quinta-feira, 29 de abril de 2021

Escritor do mês (II)

                     "Como se tempo fosse um lugar"


José Saramago acreditava que a memória poderia reconstruir a infância e os passos mais belos do que vivemos e do que fomos em momentos em que de algum modo formamos o que nos pudermos vir a ser. A infância é um território, uma geografia particular, mas sempre um local com características únicas que é a de crescer entre um mundo de adultos que poucas vezes se compreende.

 Ondjaki escreveu um livro que nos dá  essa memória dos dias mais belos, quando o tempo não existia e em que os milagres da fantasia enchiam o coração de possibilidades. Neste pequeno livro as palavras conseguem resgatar esses pontos cardeais, cujos aromas perfumam a infância. Nele descobrimos sempre como a fantasia, nas crianças é uma forma de responder ao segredos do crescimento, às desventuras de um real imenso. 

 Ondjaki escreveu um livro da memória do crescimento em África, concretamente em Luanda, nos anos oitenta, quando a guerra fria colocava outras geografias nos trópicos. É um livro que pelo olhar de uma criança, nos devolve o que no Ocidente há muito perdemos, as ruas como espaços de socialização. A cidade é aqui ainda a personalização das  ruas como espaço de vida e aventura, e as relações humanas eram construídas mais no abraço, que na despedida. 

 Um livro de grande valor humano para a descoberta que "uma casa está em muitos lugares, é uma coisa que se encontra". Livro sobre as geografias do encontro na infância, quando as palavras inventam de outro modo as memórias, entre o silêncio dos sorrisos e o brilho da fantasia. Mesmo sabendo que os unicórnios jamais voltam do tempo, ouvir os seus passos esquecidos é sempre um reconforto.

 Ondjaki escreveu um livro que nos dá  essa memória dos dias mais belos, quando o tempo não existia e em que os milagres da fantasia enchiam o coração de possibilidades. Neste pequeno livro as palavras conseguem resgatar esses pontos cardeais, cujos aromas perfumam a infância. Nele descobrimos sempre como a fantasia, nas crianças é uma forma de responder ao segredos do crescimento, às desventuras de um real imenso. 

 Ondjaki escreveu um livro da memória do crescimento em África, concretamente em Luanda, nos anos oitenta, quando a guerra fria colocava outras geografias nos trópicos. É um livro que pelo olhar de uma criança, nos devolve o que no Ocidente há muito perdemos, as ruas como espaços de socialização. A cidade é aqui ainda a personalização das  ruas como espaço de vida e aventura, e as relações humanas eram construídas mais no abraço, que na despedida. 

 Um livro de grande valor humano para a descoberta que "uma casa está em muitos lugares, é uma coisa que se encontra". Livro sobre as geografias do encontro na infância, quando as palavras reiventam as memórias, entre o silêncio dos sorrisos e o brilho da fantasia. Mesmo sabendo que os unicórnios jamais voltam do tempo, ouvir os seus passos esquecidos é sempre um reconforto.


Os da minha rua / Ondjaki. Alfragide: Caminho. 2015

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