quinta-feira, 5 de novembro de 2020

Minutos de leitura

 

Ultrapassadas as desagradáveis barbas da boca, entrei no salão de honra da baleia-azul, bastante confortável. Todo pintado de cor-de-rosa, tinha uma ampla janela aberta ao nível da menina-do-olho e foi através dela que eu pude observar algumas das maravilhas do mundo submarino. Vi, por exemplo, dois tubarões-tigres que nos seguiram durante algum tempo. Ameaçadores, eles rondaram o corpanzil da baleia-azul, mas os dois roncos surdos que ela largou foram suficientes para os afastar. Ninguém brinca com uma baleia-azul, nem sequer o tubarão tigre!
Chegados aos arrabaldes da cidade de Nacar, a baleia-azul fez-me descer numa espécie de estufa de vidro.

- Sabes - disse ela -, não posso pousar na cidade devido ao meu tamanho. Sou assim uma espécie de Jumbo Jet dos mares, especialista em percorrer grandes distâncias. Tu vais aguardar aqui a chegada de uma tritonave que te vai transportar ao centro da cidade. Adeus. Félix, boa sorte.

Enquanto esperava a chegada da tritonave eu observei o aspecto exterior de Nacar: era soberba, a cidade! Vista à distância, ela recordava-me vagamente um navio voador que tivesse pousado por acaso no fundo do mar. Vi aproximar-se um objecto que navegava a grande velocidade. Pousou sobre o telhado de vidro da estufa onde eu estava instalado, fez descer uma mangueira de sucção e senti-me aspirado por uma espécie de aspirador gigante.

O Búzio de Nacar / Carlos Correia; il. Henrique Cayatte. Alfragide: Caminho, 1986.
Imagem: Copyright -  Astronoy LÇessons

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