"O vento sopra contra as janelas fechadas
Na planície imensa, Na planície absorta,
Na planície que está morta.
E os cabelos do ar ondulam loucos
Tão compridos que dão a volta ao mundo.
Sento-me ao lado das coisas...
E bordo toda a noite a minha vida.
Aqueles dias tecidos
Que tinham um ar de fantasia
Quando vieram brincar dentro de mim.
E o vento contra as janelas
Faz-me pensar que eu talvez seja um pássaro.
"O vento", in Obra Poética / Sophia de Mello Breyner Andresen. Alfragide: Caminho: 1999.
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