terça-feira, 7 de abril de 2020

Dias de quarentena - das livrarias

"Quando lemos uma história, nós a habitamos. Ela, mais do que qualquer coisa no mundo, amava o momento em que o livro acabava e a história continuava acontecendo como o sonho mais vívido em sua mente." (A livraria, Penelope Fitzgerald).

Hoje deixamos uma breve texto sobre um livro fascinante sobre as livrarias e esse imaginário, onde a leitura se pode igualmente fazer. Abaixo dele algumas páginas de livrarias que por agora podem ser visitadas online, mas que se recomenda a sua visita quando tal for possível.

As livrarias são espaços de encontro com os livros, com as suas palavras, organizam um depósito de possibilidades e permitem a descoberta de publicações recentes ou mais antigas. São espaços de encontro, de convívio. Algumas são santuários para sentir, espaços por aqueles momentos que soubermos construir, nos momentos de evasão em sedimentos de sonhos. Existem livros memoráveis sobre livrarias. Destaquemos, um, Firmim de Sam Savage.

Firmin é uma comovente alegoria sobre o que significa nascer, crescer e entrar num mundo connosco, com os sonhos para olhar a realidade, vivê-la e se possível transformá-la. Firmin é a alegoria dos sonhadores, dos que acreditam no milagre, em que cada instante novas possibilidades sonham o real, dão-lhe poesia e consistência. Firmin é uma personagem presa num corpo, mas livre no real e no sonho que constrói em cada momento, em cada gesto de sobrevivência, em cada encontro que pela cidade tenta descobrir as cores e os cheiros que o fazem vivo. 

Fimim é uma alegoria sobre como a imaginação, a aventura, o livro pode romper as mais fechadas fronteiras. Processo construído com a participação de cada um numa alegria interior que é também um grande desalento - a natureza humana nos seus conflitos mais difíceis. Escrito por quem conhece a vida pelo lado de fora, dos desenquadrados, dos que renascem em geografias descobertas pela ousadia, pela carência e que fazem dos possíveis encontros, a respiração dos objetos partilhados, do sonho de amar o essencial.

Palavras sobre nós próprios, sobre essa revelação do rosto, do perfume no cabelo, do encontro nas mãos, desse encontro sublime pela beleza, mas também a solidão pelas memórias de crepúsculo, sempre com a energia e o contentamento que a eternidade se faz em cada momento. Sam Savage também é um dos grandes. Aqui em Firmin, um rato nasce numa livraria e com ela se cultiva, sonha e supera os seus momentos de solidão, os seus momentos para se integrar num mundo que seja dele. 

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