terça-feira, 16 de junho de 2020

Minutos de leitura (XXXIX)

 

"Quando ela come cerejas,
Daquelas gordas, vermelhas,
Põe sempre quatro ou cinco,
Como se fossem um brinco,
A enfeitar as orelhas!

(Eu sei, eu sei... A minha mãe,
às vezes, parece uma criança!)




Vê como o Ginkgo biloba se abana
Com as suas folhas em leque,
Antes mesmo de florir...

Será apenas por vaidade
Ou será porque a temperatura
Já começou a subir?




Figo roxo, figo preto,
Figo preto, figo lampo,
Meu gifo pingo de mel,
Figo do meu encanto.

Conta-me de onde nasces tu,
De que paixão, de que amores,
De que mistérios da terra,
Se a tua mãe, a figueira,
Diz o povo, não dá flores.

- As flores que a minha mãe dá,
Guardo-as eu dentro de mim,
E sempre que tu me provas
Eu ofereço-te a doçura
De um perfumado jardim."

"Cerejas", Ginkgo biloba", "Figos", in As quatro estações do ano / Manuela Leitão, il. Catarina Correia Marques. Lisboa: Máquina de voar. 
Imagem: Copyright - Nur Eser; The incredible Seed Company; Art Finder                                                                                     

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