A pintura gótica evoluiu ao longo dos séculos XIII e XIV, tendo as últimas manifestações chegado ao século XV, onde adquiriu características específicas. Encontram-se nessa última fase os trabalhos vindos do norte da Europa, como os Robert Campin, onde o sagrado desce ao mundo real, e os valores religiosos se misturam num grande realismo com o quotidiano. (Robert Campini, Natividade [c. 1425]; A Virgem eo menino diante de um guarda-fogo [c. 1430] e (Jan Van Eyck , A adoração do Cordeiro [c. 1432] e Anunciação [c. 1434/39] são exemplos desse real que desce à pintura e a individualidade dos elementos retratados. A utilização da luz é um dos elementos desse convite do sagrado ao real do vivido por cada um.
Van der Weyden, Van der Goes são outros dos elementos que pertenceram ao gótico de influência nórdica. O naturalismo das representações, com uma grande expressividade no retrato que dá às figuras um plano de destaque são algumas das usas características. (Rogier van der Weyden, A Anunciação [c. 1435], Retrato de uma senhora [c. 1460] e (Hugo van der Goes, O Tríptico Portinari [c.1476], (Hans Menling, Retrato de um homem com flecha [c.1740/75] e /Dieric Bouts, Retrato de um homem [1762] expressam essa nova forma do gótico que se difundiu a norte da Europa.
A última forma do gótico na pintura trouxe outra evolução que alterou muito as influências do gótico, como era conhecido nos séculos XIII e XIV. Gerard David, Hieronymus Bosch e Matthias Grünewald deram outras formas à pintura gótica.
David Gerard continua a tradição nórdica, mas dá~lhe uma outra forma na pintura. O Repouso na fuga para o Egito (c. 1510) é um desses casos. Hieronymus Bosch Matthias Grünewald trouxeram a representação do sofrimento humano para a pintura gótica. A Tentação de Santo Antão (c. 1505) e a Nave dos Loucos (c. 1490-1500) de Bosch é um dos expoentes da pintura flamenga com imensos símbolos e que reflete algumas das preocupações do seu tempo.
Em período de revoltas sociais e instabilidade política, com a crise trazida pelo século XIV, Bosch representou figuras imaginárias, como se elas fossem reais, figuras muito estranhas que possuem um realismo semelhante ao das pessoas representadas. Em particular em A Nave dos Loucos, a humanidade é representada como um conjunto bizarro de figuras que viaja no tempo sempre entre a mais comum das atividades e os objetivos mais impossíveis. Neste barco da loucura, as figuras de Bosch são as imagens exteriorizadas do nosso medo coletivo e individual, a fealdade das ações que tantas vezes se cometem.
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