sexta-feira, 25 de março de 2022

A pintura gótica (VI)

 


A pintura gótica evoluiu ao longo dos séculos XIII e XIV. E das influências da arte bizantina ela criou um registo de características próprias que teve em Ducio e sobretudo em Giotto, marcas dessa evolução e transformação na iconografia medieval. Marcas que Simone Martini ou Ambrogio Lorenzetti fizeram evoluir para outras formas de construir a arte gótica.  

O fim do século XIV marca na pintura gótica um movimento de artistas a que se deu o nome de gótico internacional. A fusão das escolas da arte italiana com a do norte da Europa criou esse estilo. Os artistas realizaram viagens por diferentes países europeus, o que permitiu à difusão de ideias e à sua fundição em obras de autores franceses, italianos, ou ingleses, entre outros.

Nesta difusão, a influência de Simone Martini  foi muito importante. O seu trabalho foi realizado em "Itália" em "França" e esteve muito ligado a uma construção do poder aristocrático que as cortes europeias procuram atingir. O naturalismo assumiu uma importância significativa e as ideias originais, diversas da rate gótica do século XIII foram colocadas de lado. Uma das influências de Simone Martini em Inglaterra é o Díptico de Wilton e que é uma obra do final do século XIV e está relacionada com a figura de Ricardo II.

o Díptico de Wilton é uma obra sem autor, não se sabendo a sua autoria ou nacionalidade. Foi realizado em 1395 e representa Ricardo II de Inglaterra ajoelhado perante Nossa senhora e o Menino. A representação é acompanhada de duas figuras da história eclesiástica inglesa. Todos os anjos se fazem acompanhar de uma joia que tem a forma de um veado branco, que era um dos símbolos do próprio rei. Conhecendo-se a história de Ricardo II, o quadro poderia ter funcionado como uma legitimação da monarquia e do seu direito divino. A presença dos três reis magos confirma-se essa ligação do cristianismo à legitimação da monarquia inglesa.

Imagem: O Díptico de Wilton / Anónimo, National Gallery, Londres, c. 1395

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