sexta-feira, 26 de novembro de 2021

Exposição - Patrimónios emersos e submersos" e "Do Local ao Global"

A paisagem envolve-nos, faz parte do que somos. É nela que se constroem os elementos naturais, humanos, patrimoniais do que é um espaço de vida. O natural e o histórico confluem pela ação da natureza e pelas transformações ocorridas no tempo humano. A geografia tende a perseverar nos seus elementos físicos a ação humana. Embora nem sempre tomemos nota disso o local é o lugar onde o global descreve ações que nos influenciam e com as quais formalizamos formas de ser e de viver.

No forte de São João Batista, em Esposende está presente uma exposição designada "Patrimónios emersos e submersos" e "Do local ao Global". Nela se pode ver um conjunto de artefactos em materiais diversos que no inverno de 2014 deram à costa, a norte de Esposende, na localidade de Belinho.

Os destroços pertencem a um navio holandês do século XVI e entre eles encontraram-se pratos em latão, pratos de baixela em estanho, balas de vários calibres  e pedra vulcânica usada para o lastro da embarcação (o que permitia equilibrar os barcos no mar aberto). Encontram-se ainda pratos de Nuremberga, produzidos na Bélgica e que eram usadas nas igrejas  portuguesas nessa época. 

Os achados têm sido trabalhados por uma equipa multidisciplinar e teve a excelente colaboração de algumas pessoas locais que encaminharam as descobertas, de modo a que um estudo exaustivo fosse possível ser feito. Foi esta exposição que os alunos do 8.º FB foram visitar hoje, na qual mostraram uma excelente participação pela atitude e curiosidade reveladas.

A exposição contempla ainda  uma pequena mostra do percurso da primeira viagem de circum-navegação realizada por Fernão de Magalhães. Está integrada na comemoração dos quinhentos anos, de uma aventura marítima extraordinária, para o conhecimento do mundo e da ideia de um único oceano no planeta.

O mar é em Esposende um dos seus elementos mais marcantes e da relação que manteve ao longo dos séculos com a organização humana e espaço natural. O mar de Esposende e a sua costa já tinham assinalado fragmentos de ânforas romanas, datadas do século I, o que coloca em questão muita da ideia historiográfica que os romanos apenas se teriam concentrado no Mediterrâneo e que as trocas comercias não teriam chegado ao Atlântico. 

A exposição revela materiais de um grande alcance cultural, tratando-se na verdade de um tesouro, que está a ser muito bem cuidado e organizado para a partilha necessária na memória coletiva. Com ela exprime-se de modo eloquente as potencialidades do local para o conhecimento do global, a experiência humana história, como elemento de um património humano e essa ideia dos romanos que somos pontos de um universo em construção, os sinais herdados no futuro.

Da visita a esta exposição resultarão alguns produtos realizados em contexto escolar que serão mais tarde revelados.

Imagens: Da exposição no Farol de Esposende / da apresentação pública de algumas peças (novembro de 2014).

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