quinta-feira, 4 de junho de 2020

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A Civilização Grega - A educação 

 A educação como a conhecemos hoje com a construção de um sistema educativo que proporcione a formação dos jovens para a participação na sociedade é mais uma ideia grega. Claro que para os gregos a preocupação era a formação dos cidadãos para o governo da pólis. Não tendo muitos habitantes da Grécia a possibilidade de participar nesse governo a ideia era mais limitada, mas não deixa de ser uma ideia profundamente original. A escola é assim uma criação grega, um instrumento para preparar melhor as pessoas para a sua vida futura.

A educação na Grécia tinha um objetivo primordial que seria desejável que ainda hoje se desejasse a sua concretização, a de formar uma pessoa íntegra, com um personalidade exemplar. A educação grega procurava organizar-se na formação e disciplina do corpo e do espírito. A educação grega não pretendia apenas ensinar assuntos ou "coisas" importantes. Pretendia que o jovem tivesse um desenvolvimento harmonioso de aspetos tão diversos como os elementos físicos do seu corpo, ou as suas capacidades intelectuais, artísticas e morais.

A educação dos rapazes e das raparigas era muito diversa. Vejamos as principais diferenças:
1. A educação dos rapazes - esta era dividida em cinco fases:
  • Até aos sete anos de idade - nesta fase a educação entre rapazes e raparigas divergia pouco. Aquela estava a cargo da mãe e o espaço onde isso acontecia era o gineceu. As preocupações por formar um jovem com qualidades e virtudes já se inicia nesta fase, pois ela atravessa toda a educação grega.
  • Entre os sete e os catorze anos - nesta fase os rapazes abandonam o espaço familiar do gineceu e entram na escola. Os alunos eram orientados por um "pedagogo" que introduzia aqueles na recitação de poemas, nomeadamente os homéricos: a Ilíada e a Odisseia. Era nestes poemas que eram exercitados valores de conduta e era neles que aprendiam a ler e a escrever. Os rapazes nesta fase eram também introduzidos no estudo da música e da álgebra.
  • Entre os catorze e os dezoito anos - nesta fase os rapazes abandonavam a escola e entravam no ginásio. Estes, eram espaços de aprendizagem e exercitação do corpo e do espírito. A matemática, o raciocínio lógico, a preparação física eram atividades complementares e que buscavam a educação mais completa possível para os jovens.
  • Entre os dezoito e os vinte anos - nesta fase os jovens recebiam preparação física adequada para a utilização das diferentes armas e ser possível, em caso de necessidade participarem na guerra, na defesa da pólis.
  • A partir dos vinte anos - nesta fase os rapazes  ascendiam à possibilidade de participarem na vida da pólis como cidadãos. Com a organização dos espaços públicos e em particular da ágora,  falar em público com os mais velhos, nomeadamente os filósofos era outro modo de melhorar a sua educação pela troca e discussão de ideias. A completar esta formação é importante referir que o teatro com as suas representações de tragédias e comédias formava do ponto de vista cívico o jovem adulto.
2. A educação das raparigas 
Esta era muito diferente e não tinha uma estruturação de tarefas em função da idade. Na verdade, a educação das raparigas não assumia as formas da dos rapazes. A educação das raparigas era estritamente feita em casa. Era a mãe que realizava a educação das raparigas, no espaço da casa a isso destinado, o gineceu. A aprendizagem baseava-se muito nas tarefas caseiras do quotidiano. A independência das raparigas era inexistente e na verdade não entravam no espaço público e estavam muito dependentes da família em jovens e do marido quando casadas. 
A democracia ateniense acabou por ser limitada em muitas áreas e esta, a da educação foi uma delas, pois os gregos consideravam essencial separar numa pessoa os espaços públicos, dos familiares, como condição para a participação na administração da pólis.
 
Imagem: Copyright - Cerâmica ática - séc. V a.C. - Berlin Staalitche Meseen

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