A Civilização Grega - o belo como representação (VII)
O ideal de belo dominou a arte e a
Civilização gregas. A beleza é uma ideia, uma abordagem de valores e uma
representação. Não se pode falar dela sem falar naqueles que pensaram o seu
sentido, as suas possibilidades, as suas possíveis faces, os filósofos. Se para
os poetas pré-Homéricos o mar e a mulher constroem a associação com o que é
belo e se com Homero é o natural que se associa à beleza, é com Sócrates e
Platão que vemos essa construção melhor se definir.
Sócrates, de acordo com o seu
testemunho em Memorabilia de Xenofonte define a praxis artística em três
categorias: a beleza ideal (identificada pelas suas diferentes partes), a
beleza espiritual (exprimida pelo olhar e reveladora da
alma humana, visível nas esculturas, onde os olhos eram pintados para serem mais
verdadeiros) e a beleza útil (a que se torna funcional).
Em Platão encontramos duas
concepções da beleza que se desenvolverão ao longo da História do Ocidente por
muitos séculos. Justamente a beleza como harmonia e proporção das partes e a beleza como esplendor. Para Platão a beleza não é algo que exista em si, como um elemento físico.
Ela existe autonomamente, distinta do suporte físico. Em Platão a beleza não
está vinculada a um determinado objeto, ela apresenta-se brilhante em qualquer
lado.
A beleza não se
identifica com o que se vê, pois o corpo é para Platão uma prisão, uma caverna
que aprisiona a alma. Assim o belo necessita de uma aproximação sensível e deve
ultrapassar a visão do intelecto. Para Platão a observação das artes imitativas
torna-se prejudicial para os jovens porque lhes cultiva uma aparência. O
essencial para a compreensão e acesso ao belo seria proporcionar a beleza das
obras geométricas que se baseia na proporção e numa concepção matemática do
universo. Estas ideias irão influenciar o pensamento dos pitagóricos, que na
Grécia foram muito importantes não só na filosofia, como na área da matemática.
Imagem: Afrodite de
Cápua: Escultura do período clássico (século IV a.C,) aqui como cópia romana do
século II; Museu Arqueológico Nacional de Nápoles.
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