quinta-feira, 12 de novembro de 2020

Minutos de leitura

"No rochedo mais alto de uma minúscula ilha
nos confins do mundo, ergue-se um farol.
Foi construído para durar para sempre,
alumiando o mar com a sua luz,
guiando os navios que passam.

Do crepúsculo ao amanhecer, o farol relampeja.
   Olá!
      ...Olá!
          ... Olá!
             ... Olá, Farol!

Chega o novo faroleiro para substituir o antigo
e continuar a cuidar da luz.
Ele limpa as lentes e acrescenta petróleo
e apara a ponta queimada do pavio.
Durante a noite, dá corda ao mecanismo
que mantém o candeeiro em movimento.
Durante o dia, pinta as divisões redondas
com tinta verde-mar.
Ele escreve no diário do farol, cose à mão
e escuta o vento que se levanta lá fora.

O vento inspira fundo e sopra e sopra.

Olá!
   ...Olá!
       ...Olá!

O faroleiro ferve água e bebe o seu chá,
enquanto, da janela, pesca bacalhau.
Ele põe a mesa e trauteia uma música
e anseia por ter alguém com quem conversar.

Quando a saudade aperta, escreve-lhe uma carta
e lança-a às ondas.
Ele cuida da luz, escreve no diário do farol
e aguarda pela resposta dela.

O céu escure, e as ondas agiganta-se e rebentam.
Olá!
   ...Olá!
       ...Olá!"

Olá, Farol! / Sophie Blackall. Amadora: Fábula, 2019

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