segunda-feira, 21 de março de 2022

Um poema - Mediterrâneo

O
s mares de Homero deixaram

de trazer, esbeltas, as suas naves
em nome dos sem-nome, continua
por desertos de areia, desertos sem
sentido, continua por rostos no deserto,
os do sem nome ou rosto, continua.
ao fundo do deserto, diz-se gotas de
sangue e grãos de areia, a esfinge
no deserto continua. no verdadeiro
nome do espesso fluido que se diz

vital, em toneladas certas, continua. 

Os divinos moinhos moendo devagar
fina farinha, inúteis mares de pó. 

“Mediterrâneo”, in What’s in a name / Ana Luísa Amaral. – 2ª ed. – Porto : Assírio & Alvim, 2018. – 76, [3] p. ; 21 cm. – (Poesia inédita portuguesa ; 156). 
Imagem: Templo da deusa Atena (pormenor) Partenon, Acrópole de Atenas, séc. V a.C. (imagem © J. P. P.)

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