segunda-feira, 9 de maio de 2022

O século XX | Picasso e o Cubismo

O século XX, os seus acontecimentos e formas marcaram com extrema violência a vida de milhões de pessoas. A História do século XX não pode ser compreendida sem a Arte, e as formas que ela assumiu. O século passado inaugurou de forma massiva a comunicação como meio de exprimir uma ideia. A pintura deixou de depender da noção clássica dos renascentistas da noção de perspetiva, assim como deixou de representar uma figura ou um quadro natural. O quadro tornou-se a própria realidade.  

Neste sentido a arte em geral e a pintura em concreto poderiam dar a conhecer uma ideia de realidade, uma proposta de sociedade, indicando uma visão do mundo. A perspetiva aparecia como um ponto de observação, dando-nos uma ideia, um quadro, uma descrição do real. Ora, a História do Século XX, pelas suas contradições e angústias mereciam que a perspetiva fosse fragmentada, dividida em secções, como a própria realidade.

A arte e a pintura, em particular deveriam mostrar, revelar a natureza humana nos seus aspetos mais visíveis. O feio, a violência, a realidade sofrida por cidadãos em tão variados locais por onde a Guerra fez as suas vítimas. A vida moderna deveria ser expressa na sua angústia, limitações e estado de caos. A este movimento iniciado em 1908 por Georges Braque e Picasso deu-se o nome de Cubismo.

Foi com Picasso que a ideia da fragmentação da imagem foi levada mais longe. O nome de cubismo vem-lhe da utilização de pirâmides, cubos, cones que utilizava na diferente perspetiva dos objetos. A utilização de máscaras africanas e a utilização das suas cores vivas fez dele um artista muito importante na Arte Europeia e Mundial. Não é excessivo dizer que Picasso é um dos marcos da Arte Ocidental.

Picasso foi um dos artistas mais inovadores do nosso tempo.  A arte de Picasso foi alvo de diferentes metamorfoses, pois passou por contínuas e profundas mudanças. Picasso revelou uma capacidade de invenção de grande significado e a História social do século XX não pode ser estudada sem o recurso aos seus quadros. 

Influenciado pelo pós-impressionismo, evoluiria para a corrente dinamizada por Henri Matisse. Defendia o fim da perspetiva e da profundidade do espaço, apoiando-se numa composição dinâmica. A arte com o cubismo deixou-se de interessar por compreender a realidade ou só fazer o seu retrato, mas o quadro e a arte deveria criar a sua realidade. Apresentar o real de diversos ângulos, com cores chocantes, exprimindo o feio e aquilo que era chocante para a vida humana.

 A arte deveria revelar o caos e a desordem. A 1ª Guerra Mundial mostraria de forma dramática os piores receios do Homem. Com Picasso o cubismo alcançaria a sua expressão máxima. A Arte deveria mostrar à Humanidade como a nossa vida, vivida no curto espaço, faz parte de um movimento maior. O cubismo teve essa ousadia, a de criar um movimento artístico essencial para compreendermos o que foi o século XX.

 Com ele o mundo visual é decomposto em elementos, onde se procura encontrar uma nova forma de exprimir a arte. Para Picasso a realidade tinha de ser observada de todos os ângulos em simultâneo e integrá-la no real. A arte não tem uma visão, não tem uma linha de definição de uma verdade a demonstrar, mas tem uma forma particular que emerge de todos os diferentes aspetos vistos em conjunto. A leitura desse conjunto permite compreender e transformar esse real.

O cubismo não tem um estilo, realiza diferentes experiências, construídas a partir da vivência quotidiana.  O cubismo propôs uma revolução visual e ensinou a sociedade a compreender melhor que formas de quotidiano se organizavam no início do século XX.

  Ele não propôs apenas uma forma diferente de ver a pintura, sugeriu uma nova visão da arte.   O quadro não procurava representar algo, não pretendia fazer uma representação de objetos, mas sim criar a própria realidade. O quadro pintado era a própria realidade.

 Num mundo de caos e violência, o plano da  perspetiva tinha de ser fragmentado, buscando a própria fragmentação da realidade. Foram também nas técnicas, que o cubismo inovou como expressão de arte ao integrar a fragmentação da imagem, a inclusão de palavras, a combinação chocante de cores, a expressão do feio, do horror, na apresentação de uma sociedade em convulsão de valores. O cubismo revelou-nos um mundo de fealdade, um mundo em emergência, em rutura com o século anterior. O cubismo representou um corte absoluto com a arte europeia. Talvez não seja exagero defender com alguns autores de Arte que o cubismo foi o movimento artístico mais importante desde o Renascimento.

                              Família de Saltimbancos / Pablo Picasso, 1905, National Gallery of Art, New York
Garota em frente ao espelho / Pablo Picasso, 1932. Museum pf Modern Art, New York 
Retrato de uma mulher com chapéu / Museum Boijmans van Beuningen, Roterdão.

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