Uma obra de arte por semana é um outro elemento (a que se junta a o poema e o filme com a mesma periodicidade) que procura ser a partilha de um recurso educativo que possa ser integrado com outras fontes de trabalho, naquilo que se enquadra no plano nacional das artes. Tenta ser uma leitura intermitente de alguns marcos da memória coletiva e um recurso educativo sobre esta área do conhecimento.
Na história da Arte da Pré-História existiram diferentes marcos. É, no entanto consensual que um dos pontos primeiros mais entusiasmantes é Altamira, pois nela confluem aspetos decisivos do valor mágico dessas representações e da libertação de alguns elementos para algo que não se relacionando diretamente com a sobrevivência tinha com ela uma ligação especial.
A gruta de Altamira, situada no município de Santillana Del Mar, no norte de Espanha é um das primeiras grandes manifestações da arte criadas pelo ser humano. Foi descoberta no final do século XX e reconhecido o seu extraordinário valor no início do século XX.
As pinturas da gruta de Altamira conduzem-nos ao Paleolítico Superior e terão sido feitos há cerca 14 mil anos, antes da era cristã. As primeiras comunidades humanas eram nómadas, pois não sabiam produzir alimentos, vivendo da caça, da pesca e da recoleção. Os grupos humanos vivam em bandos dividindo entre si o espaço e as diferentes tarefas. As grutas, os abrigos nas rochas e as cavernas eram os seus locais de habitação.
Estes grupos humanos dedicaram-se a fazer pinturas de cenas de caça, a que damos o nome de pinturas rupestres, pois eram feitas na rocha. As representações têm uma abordagem muito naturalista, sendo os animais captados no desenho, como os via na Natureza. Durante algum tempo pensou-se que poderia ser esta uma tarefa de registo das suas atividades, porque ligadas à sobrevivência do grupo. É hoje consensual que a principal motivação destas comunidades na construção das pinturas rupestres era criar um ritual mágico. Os desenhos representavam uma forma de apropriação de um significado, a caça e a sobrevivência.
As pinturas rupestres são uma primeira forma de construção de rituais, em que se procurava antecipar a construção de um poder que permitisse caçar algo, do qual dependiam para sobreviver. Representar o animal era de certo modo conseguir caçá-lo e isso conduz para as primeiras formas de uma religião, como construção de uma ideia sobre o quotidiano. As pinturas rupestres estão ligadas a uma nova forma de vida em comunidade que só foi possível com o domínio do fogo, permitindo cozinhar os alimentos e facilitou a iluminação das grutas e cavernas.
O que fascina em Altamira é a forma como foram aproveitadas as formas e as irregularidades do tecto da gruta, que assim permitiu que os desenhos obtivessem um sentido de profundidade e volume. Os desenhos marcados por bisontes de diferentes tamanhos são representados com muito realismo e com bastante detalhe nos pormenores. Os pigmentos usados revelam-se igualmente de uma tonalidade deslumbrante. De salientar que estas pinturas eram feitas com os materiais que a Natureza oferecia. a saber, pigmentos extraídos de minerais, carvões, gordura e sangue de animal. As cores mais usadas eram o vermelho, com variações de ocre, negro e amarelo.
Imagem: Copyright - bisontes na gruta de Altamira, (14.500 a 15.000 anos antes de Cristo), Norte de Espanha.
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