Para esta entrevista
escolhi a Diana, porque tenho um carinho especial por ela, pois já me acompanha
há algum tempo. A Diana é uma pessoa divertida, exigente, carinhosa e inteligente.
A Diana tem 39 anos e nasceu em Forjães. Foi criada no seio de uma família
numerosa, com muitos tios/primos/as, no entanto, o núcleo familiar mais próximo
é composto apenas pela sua mãe, pai, irmão, cunhada e sobrinho. Os seus pais
eram professores e já estão reformados, neste momento. A Diana é casada, não
tem filhos e, após ter frequentado e concluído dois cursos universitários em
áreas bastante distintas, atualmente trabalha em Forjães, numa empresa têxtil
familiar chamada ETFOR.
Miguel: Qual é o teu nome completo e a tua data de nascimento?
Diana: O meu nome é Diana Nair Castelo Lima da Silva Martins e nasci no dia 24
de Março de 1982.
Miguel: Como era a Diana em criança?
Diana: Em criança, eu era muito reguila, muito irrequieta e gostava muito de
brincar. Nos intervalos da escola, andava sempre a brincar com os rapazes, ou
em grupos mistos, em que fazíamos vários tipos de jogos, as vezes até jogos
tradicionais, e também jogávamos à bola; raramente me juntava a grupos apenas
de meninas, que só queriam jogar “as casinhas”.
Em casa ou nas
reuniões de família, também sempre fui muito ativa e adorava estar envolvida em
tudo, gostava muito de estar com os meus primos, ir para casa dos meus avós e
era habitual acompanhar os meus tios nos trabalhos do campo durante as férias
de Verão.
Miguel: Gostavas de estudar, eras boa aluna?
Diana: Apesar de ter muita energia, e por vezes até fazer alguma asneira, na
escola eu era muito aplicada, muito responsável e participativa, e era boa
aluna. Na primária, a professora usava-me como exemplo para motivar outros
colegas e até me dizia para me sentar ao lado de alguns deles para trabalharmos
em conjunto e, assim, tentar ajudá-los a melhorar.
No 2 e 3 ciclo, também
continuei a ser empenhada nos estudos, fazia sempre os meus trabalhos de casa,
estudava bastante para acompanhar as matérias e estar mais preparada para os
testes.
Miguel: O facto de teres pais professores eram mais exigentes contigo?
Diana: Não penso que os meus pais fossem demasiado exigentes comigo, nem sequer
que fossem mais exigentes que os pais dos meus colegas pelo facto de serem
professores. Os pais querem sempre o melhor para os filhos, como é óbvio, e no
meu caso, ao serem professores, talvez identificassem mais facilmente as minhas
capacidades e, por isso incentivam-me a dar o melhor de mim.
Na verdade, eu era uma
privilegiada, pois como a minha mãe e o meu pai eram professores naquela
escola, os restantes professores, funcionários e alunos tinham para comigo um
grande sentido de proteção e um grande companheirismo.
Miguel: Qual era a tua disciplina preferida?
Diana: Sinceramente, eu não tinha nenhuma disciplina preferida; gostava de
várias disciplinas. Uma disciplina que sempre gostei foi Matemática, mas mais
tarde também gostava bastante de Inglês, de Ciências e de Educação Física, por
exemplo. Nunca foi muito ligada apenas a uma área de saber, interessava-me pelo
saber e pelo conhecimento em geral, pois ainda hoje considero que para sermos
completos e para darmos resposta às solicitações do dia-a-dia, seja em termos
profissionais como pessoais e até sociais, devemos ser polivalentes e ter uma
cultura geral abrangente.
Miguel: Qual é a tua formação?
Diana: Sou licenciada em Ensino Básico do 1ºCiclo e, mais tarde, licenciei-me
também em Gestão Bancária e Seguros, frequentando este curso no regime Pós-
Laboral, pois já estava a trabalhar. Ao longo da nossa vida surgem sempre
desafios que nos fazem querer saber mais ou que nos forçam a continuar a
estudar e isso não é necessariamente mau, pois traz-nos mais conhecimentos e
até a atualização de outros conhecimentos que já tínhamos adquirido.
Miguel: Porque é que escolheste essa área?
Diana: Quando era criança, talvez por ter os dois pais professores e por me dar
bem com as outras crianças da minha idade ou mais novas, sempre sonhei ser
professora. Na minha adolescência, continuava com esse sonho, mas aos poucos a
minha mãe foi tentando demover-me de seguir essa profissão, pois já se começava
a sentir nas escolas um excesso de oferta de professores e já se colocava o
problema de, no futuro, poder vir a não ter colocação numa escola.
Infelizmente, a minha
mãe tinha razão e logo no início do meu percurso senti as dificuldades de
tentar ingressar na carreira de professora, comecei a trabalhar a tempo inteiro
num centro de estudos e explicações, mas mais tarde passei para outro centro de
estudos, apenas em part-time.
Durante esse ano
percebi que para tentar ter alguma estabilidade financeira, não poderia
continuar por muito mais tempo a trabalhar apenas em part-time e, não sendo pessoa de baixar os braços, voltei a
concorrer para o ensino universitário, desta vez no regime Pós-Laboral e
ingressei no curso de Licenciatura em Gestão Bancária e Seguros, no IPCA –
Instituto Politécnico do Cávado e do Ave. Terminei este curso em 2014, tendo o
reconhecimento do meu trabalho árduo e dedicação com a atribuição, por parte do
Conselho Geral, de um Prémio de Mérito Escolar por ser a melhor aluna do curso
daquele instituto politécnico.
Hoje em dia, estou a
trabalhar em funções mais ligada à Gestão, mas não na área da Banca nem dos
Seguros, e também não abdico de fazer, quase como um hobby, algo ligado à
Educação que é acompanhar alunos no seu percurso escolar. São duas coisas que
não estão nada relacionadas, mas que acabam por aligeirar o stress uma da
outra.
Miguel: Qual foi o momento mais marcante na tua vida até hoje? Porquê?
Diana: Depende da interpretação que fizer de momento marcante, pois temos
momentos que nos marcam pela positiva e outros pela negativa… Ao pensar pela
vertente positiva, há algo que me vem logo ao pensamento, que é o dia do meu
casamento, porque para além de ser algo com que sempre sonhei, foi mágico,
espetacular, correu tudo muito bem e estava rodeada de família e amigos. Também
me ocorre o nascimento do meu sobrinho, que é o único sobrinho de sangue que
tenho, e recordo que foi um momento encantador pegar nele tão pequenino e tem
continuado a ser especial fazer parte do crescimento dele, talvez também por
não ter filhos.
Como momento ou
momentos marcantes pela negativa ,obviamente são as mortes dos meus avós, pois
eram pessoas que estiveram sempre muito presentes ao longo da minha vida e que
sempre foram muito importantes para mim.
Miguel: Sei que trabalhas numa grande empresa, qual a tua função?
Diana: Sim, é verdade. Trabalho na ETFOR – Empresa Têxtil de Forjães, como já
referi há pouco em funções mais ligadas à Gestão, nomeadamente Gestão da
Produção e Gestão de Clientes, na sua marca própria de roupa para criança - a
PLAY UP. É realmente uma empresa grande, tanto na infraestrutura, que cresceu
para o triplo nos últimos anos, mas também pelo volume de negócios anual e pelo
número de trabalhadores que emprega, que já deve rondar os 120.
O meu trabalho acaba
por ir um pouco além das funções que indiquei anteriormente pois no setor
têxtil temos que ser polivalentes e as exigências de cada função ultrapassam
amplamente o básico e vais abarcando cada vez mais trabalho.
Miguel: Qual o teu objetivo na vida?
Diana: Não considero que tenha só um objetivo na vida, nem consigo encontrar
uma só resposta para essa pergunta, sinceramente. Acho que ao longo da nossa
vida vamos tendo diferentes objetivos, consoante a idade, o nosso percurso,
aquilo que vamos conseguindo alcançar e então vamos concretizando uns e desejando
alcançar novos objetivos que provavelmente nunca tínhamos pensado antes.
A nível profissional,
é claro que gostava de ter um cargo melhor na empresa em que trabalho ou quem
sabe até, finalmente, conseguir colocação numa escola e a partir daí ter
estabilidade nessa profissão.
A nível pessoal, já
estou casada, conseguimos construir uma casa, tenho o meu núcleo familiar mais
próximo junto a mim, tenho bons amigos, bons colegas, por isso só posso pedir
que se não poder ser melhor, pelo menos continue assim por muito tempo. A única
coisa que ainda posso ambicionar é ter filhos, que é algo que achei que iria
acontecer mais cedo, mas que nunca se proporcionou.
Miguel: Obrigado pela participação nesta entrevista e pelo tempo dispensado,
pois foi muito gratificante para mim.
Diana: Obrigada, Miguel, por me teres escolhido para esta entrevista. É um
privilégio para mim.
A Diana sempre foi uma
pessoa divertida, dinâmica, empenhada, com grande dedicação nos desafios que
assume e com um grande encanto pelo ensino desde criança. Sempre sonhou ser
professora, mas a dificuldade em arranjar colocação colocou esta vertente
profissional em segundo plano e forçou-a a frequentar outro curso para ter
outras perspetivas de emprego. Apesar de não estar a lecionar e de se enquadrar
bem nas funções que desempenha na empresa em que trabalha, sente que a sua
verdadeira vocação é, sem dúvida, o ensino.
Já conquistou
bastantes objetivos na vida, mas considera que muitos mais há a atingir,
estejam já traçados ou venham ainda a surgir.
Miguel Gonçalves, 6ºFA
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