sexta-feira, 5 de novembro de 2021

Entrevista (III)


Para esta entrevista escolhi a Diana, porque tenho um carinho especial por ela, pois já me acompanha há algum tempo. A Diana é uma pessoa divertida, exigente, carinhosa e inteligente. A Diana tem 39 anos e nasceu em Forjães. Foi criada no seio de uma família numerosa, com muitos tios/primos/as, no entanto, o núcleo familiar mais próximo é composto apenas pela sua mãe, pai, irmão, cunhada e sobrinho. Os seus pais eram professores e já estão reformados, neste momento. A Diana é casada, não tem filhos e, após ter frequentado e concluído dois cursos universitários em áreas bastante distintas, atualmente trabalha em Forjães, numa empresa têxtil familiar chamada ETFOR.

 Miguel: Qual é o teu nome completo e a tua data de nascimento?  

Diana: O meu nome é Diana Nair Castelo Lima da Silva Martins e nasci no dia 24 de Março de 1982.
 
 Miguel: Como era a Diana em criança?
 Diana: Em criança, eu era muito reguila, muito irrequieta e gostava muito de brincar. Nos intervalos da escola, andava sempre a brincar com os rapazes, ou em grupos mistos, em que fazíamos vários tipos de jogos, as vezes até jogos tradicionais, e também jogávamos à bola; raramente me juntava a grupos apenas de meninas, que só queriam jogar “as casinhas”. 
Em casa ou nas reuniões de família, também sempre fui muito ativa e adorava estar envolvida em tudo, gostava muito de estar com os meus primos, ir para casa dos meus avós e era habitual acompanhar os meus tios nos trabalhos do campo durante as férias de Verão.

 Miguel: Gostavas de estudar, eras boa aluna?

Diana: Apesar de ter muita energia, e por vezes até fazer alguma asneira, na escola eu era muito aplicada, muito responsável e participativa, e era boa aluna. Na primária, a professora usava-me como exemplo para motivar outros colegas e até me dizia para me sentar ao lado de alguns deles para trabalharmos em conjunto e, assim, tentar ajudá-los a melhorar. 
No 2 e 3 ciclo, também continuei a ser empenhada nos estudos, fazia sempre os meus trabalhos de casa, estudava bastante para acompanhar as matérias e estar mais preparada para os testes.

 Miguel: O facto de teres pais professores eram mais exigentes contigo?

Diana: Não penso que os meus pais fossem demasiado exigentes comigo, nem sequer que fossem mais exigentes que os pais dos meus colegas pelo facto de serem professores. Os pais querem sempre o melhor para os filhos, como é óbvio, e no meu caso, ao serem professores, talvez identificassem mais facilmente as minhas capacidades e, por isso incentivam-me a dar o melhor de mim. 
Na verdade, eu era uma privilegiada, pois como a minha mãe e o meu pai eram professores naquela escola, os restantes professores, funcionários e alunos tinham para comigo um grande sentido de proteção e um grande companheirismo.

 Miguel: Qual era a tua disciplina preferida?

Diana: Sinceramente, eu não tinha nenhuma disciplina preferida; gostava de várias disciplinas. Uma disciplina que sempre gostei foi Matemática, mas mais tarde também gostava bastante de Inglês, de Ciências e de Educação Física, por exemplo. Nunca foi muito ligada apenas a uma área de saber, interessava-me pelo saber e pelo conhecimento em geral, pois ainda hoje considero que para sermos completos e para darmos resposta às solicitações do dia-a-dia, seja em termos profissionais como pessoais e até sociais, devemos ser polivalentes e ter uma cultura geral abrangente.

 Miguel: Qual é a tua formação?

Diana: Sou licenciada em Ensino Básico do 1ºCiclo e, mais tarde, licenciei-me também em Gestão Bancária e Seguros, frequentando este curso no regime Pós- Laboral, pois já estava a trabalhar. Ao longo da nossa vida surgem sempre desafios que nos fazem querer saber mais ou que nos forçam a continuar a estudar e isso não é necessariamente mau, pois traz-nos mais conhecimentos e até a atualização de outros conhecimentos que já tínhamos adquirido.

 Miguel: Porque é que escolheste essa área?

Diana: Quando era criança, talvez por ter os dois pais professores e por me dar bem com as outras crianças da minha idade ou mais novas, sempre sonhei ser professora. Na minha adolescência, continuava com esse sonho, mas aos poucos a minha mãe foi tentando demover-me de seguir essa profissão, pois já se começava a sentir nas escolas um excesso de oferta de professores e já se colocava o problema de, no futuro, poder vir a não ter colocação numa escola.
Infelizmente, a minha mãe tinha razão e logo no início do meu percurso senti as dificuldades de tentar ingressar na carreira de professora, comecei a trabalhar a tempo inteiro num centro de estudos e explicações, mas mais tarde passei para outro centro de estudos, apenas em part-time. 
Durante esse ano percebi que para tentar ter alguma estabilidade financeira, não poderia continuar por muito mais tempo a trabalhar apenas em part-time e, não sendo pessoa de baixar os braços, voltei a concorrer para o ensino universitário, desta vez no regime Pós-Laboral e ingressei no curso de Licenciatura em Gestão Bancária e Seguros, no IPCA – Instituto Politécnico do Cávado e do Ave. Terminei este curso em 2014, tendo o reconhecimento do meu trabalho árduo e dedicação com a atribuição, por parte do Conselho Geral, de um Prémio de Mérito Escolar por ser a melhor aluna do curso daquele instituto politécnico. 
Hoje em dia, estou a trabalhar em funções mais ligada à Gestão, mas não na área da Banca nem dos Seguros, e também não abdico de fazer, quase como um hobby, algo ligado à Educação que é acompanhar alunos no seu percurso escolar. São duas coisas que não estão nada relacionadas, mas que acabam por aligeirar o stress uma da outra.

 Miguel: Qual foi o momento mais marcante na tua vida até hoje? Porquê?

Diana: Depende da interpretação que fizer de momento marcante, pois temos momentos que nos marcam pela positiva e outros pela negativa… Ao pensar pela vertente positiva, há algo que me vem logo ao pensamento, que é o dia do meu casamento, porque para além de ser algo com que sempre sonhei, foi mágico, espetacular, correu tudo muito bem e estava rodeada de família e amigos. Também me ocorre o nascimento do meu sobrinho, que é o único sobrinho de sangue que tenho, e recordo que foi um momento encantador pegar nele tão pequenino e tem continuado a ser especial fazer parte do crescimento dele, talvez também por não ter filhos. 
Como momento ou momentos marcantes pela negativa ,obviamente são as mortes dos meus avós, pois eram pessoas que estiveram sempre muito presentes ao longo da minha vida e que sempre foram muito importantes para mim.

 Miguel: Sei que trabalhas numa grande empresa, qual a tua função?

Diana: Sim, é verdade. Trabalho na ETFOR – Empresa Têxtil de Forjães, como já referi há pouco em funções mais ligadas à Gestão, nomeadamente Gestão da Produção e Gestão de Clientes, na sua marca própria de roupa para criança - a PLAY UP. É realmente uma empresa grande, tanto na infraestrutura, que cresceu para o triplo nos últimos anos, mas também pelo volume de negócios anual e pelo número de trabalhadores que emprega, que já deve rondar os 120. 
O meu trabalho acaba por ir um pouco além das funções que indiquei anteriormente pois no setor têxtil temos que ser polivalentes e as exigências de cada função ultrapassam amplamente o básico e vais abarcando cada vez mais trabalho.

 Miguel: Qual o teu objetivo na vida?

Diana: Não considero que tenha só um objetivo na vida, nem consigo encontrar uma só resposta para essa pergunta, sinceramente. Acho que ao longo da nossa vida vamos tendo diferentes objetivos, consoante a idade, o nosso percurso, aquilo que vamos conseguindo alcançar e então vamos concretizando uns e desejando alcançar novos objetivos que provavelmente nunca tínhamos pensado antes. 
A nível profissional, é claro que gostava de ter um cargo melhor na empresa em que trabalho ou quem sabe até, finalmente, conseguir colocação numa escola e a partir daí ter estabilidade nessa profissão. 
A nível pessoal, já estou casada, conseguimos construir uma casa, tenho o meu núcleo familiar mais próximo junto a mim, tenho bons amigos, bons colegas, por isso só posso pedir que se não poder ser melhor, pelo menos continue assim por muito tempo. A única coisa que ainda posso ambicionar é ter filhos, que é algo que achei que iria acontecer mais cedo, mas que nunca se proporcionou.

 Miguel: Obrigado pela participação nesta entrevista e pelo tempo dispensado, pois foi muito gratificante para mim.

Diana: Obrigada, Miguel, por me teres escolhido para esta entrevista. É um privilégio para mim.

A Diana sempre foi uma pessoa divertida, dinâmica, empenhada, com grande dedicação nos desafios que assume e com um grande encanto pelo ensino desde criança. Sempre sonhou ser professora, mas a dificuldade em arranjar colocação colocou esta vertente profissional em segundo plano e forçou-a a frequentar outro curso para ter outras perspetivas de emprego. Apesar de não estar a lecionar e de se enquadrar bem nas funções que desempenha na empresa em que trabalha, sente que a sua verdadeira vocação é, sem dúvida, o ensino. 
Já conquistou bastantes objetivos na vida, mas considera que muitos mais há a atingir, estejam já traçados ou venham ainda a surgir.

 Miguel Gonçalves, 6ºFA            

Sem comentários:

Enviar um comentário