“Os cientistas dizem que somos feitos de átomos, mas um passarinho me contou que somos feitos de histórias.” (Eduardo Galeano, Os filhos dos dias.)
No ano em que se tenta incentivar um caminho de biblioteca escolar feito de descobrir caminhos e de promoção da saúde e do bem-estar parece muito adequado discutir essa ideia de Eduardo Galeano, matéria ou espírito, átomos ou histórias, como o sinal mais intenso e interno de uma respiração.
As bibliotecas escolares, como as outras podem ser muitas coisas, mas são antes de tudo o mais essa celebração das palavras. Elas não são apenas a imaginação de um possível, o que já é muito, mas são igualmente a experimentação de uma emoção nas narrativas e nos sonhos dos outros. Conhecê-los significa estar disponível para o reconhecimento da diversidade e das necessidades dos outros. É ver a multiplicidade e encontrar inspiração em pessoas concretas, num mundo real.
As histórias estão no início de tudo. Estão antes da própria História enquanto sociedade moldada por uma memória escrita e por símbolos de organização. As histórias são a existência de uma respiração inicial, do primeiro homem, da sua experiência e dos seus encontros. Em cada descoberta se encontrou uma história de afirmação de pessoas e grupos.
As histórias nasceram nos pontos em que cada ouve o que o outro tem para dizer, para comunicar, para anunciar, para solicitar como incentivo, ou como pedido de ajuda. Permanece a pergunta.Somos feitos de histórias ou de átomos?
Na sua expansão de matéria, no nascimento de um espaço, de um lugar pequenas histórias se levantaram. O que é toda a história da literatura e da arte senão uma longa enciclopédia colorida de histórias? O que fazem as histórias?
As histórias não prolongam a realidade, não a assumem como um movimento definido de matéria. Pretendem antes transformá-la, escutando o passado para imaginar outros presentes. As histórias são as mais sábias formas de romper a resignação do mundo e de sonhar um outro possível, uma outra linha de histórias, diversas como as pessoas. A qualidade da experiência da vida depende das histórias num mundo marcado pelo domínio das coisas.
As palavras não são objetos ,nem sobrevivem como tal. São a respiração de uma voz, a liberdade de uma voz humana e é dessa importante lembrança que são feitas as histórias. Deixamos a pergunta que Eduardo Galeano assumiu como uma certeza. Somos feitos de histórias ou de átomos? Se alguém quiser adiantar uma ideia...
Imagem: Copyright - Suren Nerssisyan
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