sexta-feira, 19 de junho de 2020

Biblio@rs (XVIII-XVIII)


A Civilização Grega - o belo como representação (VII)


O ideal de belo dominou a arte e a Civilização gregas. A beleza é uma ideia, uma abordagem de valores e uma representação. Não se pode falar dela sem falar naqueles que pensaram o seu sentido, as suas possibilidades, as suas possíveis faces, os filósofos. Se para os poetas pré-Homéricos o mar e a mulher constroem a associação com o que é belo e se com Homero é o natural que se associa à beleza, é com Sócrates e Platão que vemos essa construção melhor se definir.
Sócrates, de acordo com o seu testemunho em Memorabilia de Xenofonte define a praxis artística em três categorias: a beleza ideal (identificada pelas suas diferentes partes), a beleza espiritual (exprimida pelo olhar e reveladora da alma humana, visível nas esculturas, onde os olhos eram pintados para serem mais verdadeiros) e a beleza útil (a que se torna funcional). 
Em Platão encontramos duas concepções da beleza que se desenvolverão ao longo da História do Ocidente por muitos séculos. Justamente a beleza como harmonia e proporção das partes e a beleza como esplendor. Para Platão a beleza não é algo que exista em si, como um elemento físico. Ela existe autonomamente, distinta do suporte físico. Em Platão a beleza não está vinculada a um determinado objeto, ela apresenta-se brilhante em qualquer lado.

A beleza não se identifica com o que se vê, pois o corpo é para Platão uma prisão, uma caverna que aprisiona a alma. Assim o belo necessita de uma aproximação sensível e deve ultrapassar a visão do intelecto. Para Platão a observação das artes imitativas torna-se prejudicial para os jovens porque lhes cultiva uma aparência. O essencial para a compreensão e acesso ao belo seria proporcionar a beleza das obras geométricas que se baseia na proporção e numa concepção matemática do universo. Estas ideias irão influenciar o pensamento dos pitagóricos, que na Grécia foram muito importantes não só na filosofia, como na área da matemática.

Imagem: Afrodite de Cápua: Escultura do período clássico (século IV a.C,) aqui como cópia romana do século II; Museu Arqueológico Nacional de Nápoles.

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