atividades artísticas. A partir de 1400 a.C., a cultura micénica irá desenvolver-se no espaço do "continente" grego e das suas lendas que se construíram o contexto das viagens de Homero e das suas Odisseia e Ilíada.

 Imagem: As damas de azul. Pintura da parte externa do Palácio de Cnossos. 

Leituras...

 De um significado de um texto que elementos se podem escolher? De toda a narrativa o que fica mais visível? O que escolher de modo a ilustrar algo essencial, de um menino, da floresta a percorrer e de uma flor? O que será essa flor? E o menino o que sentirá por essa flor salva? Algumas ideias visuais...

O menino 


(Ilustrações de Vasco, Duarte Martins, João Leite e Carolina)

Leituras...

 De um significado de um texto que elementos se podem escolher? De toda a narrativa o que fica mais visível? O que escolher de modo a ilustrar algo essencial, de um menino, da floresta a percorrer e de uma flor? O que será essa flor? Um desejo, a natureza? algumas ideias visuais...

A Flor 



(Ilustrações de ...., Daniela, Margarida, Sofia Ribeiro, Maria Morgado, Luana e Benedita - 4.º FK)

Monitorização costeira


A turma do 5.º FA fez no dia 16 de novembro uma visita de campo, à praia fluvial da Várzea. A visita teve como objetivo monitorizar a qualidade da areia, no local onde muitos alunos passam as suas férias de verão... E também analisar quimicamente e microbiologicamente a qualidade da água.

Assim definiram-se os seguintes procedimentos:
  • na praia fluvial demarcou-se uma grade com 10m por 2m.
  • diividiu-se em 5 quadrados geometricamente iguais.
Foi analisado o tempo, verificando a  força do vento e a sua direção e analisando o céu para identificar o tipo de nuvens presentes. De seguida, os alunos da turma foram divididos pelos 5 quadrados (grade) de pesquisa, tendo-se dirigido para cada um dos quadrados para investigarem minuciosamente o seu espaço.

Para a realização da atividade de campo, cada grupo teve ao seu dispor dois tabuleiros, um para material natural, outro para material não natural. Cada grupo usou material de jardinagem para retirar uma camada da areia a analisar, peneirá-la e separar os objetos encontrados. Cada equipa tinha ao seu dispor uma grelha para anotar tudo o que foi encontrado.

No final, cada um dos grupos dispôs os tabuleiros e todos foram fotografados. Fez-se ainda a análise com base no uso de um pequeno íman da presença de hematite nas areias (minerais ferrosos).

Após isto passamos para a análise da água fluvial.

Recolheu-se água para um balde e verificou-se a sua turbidade, isto é, verificar a sua transparência. 
Após isto foi lançado para meio do rio um tubo com bóia, ao qual está acoplado uma seringa. Daqui retiraram-se amostras para fazermos três experiências, presença de oxigénio dissolvido, a quantidade de amónia presente (indicador de água poluída ou não) e o seu pH.

Foi ainda retirada água para uma amostra de papel absorvente, o qual foi devidamente selado e colocado numa mini-estufa durante 16 horas para verificar a presença ou não de material microbiológico.

Tudo isto foi possível devido ao kit de análises que a nossa Coordenadora do Projeto, Dra. Caroline Schio, nos forneceu, o denominado Alfakit.

Após isto fez-se ainda a medição da temperatura do ar, da água e da areia.

Na 2° visita de campo, a realizar no 2° período, a turma deslocar-se-á à praia da Foz do Neiva, para proceder a nova monitorização costeira, voltando a repetir-se uma atividade de campo no 3° período.
Professor Luís Gaivoto

Leituras...


O que as imagens nos dizem? Como construímos uma narrativa com alguns sinais visuais
? Como os relacionamos? 
Um menino, uma flor e uma floresta, o que podem dizer....
 
Era uma vez um menino que era encantado pela natureza. Um dia estava a passear e encontrou uma montanha. Decidiu subi-la! Ele, encontrou atrás da montanha uma floresta encantada. Passado algum tempo, chegou a um lugar distante e encontrou uma flor. Ela estava murcha. Como a flor estava a morrer decidiu ir buscar água. Já era noite. Então teve a ideia de dormir na floresta. Não sentiu frio. Uma pétala caiu sobre o seu corpo. Os seus familiares ficaram preocupados. E enquanto isso, o menino dormia tapado com uma pétala duma flor maravilhosa.
 
Maria Morgado, 4.º FK
 
Era um vez um menino que gostava muito de caminhar na natureza. Saiu de casa e decidiu explorar um montanha. Após algum tempo tentou ir para casa, mas teve dificuldades em regressar. Conseguiu encontrar um sítio especial.
Nessa tarde, viajou muito tempo e encontrou uma floresta e nela uma planta quase morta. Decidiu ir buscar água para ajudar a planta. Longe dele, os familiares ficaram preocupados.
Decidiu ir procurar água e encheu para uma garrafa vazia a que estava numa poça. Não aconteceu nada do que ele pensava.
A flor cresceu e até ficou mais alta do que ele. acabou por adormecer e uma pétala aqueceu-o. Os pais acabaram por encontrá-lo. E todos ficaram felizes

Miguel Pereira, 4.º FK


Era uma vez um menino que andava a brincar numa floresta que ficava perto da sua casa. O menino começou a explorar a floresta e encontrou uma flor murcha, o que deixou o rapaz triste,
Passando uma semana, o menino foi de novo à floresta e tentou procurar a flor, mas não a encontrou.
Quando se estava a aproximar de uma árvore viu a flor e pensou que ele tinha vida, pois devido ao vento ela mexeu-se. O menino estava tão cansado que adormeceu. Uma pétala da flor caiu em cima dele e aqueceu-o. Pouco tempo depois os pais que estavam preocupados encontraram o menino.
O senhor Luís e a senhora Margarida ficaram encantados ao ver o seu filho com uma flor branca a tapa-lo. Levaram o seu filho para casa e acordaram-no, mas o menino não queria estar em casa, mas sim na floresta. Ele apenas queria estar na floresta.
 
Luana Carquejo, 4.º FK
....

Leituras

 Da leitura de um texto, que imagens retiramos, o que construímos com elas? Que significados nos dão elas, sobre o sentido do texto?

Era uma vez um aldeia e um menino... 
E havia um quintal, uma floresta e um rio...
E uma história e um menino...



...


Leituras centenárias

As histórias para crianças devem ser escritas com palavras muito simples… Quem me dera saber escrever essas histórias…
Se eu tivesse aquelas qualidades, poderia contar, com pormenores, uma linda história que um dia inventei… …seria a mais linda de todas as que se escreveram desde o tempo dos contos de fadas e princesas encantadas…
… havia uma aldeia. …e um menino.
… sai o menino pelos fundos do quintal, e, de árvore em árvore, como um pintassilgo, desce o rio e depois por ele abaixo…
Em certa altura, chegou ao limite das terras até onde se aventurara sozinho. Dali para diante começava o “planeta Marte”. Dali para diante, para o nosso menino, será só uma pergunta: «Vou ou não vou?» E foi. O rio fazia um O rio fazia um desvio grande, afastava-se, e de rio ele estava já um pouco farto, tanto que o via desde que nascera. Resolveu cortar a direito pelos campos, entre extensos olivais, ladeando misteriosas sebes cobertas de campainhas brancas, e outras vezes metendo pelos bosques de altas árvores onde havia clareiras macias sem rasto de gente ou bicho, e ao redor um silêncio que zumbia, e também um calor vegetal, um cheiro de caule fresco.

Ó que feliz ia o menino! Andou, andou, foram rareando as árvores, e agora havia uma charneca rasa, de mato ralo e seco, e no meio dela uma inclinada colina redonda como uma tigela voltada. Deu-se o menino ao trabalho de subir a encosta, e quando chegou lá acima, que viu ele? Nem a sorte nem a morte, nem as tábuas do destino… Era só uma flor. Mas tão caída, tão murcha, que o menino se achegou, de cansado. E como este menino era especial de história, achou que tinha de salvar a flor. Mas que é da água? Ali, no alto, nem pinga. Cá por baixo, só no rio, e esse que longe estava!... Não importa. 

Desce o menino a montanha, atravessa o mundo todo, chega ao grande rio, com as mãos recolhe quanta de água lá cabia, volta o mundo atravessar, pelo monte se arrasta, três gotas que lá chegaram, bebeu-as a flor com sede. Vinte vezes cá e lá… Mas a flor aprumada já dava cheiro no ar, e como se fosse uma grande árvore deitava sombra no chão. O menino adormeceu debaixo da flor. Passaram as horas, e os pais, como é costume nestes casos, começaram a afligir-se muito. Saiu toda a família e mais vizinhos à busca do menino perdido. E não o acharam. Correram tudo, já em lágrimas tantas, e era quase sol-pôr quando levantaram os olhos e viram ao longe uma flor enorme que ninguém se lembrava que estivesse ali. Foram todos de carreira, subiram a colina e deram com o menino adormecido. Sobre ele, resguardando-o do fresco da tarde, estava uma grande pétala perfumada…


Este menino foi levado para casa, rodeado de todo o respeito, como obra de milagre. Quando depois passava pelas ruas, as pessoas diziam que ele saíra da aldeia para ir fazer uma coisa que era muito maior do que o seu tamanho e do que todos os tamanhos. Este era o conto que eu queria contar. Tenho muita pena de não saber escrever histórias para crianças. Mas ao menos ficaram sabendo como a história seria, e poderão contá-la doutra maneira, com palavras mais simples do que as minhas, e talvez mais tarde venham a saber escrever histórias para crianças… 

Quem sabe se um dia virei a ler outra vez esta história, escrita por ti que me lês, mas muito mais bonita?...


José Saramago. A maior flor do mundo. Ilustrações de André Letria. 
 Fundação José Saramago. 2013.