Fernão Capelo Gaivota durante os dias seguintes tentou comportar-se como as outras gaivotas; ele tentou mesmo, guinchando e lutando com o bando à volta dos cais e dos barcos de pesca, mergulhando sobre restos de peixe e de pão. Mas não conseguia que isso resultasse.
"É tudo tão inútil", pensou, largando deliberadamente aos pés de uma velha gaivota faminta, que o perseguia, uma anchova conquistada com dificuldade. "Podia estar a usar todo este tempo para aprender a voar. Há tanto para aprender!"
Não demorou muito até Fernão Capelo Gaivota estar novamente sozinho, bem longe, no mar alto, com fome, feliz, a aprender.
O tema era a velocidade e numa semana de prática ele aprendeu mais sobre isso do que a mais rápida gaivota viva.
A trezentos metros de altitude, a bater as asas tão depressa quanto conseguia, ele impulsionou-se para um vertiginosa mergulho em direção às ondas e aprendeu porque é que as gaivotas não fazem mergulhos vertiginosos. Em apenas seis segundos atingiu os cento e dez quilómetros por hora, a velocidade a que as asas se tornam instáveis quando sobem.
Aconteceu vezes sem conta. Mesmo sendo tão cuidadoso e a trabalhar com o máximo da sua habilidade, perdia sempre o controlo a alta velocidade.
Fernão Capelo Gaivota / Richard Bach. Alfragide: Lua de Papel, 2018.
Imagem: Copyright - Nova Acrópole
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