"Quando ela come cerejas,
Daquelas gordas, vermelhas,
Põe sempre quatro ou cinco,
Como se fossem um brinco,
A enfeitar as orelhas!
(Eu sei, eu sei... A minha mãe,
às vezes, parece uma criança!)
Vê como o Ginkgo biloba se abana
Com as suas folhas em leque,
Antes mesmo de florir...
Será apenas por vaidade
Ou será porque a temperatura
Já começou a subir?
Figo roxo, figo preto,
Figo preto, figo lampo,
Meu gifo pingo de mel,
Figo do meu encanto.
Conta-me de onde nasces tu,
De que paixão, de que amores,
De que mistérios da terra,
Se a tua mãe, a figueira,
Diz o povo, não dá flores.
- As flores que a minha mãe dá,
Guardo-as eu dentro de mim,
E sempre que tu me provas
Eu ofereço-te a doçura
De um perfumado jardim."
"Cerejas", Ginkgo biloba", "Figos", in As quatro estações do ano / Manuela Leitão, il. Catarina Correia Marques. Lisboa: Máquina de voar.
Imagem: Copyright - Nur Eser; The incredible Seed Company; Art Finder
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