sexta-feira, 29 de abril de 2022

O século XX | O Fauvismo


As obras de Vincent Van Gogh, Paul Gauguin e Paul Cézanne e o seu conhecimento na primeira década do século XX permitiram a um conjunto de artistas ter a possibilidade de experimentar estilos novos na pintura. Esses estilos permitiram criar diferentes movimentos artísticos, tendo sido o Fauvismo o primeiro deles.

Na verdade, foi o aparecimento dos fauves (cores não naturalistas) no Salão de Outono de 1905 em Paris que fez evoluir a arte e criar a chamada primeira vanguarda na arte europeia. Aquilo que se observava não deveria ser exprimido como uma transparência do real, mas a de exprimir o que o artista sentia com aquela observação. O Fauvismo explorou esta ideia até ao limite, exprimindo a cor os sentimentos do artista.

O Fauvismo está ligado a diferentes pintores, mas a sua expressão é maior em figuras como Henri Matisse ou Abdré Derain.  Com estes dois pintores a cor ganha uma expressão muito substantiva associando-se claramente aos sentimentos a exprimir. A cor como força emocional foi um dos pontos chave do Fauvismo. Em alguns deles, como em André Derrain, a cor era o instrumento para criar uma dimensão de luz, apresentando-se como uma nova realidade.

A expressão de sentimentos angustiados sobre a representação de elementos naturais, ou a introdução de máscaras africanas permitiram criar atmosferas diversas do que a geografia do natural expressava. A cor emergia com uma materialidade que reduzia os elementos representados a essa dependência por uma luz que enchia de vigor ou de angústia o que se representava. Existia em muitos dos pintores do Fauvismo uma ideia de rebeldia. Matisse fugiu um pouco a essa categorização e vale a pena destacá-lo, como um dos artistas do século XX.

                  Imagem: Ponte de Charing Cross / André Derain, , 1906, Museu De Orsay, Paris.

Um poema

                                                     

                                                        "(...)Que o poema seja microfone e fale
                                                                              uma noite destas de repente às três e tal
para que a lua estoire e o sono estale
e a gente acorde finalmente em Portugal.

Que o poema seja encontro onde era despedida.
Que participe. Comunique. E destrua
Para sempre a distância entre a arte e a vida.
Que salte do papel para a página da rua.

Que o poema faça um poeta de cada
Funcionário já farto de funcionar.
Ah que de novo  acorde no lusíada
A saudade de novo o desejo de achar.

Que o poema diga o que é preciso
que chegue disfarçado ao pé de ti
e aponte a terra que tu pisas e eu piso.
E que o poema diga: o longe é aqui".

Manuel Alegre, "Poearma", in Poemas de Abril

Das Artes - (II) - 21/22

 


Plano Nacional das Artes - 2.º Período (clicar na imagem acima ou por um leitor de QR Code)



quarta-feira, 27 de abril de 2022

CNL - Fase Intermunicipal

 


Realiza-se hoje a fase Intermunicipal do Cávado do Concurso Nacional de Leitura. Do Agrupamento António Rodrigues Sampaio vão participar  os alunos abaixo indicados e a quem desejamos todo o sucesso e felicidades.

1º ciclo
Artur Gulenko - EB de Rio de Moinhos
Valentina Almeida - EB de Guilheta
Vasco Nogueira - EB de Forjães

2º ciclo
Sofia Bernardino Nunes (5.º MD) - EBARS
Tomás Azevedo (5.º FB) -  EBF


3º ciclo
Matilde Marques (7.ºFA) - EBF



terça-feira, 26 de abril de 2022

Livro do mês - O homem do tanque da liberdade


Um livro que apresenta aos mais jovens uma figura humana feita de coragem e humildade, justamente Salgueiro Maia, aqui, como uma produção gráfica, a que voltaremos no conteúdo da mensagem e nas produções biográficas a serem realizadas pelos alunos.
 


 

O 25 de Abril de 1974 - exposição

 

(Exposição bibliográfica com cravos feitos por alunos de diferentes turmas)

"Aquele que na hora da vitória
Respeitou o vencido

Aquele que deu tudo e não pediu a paga

Aquele que na hora da ganância
Perdeu o apetite

Aquele que amou os outros e por isso
Não colaborou com a sua ignorância ou vício

Aquele que foi «Fiel à palavra dada à ideia tida»
Como antes dele mas também por ele
Pessoa disse" (1)

Nos quarenta e oito anos do 25 de Abril de 1974 é essencial lembrar um homem que é um exemplo tão raro da dignidade de carácter, do valor do bem comum, da nobreza do ser na História Portuguesa Contemporânea. 

Em mais um ano sobre essa data que abriu o País a muitas e transformadoras possibilidades, importa realçar o seu exemplo, a sua individualidade, o seu espírito por uma sociedade mais justa, acima de uma rotina que nem sempre alcança o essencial. Alguém que sabia que «revolução» é essa luta por «um dia inicial e limpo» onde se constrói o próprio tempo, como o expressou Sophia. 

Neste dia de gestos que evocam uma memória, de imagens em que o passado parece ser ainda um crédito para um presente por construir em muitas áreas, recordemos a coragem do Ser de um homem muito especial. Embora ele não o sentisse, foi um dos heróis do século XX, capaz de iluminar muitos outros, nessa coragem de apenas viver pela convicção do que importa aos dias e à sua pureza.

(1) - Sophia, Antologia III.

O 25 de Abril - a arte de rua

 O 25 de Abril de 1974 - A Arte de Rua by BibliotecasAears on Scribd

O 25 de Abril de 1974

segunda-feira, 25 de abril de 2022

quinta-feira, 21 de abril de 2022

Leituras... Olá farol (II)

 Olá Farol de Sophie Blakwall editado pela Fábula é um dos álbuns que nos acompanhará de diferentes modos entre este fim de abril e meios de junho. Nele revemos o que foi a vida dos faroleiros, os momentos de solidão e a imensidão do mar, as diferentes estações, a entreajuda, os valores do cuidar, da mudança, da transitoriedade da vida, a memória, ou o apoio à navegação marítima.  Os faróis foram espaços de apoio à navegação marítima e neles se viveram muitas histórias. A partir da sua leitura e da abordagem a algumas das suas características, alguns alunos imaginaram algumas ilustrações. A seu tempo publicar-se-á um mural digital sobre alguns dos faróis que em diferentes turmas, escolas e anos foram sendo construídos. A entrevista a um faroleiro e a representação teatral da vida num farol serão mais tarde publicados.




terça-feira, 19 de abril de 2022

Cinema e sociedade - Charlie Chaplin


O cinema é um recurso de informação de grande significado, e em muitos sentidos permite chegar à compreensão dos muitos aspetos que envolvem o quotidiano de diferentes épocas, dando-nos uma forma plural de compreender os valores humanos e a sua relação com a evolução cultural e social de diferentes tempos. O cinema projeta sobre o quotidiano os tempos, os espaços do quotidiano de uma forma que se torna uma fonte de estudo de grande relevância. Ele deveria ser usado com mais substância como recurso educativo nas aprendizagens dos alunos.

Um dos casos maiores, que vale a pena estudar e usar como forma de aprendizagem é o caso, do possivelmente maior realizador de cinema, pelo menos numa das fases da História do Cinema, justamente, Charlie Chaplin. Ele mudou a linguagem cinematográfica, fez a transição do cinema mudo para o sonoro  e realizou grandes avanços nas formas de  edição do filme.

Charlie Chaplin foi ator, argumentista e realizador de cinema. E foi como ator que se iniciou, aparecendo pela primeira vez, justamente há cento e um anos, a trinta de novembro de 1913, com "Making a Living". Chaplin foi um génio da sétima arte no modo como de uma forma singular, saberia envolver o desamparo dos gestos, a solidão, a ternura, a esperança em feitos de cumplicidade. Chaplin é um ícone da sociedade contemporânea e nos seus filmes se podem ler os sinais de um tempo. Alguns dos seus filmes são recursos quase inesgotáveis, como Luzes da Cidade de 1936, ou Tempos Modernos, de 1940. 

Chaplin revelou a universalidade maior dos valores humanos que se comprometem com a beleza, o sonho, a ternura, ou a esperança, a dignidade da vida humana. Um dos trechos mais significativos dessa forma de exprimir a liberdade, está em O Grande Ditador, realizado em 1940 e que nos dá um tempo contínuo, onde, as nossas características pré-históricas parecem ser maiores, que o valor das ideias que soubemos edificar em palcos vazios de dignidade. Imaginámos que esses eram tempos do passado, mas subsistem muitos muros, onde muitos estão de fora dessa fraternidade pelo essencial. 


O Grande Ditador, Realização de Charlie Chaplin, 1940.

sexta-feira, 15 de abril de 2022

O século XX | visão genérica

 

A sociedade mudou no século XX, como nunca o tinha feito antes. As transformações económicas, sociais e políticas criaram um mundo novo e não foi sempre no melhor dos sentidos. O sentido do belo tinha ajudado muitos artistas em diferentes épocas a criar uma emoção poética capaz de dar sentido à vida e ao mundo como ele era vivido pelas pessoas. O século XX ma pintura e na arquitetura destruíram isso. A arte deveria exprimir o profundo conflito da existência numa sociedade em profunda transformação.

O século XX acumulou um conjunto numeroso de artistas. Três séculos de Renascimento não produziram tantos artistas, como o século XX observaria. E estes artistas tinham visões diversas, não existindo uma corrente dominante. Pode-se dizer que a arte do século XX não se pode definir, pois a mutação do mundo criou as mais diversas perspetivas. A vida em sociedade, a tecnologia, a guerra, a violência, o medo criou uma sociedade multiforme e em muitos aspetos profundamente agressiva. Dos muitos artistas do século XX ficaram alguns que importa destacar.

Nas primeiras décadas do século XX Pablo Picasso, Wassily Kandinsky, Paul Klee, Henri Matisse, Piet Mondriqan ou Salvador Dali marcam a história da pintura. Na segunda metade do século os nomes que importa destacar escasseiam. Jackson Pollock, Andy Warholl ou Mark Rothko apresentam uma imensa diversidade na pintura. Em alguns deles o utilitarismo e o caos do mundo são o seu reflexo, nesse abandono por um ideal espiritual que a arte tinha observado por tantos séculos.

Wassily Kandinsky, Improviso XXXI, 1913.

Um poema

“Promessa”
És tu a Primavera que eu esperava, 
A vida multiplicada e brilhante, 
Em que é pleno e perfeito cada instante.

“Nevoeiro”
A minha esperança mora 
no vento e nas sereias.
É o azul fantástico da aurora 
e o lírio das areias.



“IV”
Sonhei com lúcidos delírios
à luz de um puro amanhecer.
numa planície onde crescem lírios
e há regatos cantantes a correr.

Sophia 
Dia do Mar/Sophia de Mello Breyner Andresen ; pref. Gastão Cruz. – 1ª ed. – Porto : Assírio & Alvim, 2014. – 119, [8] p. ; 21 cm. – (Obras de Sophia de Mello Breyner Andresen). – ISBN 978-972-37-1746-4

(Fazemos viagens, idealizamos caminhos para ver nascer a possibilidade do real. A poesia de Sophia procura esse real deslumbrante e deu-nos em palavras as que nos podem iluminar para o azul, para a manhã que se ordena no significado do vento e das marés. Em abril, as suas palavra são ainda, como sempre de uma claridade livre.)

sábado, 9 de abril de 2022

Da Páscoa


Muitos períodos históricos representaram a Páscoa. Da pintura gótica, ao Renascimento, ao Classicismo ou ao Barroco, a Páscoa foi representada como uma das ideias essenciais do Cristianismo. 

A Páscoa que tem no hebraico a designação Pessach significa "passagem". Trata-se de uma manifestação religiosa que pertence ao culto dos cristãos e é possivelmente a mais importante cerimónia do Cristianismo. A Páscoa deriva o seu nome e origem na festa judaica, à qual o culto cristão se ligou pela ideia essencial da "passagem", que constrói a evolução temporal das culturas pagãs entre Inverno e Primavera e à cultura judaica (a ideia da terra prometida e a fuga do egito dos faraós). Passagem também pelas características do próprio calendário.

A religião cristã liga a Páscoa à ressurreição de Jesus e ao facto de o mesmo ter voltado para a vida, no domingo seguinte à chamada sexta-feira da paixão. Segundo o Novo Testamento após ter ressuscitado, Jesus apareceu a um conjunto de pessoas, após o qual ascendeu ao céu. A coincidência da sua comemoração nesta data pelos judeus deriva, da sua comemoração na noite da primeira lua cheia após o equinócio da primavera. Os cristãos olham para esta celebração, como a redenção dos seus próprios pecados, através da morte da figura de Jesus e da sua ressurreição.
 
Rafael foi um dos grandes artistas do Renascimento. É considerado o seguidor de uma das mais importantes figuras na arte, entre o século XV e XVI - justamente Leonardo Da Vinci. Influenciado pela arte clássica deu aos retratos uma expressividade graciosa e uma abordagem de heroísmo na sua representação. Existe em Rafael uma perfeição que parece quase irreal, onde um ideal de beleza nos comove profundamente.
 
O quadro revela-nos a centralidade de Jesus, com o objetivo de quem observa ter de levantar o olhar, onde dois anjos reforçam a sua presença perante um conjunto de figuras que em baixo podem observar. O ideal de beleza do renascimento está presente na figura e nesta ideia da Páscoa sentida por Rafael.
 
Ressurreição de Jesus  / Rafael, 1499 / 1502, Museu de Arte de São Paulo

sexta-feira, 8 de abril de 2022

Biografia - Humberto Delgado

 


O general Humberto Delgado nasceu em 15 de maio de 1906. Foi um grande militar e ficou conhecido como "o General sem medo". frequentou o colégio militar entre 1916 e 1922 e em 1925 entrou na Escola Prática de Artilharia, em Torres Novas. Em 28 de maio de 1926 participou no movimento militar que colocou fim à primeira república e que implantou a ditadura militar.

Em 1933 iniciou-se o Estado Novo que era liderado por António de Oliveira Salazar. Era simpatizante de Hitler, mas do decurso da 2.º Guerra Mundial passou a apoiar os aliados. Em 1944 foi nomeado diretor  do secretariado da Aeronáutica Civil. Entre 1947 e 1950 representou Portugal na Organização da Aviação Civil Internacional em Montreal, no Canadá.  Em 1952 foi promovido a chefe da missão militar junto da NATO. Regressou depois a Portugal e foi nomeado reitor general da Aeronáutica Civil.

Humberto Delgado participou na campanha para as eleições a presidente da República em 1958. Foi o candidato da oposição e conseguiu um grande apoio popular à sua candidatura. O regime do estado Novo sentiu esse apoio e tudo fez para impedir que o general Humberto Delgado pudesse ganhar as eleições. Após as eleições, continuou a lutar pela liberdade de expressão em Portugal, tendo sido morto pela Pide, em 1965.

 Alexandre, 6.º FB

Rota dos Desportos Náuticos


No âmbito do Projeto Rotas do Oceano/ Rota dos Desportos Náuticos, os alunos do 5ºFB participaram numa ação de sensibilização para a prática do mergulho recreativo, enriquecendo as pesquisas efetuadas.

O instrutor Hugo Martins, da Associação Amigos do Mar, de Viana do Castelo, para além da sensibilização para a necessidade da proteção dos oceanos, explicou os diversos passos do mergulho recreativo e possibilitou o contato dos alunos com os diversos equipamentos utilizados. 

O batismo de mergulho está para breve…

quinta-feira, 7 de abril de 2022

VideoBook - Juntos fazemos a diferença


Partilha-se a versão mp4 do livro da aluna Lara Margarida Costa, do 6FA, uma versão bem mais agradável, sem qualquer distrator.

Trabalho que se integra na semana da Consciencialização para o Autismo, este este livro é fruto de muito empenho e trabalho por parte da Margarida, aluna autista. A partir de uma das suas paixões - desenhar -, ela pode desenvolver competências ao nível da escrita e da autoestima, pontos bem menos fortes na Margarida. É uma história com alguma fantasia, mas com um tema bem atual no nosso dia a dia e que tem a ver com o projeto do Agrupamento - Rotas do Oceano.
Horas e horas de trabalho, de empenho e de gozo que estão resumidos nestes 8 minutos de visualização que acredito que os alunos vão adorar ver. Mostrem-lhes! 
Cumprimentos!

Professora Natália Serra

Poesia Visual - 5.º FC / 7.º FA / 7.º FB

                                                                         Poesia Visual - 5.º FC / 7.º FA / 7.º FB (link de acesso)


Acessível com um leitor de QR – Code (por telemóvel)


Apresentação - "A educação é dada como o pão"


Um grupo de alunos da turma do 6º ano da turma FB, por sugestão da professora da disciplina de Português, decidiu escrever e apresentar um
teatro de tema livre.  
O grupo, após reunir, decidiu então, contextualizar o teatro, tendo por referência 6 personagens: o avô, o filho e a nora, a tia e dois netos gémeos.

Como moral, este trabalho vai de encontro às realidades atuais, entre elas a preocupação dos pais com o futuro dos seus filhos, ao contrário do avô que é bastante permissivo com os netos, atendendo apenas ao seu bem-estar, sem atender à evolução e exigências atuais, bem como a tia que utiliza um sentimento muito protetor perante a sobrinha, por ser a única menina na família.


Há um ditado muito antigo, mas bastante pertinente, que não podemos pôr de lado, mas ter sempre em atenção “A educação é dada como o pão”

A presentação foi feita na Biblioteca aos meninos do pré-escolar. A apresentação foi muito interessante e nela se veicularam valores importantes, como o diálogo na família, a entreajuda e a importância da educação na criação de hábitos importantes na vida comunitária. O vídeo realizado será mais tarde disponibilizado.

A pintura gótica (VIII)

 A pintura gótica evoluiu ao longo dos séculos XIII e XIV, tendo as últimas manifestações chegado ao século XV, onde adquiriu características específicas. Encontram-se nessa última fase os trabalhos vindos do norte da Europa, como os Robert Campin, onde o sagrado desce ao mundo real, e os valores religiosos se misturam num grande realismo com o quotidiano. (Robert Campini, Natividade [c. 1425]; A Virgem eo menino diante de um guarda-fogo [c. 1430] e (Jan Van Eyck , A adoração do Cordeiro [c. 1432] e Anunciação [c. 1434/39] são exemplos desse real que desce à pintura e a individualidade dos elementos retratados. A utilização da luz é um dos elementos desse convite do sagrado ao real do vivido por cada um.

Van der Weyden, Van der Goes são outros dos elementos que pertenceram ao gótico de influência nórdica. O naturalismo das representações, com uma grande expressividade no retrato que dá às figuras um plano de destaque são algumas das usas características. (Rogier van der Weyden, A Anunciação [c. 1435], Retrato de uma senhora [c. 1460] e (Hugo van der Goes, O Tríptico Portinari [c.1476], (Hans Menling, Retrato de um homem com flecha [c.1740/75] e /Dieric Bouts, Retrato de um homem [1762] expressam essa nova forma do gótico que se difundiu a norte da Europa.
A última forma do gótico na pintura trouxe outra evolução que alterou muito as influências do gótico, como era conhecido nos séculos XIII e XIV. Gerard David, Hieronymus Bosch e Matthias Grünewald deram outras formas à pintura gótica.

David Gerard continua a tradição nórdica, mas dá~lhe uma outra forma na pintura. O Repouso na fuga para o Egito (c. 1510) é um desses casos. Hieronymus Bosch Matthias Grünewald trouxeram a representação do sofrimento humano para a pintura gótica. A Tentação de Santo Antão (c. 1505) e a Nave dos Loucos (c. 1490-1500) de Bosch é um dos expoentes da pintura flamenga com imensos símbolos e que reflete algumas das preocupações do seu tempo. 

Em período de revoltas sociais e instabilidade política, com a crise trazida pelo século XIV, Bosch representou figuras imaginárias, como se elas fossem reais, figuras muito estranhas que possuem um realismo semelhante ao das pessoas representadas. Em particular em A Nave dos Loucos, a humanidade é representada como um conjunto bizarro de figuras que viaja no tempo sempre entre a mais comum das atividades e os objetivos mais impossíveis. Neste barco da loucura, as figuras de Bosch são as imagens exteriorizadas do nosso medo coletivo e individual, a fealdade das ações que tantas vezes se cometem.

Leituras... Olá farol (I)


"No rochedo mais alto de uma minúscula ilha
nos confins do mundo, ergue-se um farol.

Foi construído para durar para sempre,
alumiando o mar com a sua luz,
guinado os navios que passam.

Do crepúsculo ao amanhecer, o farol lampeja.
Olá! 
      ... Olá!
           Olá, Farol!

Chega o novo faroleiro para substituir o antigo
e continuar a cuidar da luz.
Ele limpa as lentes e acrescenta petróleo
e apara a ponta queimada do pavio.
Durante a noite, dá corda ao mecanismo
que mantém o candeeiro em movimento.
Durante o dia, pinta as divisões redondas
com tinta verde-mar.
Ele escreve no diário do farol, cose à mão
e escuta o vento que se levanta lá fora.

O vento inspira fundo e sopra e sopra.
Olá! 
      ... Olá!
                  ...Olá, Farol!

O faroleiro ferve água e bebe o seu chá,
enquanto, da janela. pesca bacalhau.
Ele põe a mesa e trauteia uma música
e anseia por ter alguém com quem conversar

Quando a saudade aperta, escreve-lhe uma carta
e lança-a às ondas.
Ele cuida da luz, escreve no diário do farol
e aguarda pela resposta dela.

O céu escurece, e as ondas agigantam-se e rebenta.
Olá! 
      ... Olá!
                  ... Olá, Farol!"

Olá Farol, de Sophia Blackwall é um lindo álbum que nos remete para um dos elementos marítimos que se liga à navegação no mar e nos oceanos. Olá Farol apresenta-nos a chegada de um novo faroleiro, cujas principais tarefas é a de limpar as lentes do farol, fornecer petróleo ou aparar a ponta do pavio que   se vai queimando. Sophie Blackwall, a partir da visita a dois faróis introduz os seus leitores nas tarefas dos faroleiros, quando estes ainda não tinham sistemas elétricos, ou mecanismos tecnológicos. 

A solidão e a imensidão do mar, as diferentes estações, a entreajuda, os valores do cuidar, da mudança, da transitoriedade da vida, a memória, o apoio à navegação marítima são aspetos destacados em Olá Farol. No final do livro um conjunto de informações são dadas aos leitores sobre a vida dos faroleiros, com um conjunto de ilustrações que representam muito bem o espaço dos faróis e o seu isolamento nos espaços marítimos. Olá Farol é uma sentida e muito bem conseguida homenagem aos faroleiros do século XIX e dos primeiros anos do século XX. É um dos livros a ser usados para o projeto das Rotas do Oceano e que já está a ser apresentado a alunos de diferentes anos / ciclos e que continuará a sê-lo no terceiro período.

CNL - 3.º Ciclo - Fase III

 

                                                                              
"E eu cá estou, ainda viva, e com um irmão mais novo que redescobre que pode sentir raiva e alegria e ciume. E amor.
Escrevi este livro com o Angel a dar-me uma ajuda, e o Mr. Anderson e o Dr. R. gostaram os dois e deram-me algumas sugestões. E vocês acabaram de o ler.
Tudo bem somado, especialmente a última parte, o que vêem é o mais perto da felicidade que eu alguma vez provavelmente conseguirei chegar nos tempos mais próximos.
O Angel acabou por corrigir o livro todo - mesmo as partes sobre ele e a mãe dele. Agora tudo o que sinto por ele foi posto a descoberto, deixou de me preocupar se iria ficar chocado ou perturbado. E não ficou.
Ler... Têm de reconhecer que há nisto qualquer coisa de especial, como se às tantas o que há de melhor nos seres humanos sejam as nossas palavras. Embora tenhamos tendência para o esquecer, excepto quando estamos a meio de um livro que amamos. Lendo em voz alta They Came Like Swallons para o meu irmão ensinou-me isso mesmo. E sentada ao lado dele na cama do hospital, apercebi-me de que se estabelecia entre nós uma troca importante, e que ela estava no som da minha voz envolvendo o silêncio, e no modo expectante como os olhos dele me absorviam - como se eu fosse o seu refúgio - e no ruído suave, ciciado de voltar das páginas, e nas novas palavras de inglês que tínhamos ainda de aprender, e no ar da mamã mais do que ligeiramente aborrecida, mas ainda assim fazendo festas na cara do Pedro como se ele fosse o derradeiro presente que o papá lhe deixara. O que provavelmente era verdade.
Mais tarde, nesse dia, quando me levantei para ir à janela, enfeitiçada pelo jogo de lágrimas da luz do sol na neve recente, pensei nisso, e tive então a sensação de que o futuro puxava por mim, e eu, depois de resistir uns segundos só para sentir o esforço de me transformar numa nova pessoa, deixei-me ir."

Ilha Teresa / Richard Zimler. Lisboa: D. Quixote, 2011

CNL - 2.º ciclo - Fase III

 


"Há muito, muito tempo, quando era um rapaz da tua idade e vivia numa pequena ilha rodeada de castanheiros, oliveiras e carvalhos que conheciam histórias centenárias mas não as contavam a ninguém, a minha forma preferida de dar a volta à olha e de regressar à Casa do Roseiral era na mota do meu pai.
O meu pai era na altura, na cabeça de um rapaz de dez anos, um herói que tinha participado na guerra de África e tinha matado muitos homens. Era um herói que conhecia os caminhos todos que davam a volta à ilha e os podia fazer de olhos vendados na Famel. Era um herói que - se quisesse - abria os braços de deixava que a mota o levasse a voar por todas as terras que circundavam a ilha onde morávamos."

Volta ao mundo na mota do meu pai / Raquel Ramos; il. a. mar. Porto: Coolbooks, 2019.


CNL - 1.º ciclo - Fase III

   

"Numa escura e fresca gruta do Parque Natural das Serras de Aire e Candeeiros viviam três grandes famílias de morcegos: os Morcegos Lanudos, os Morcegos de Ferradura Grande e os Morcegos de Franja. 
   Ali morava o Ferradura, o mais ilustre e respeitado de todos os morcegos daquela comunidade. Não por ser o chefe, mas por ser sábio. Mais do que com as mãos, os pequenos morcegos aprendiam com o Ferradura a voar, a caçar mosquitos, a utilizar o sonar, a ver na escuridão, a cheirar como ninguém, a cuidar da sua pelagem e até a escutar histórias.
   Como o Ferradura todos aprenderam que os morcegos são o único mamífero que voa sem fazer batota. Com ele ficaram a saber que na China a sua espécie simboliza sorte, saúde, riqueza, vida longa e tranquilidade.
   Mas nunca alguém se perguntara de onde viria tanta sabedoria até ao dia e que Franjinhas, um jovem irrequieto da família dos Morcegos de Franja, atrevidamente perguntou:
   - Onde foste buscar tanta sabedoria? Eu também gostaria de conhecer as coisas fantásticas de que falas.
   O Ferradura sorriu e disse:
   - Isso é uma história com muitos capítulos e muitas peripécias.
   - Conta, conta! - pediram o Franjinhas e todos os outros jovens morcegos.
   O Ferradura contou:
    - Antes de morar convosco nesta gruta, vivi e trabalhei num palácio.
   - Num palácio! - exclamaram os jovens morcegos.
   - O que faz um morcego, como nós, num palácio? - perguntou o Franjinhas.
   - Nesse palácio, onde vivam os reis, foi instalada uma grande biblioteca, com mais de trinta mil livros. Há cerca de duzentos anos os meus antepassados começaram a trabalhar nela. Eu sou descendente de uma ilustre família de bibliotecários.
   O que o Ferradura contava era uma novidade maravilhosa. Nenhum dos jovens imaginara que os morcegos pudessem trabalhar em tão admirável lugar.
   - Então os morcegos não estragavam os livros das bibliotecas? - perguntou o Franjinhas.
   O Ferradura explicou que não. que o seu trabalho no palácio era cuidar da biblioteca e por isso mesmo também dos livros.
   - Mas como fazias isso?
   - É muito simples: o meu trabalho consistia em comer o maior número de insetos possível."

O morcego bibliotecário / Carmen Zita Ferreira; il. Paulo Galindro. Lisboa: Trinta por uma linha.

quarta-feira, 6 de abril de 2022

Um poema - a rosa e o mar


"Eu gostaria ainda de falar
da rosa brava e do mar.
A rosa é tão delicada,
o mar tão impetuoso,
que não sei como os juntar
e convidar para um chá
na casa breve do poema. 
O melhor é não falar: 
sorrir-lhes só da janela." 

Eugénio de Andrade, "A rosa e o mar", in Aquela nuvem e as outras (Fonte: sal da língua).

Biografia - D. António Ferreira Gomes

 

D. António Ferreira Gomes nasceu a 10 de maio de 1906 em Penafiel. Recebeu uma educação muito rigorosa e preenchida com os valores cristãos. Entrou no seminário em outubro de 1916 e foi professor de Filosofia, tendo o papa nomeado D. António Ferreira Gomes para bispo de Portalegre em 1948. Em 1952 é igualmente nomeado bispo na cidade do Porto, mantendo-se como administrador das questões religiosas da diocese de Portalegre. 

A partir da década de cinquenta interessa-se muito pelas questões quotidianas, do modo de vida da população e da miséria em que a grande maioria vivia. Decide escrever em 1958 uma carta a Oliveira Salazar a expor alguns desses problemas, o que criou uma grande polémica. Acabou por ser convidado por Oliveira Salazar a descansar por algum tempo, nomeadamente no estrangeiro, tendo ficado proibido de regressar a Portugal. Esteve assim dez anos fora do País.

D. António Ferreira Gomes foi uma das pessoas que lutou pela liberdade e pela melhoria das condições de vida no tempo do estado Novo.  Recebeu depois do 25 de abril várias homenagens, tendo-lhe sido construída uma estátua nos Clérigos, na cidade do Porto. 

Alexandre, 6.º FB

Biografia - Aristides de Sousa Mendes

 

Aristides de Sousa Mendes nasceu em 19 de julho de 1885. Formou-se na Universidade de Coimbra aos vinte e dois anos. Casou-se em 1908, tendo tido quatro filhos. Na sua profissão seguiu a carreira de diplomata. Aristides acabou por participar na 2.ª guerra mundial, enquanto cônsul de Portugal na cidade francesa de Bordéus. Com a invasão de  França pela Alemanha nazi recebeu ordens para não passar vistos que permitissem a saída da Europa dos judeus em fuga, desde França ocupada. 

Aristides de Sousa Mendes desobedeceu às ordens enviadas por Oliveira Salazar. Seguiu os seus valores e princípios e desobedeceu a essas ordens, sabendo que era arriscado e que tal decisão podia pôr em ricos a sua carreira, assim como a sobrevivência da sua família. No entanto, a sua coragem falou mais alto.

Numa luta contra o tempo procurou passar o maior número de vistos possível e salvou assim entre 20 a 30 mil pessoas que estavam condenadas a perder a vida, como aconteceu com tantos judeus durante a segunda guerra mundial. Como consequência da sua coragem, o regime português ficou proibido de exercer a sua atividade, o que o levou a morrer na miséria, em 1954. Morreu na miséria, mas nunca perdeu  a sua dignidade e é um grande exemplo para todos, por aquilo que deixou, como luta pelos direitos humanos.

Alexandre, 6.º FB

terça-feira, 5 de abril de 2022

Dia internacional do dia infantil


Integrada no Projeto Story and Arts, da Plataforma eTwinning, a turma VCA, da EB de Vila Chã, comemorou o Dia Internacional do Livro Infantil que se celebrou no dia dois de abril.   

Realizou uma videochamada com turmas de várias cidades, nomeadamente, Viana do Castelo, Figueira da Foz e Elvas. Os alunos tiveram oportunidade de apresentarem as respetivas turmas e trocarem algumas impressões sobre a zona do país em que vivem.

A professora Augusta, bibliotecária do Agrupamento de Escolas António Rodrigues Sampaio, leu a história “O Monstro das Cores”. Das diferentes tarefas sugeridas para a exploração da temática presente na história, as emoções, a turma VCA decidiu arregaçar as mangas e exprimir emoções através da modelagem de plasticina.


Algumas das emoções sentidas:

“Quando cheiro uma flor sinto-me mais calma.”

“Quando estou a brincar e sinto o sol, fico mais alegre!”

“Quando me deito na minha cama fico mais calma.”

“O meu cão quando brinca com um pau, abana a cabeça e parece que está a dançar, isso faz-me rir. Sinto-me alegre.”

“Quando olho para as pessoas à minha volta, pessoas amigas, sinto-me alegre.!

Neste dia, apenas estiveram presentes a “alegria” (amarelo) e a “calma” (verde)!