A Civilização Romana - A organização social (II)
Existem muitos aspetos para que possamos admirar a civilização romana. Na verdade, ela representou um avanço significativo em muitas áreas do conhecimento e da vida. E quando ela terminou, seriam precisos muitos séculos para recuperar o conforto e o desenvolvimento económico, social e cultural que ela tinha evidenciado. Existe no entanto uma dimensão em que a civilização romana não deixou uma especial lembrança e na qual assentou muito do seu poder, a escravatura.
Os escravos estavam na base da sociedade. Compunham a maior parte da população que faziam os diferentes serviços em Roma e não tinham direitos jurídicos, nem possuíam quaisquer bens e não podiam participar na sociedade a que pertenciam. Estavam completamente dependentes do senhor que era o seu proprietário.
A dimensão do Império Romano e as sucessivas conquistas fizeram aumentar consideravelmente o número de escravos. Os cidadãos romanos, quer fossem aristocratas, ou elementos do Senado, ou mesmo mercadores possuíam todos eles escravos. Se havia escravos que faziam tarefas domésticas e de apoio a serviços do quotidiano existiam escravos muito letrados, sobretudo vindos da Civilização Grega, onde os níveis de leitura e escrita já tinham atingido valores importantes.
Os escravos e a sua sobrevivência estava dependente da posição económica, riqueza e nível cultural dos seus senhores. Alguns eram usados como gladiadores em combates até à morte e esse fascínio por espectáculos violentos e degradantes para a vida humana é um dos aspetos mais sombrios da Civilização Romana.
Para o direito romano, tal como mais tarde nos impérios coloniais, o escravo era um objeto sem direito algum sobre si próprio e dependente do que o senhor lhe quizesse fazer, quer ao nível dos castigos, ou do seu próprio abandono, ou da sua venda. Os poucos bens pessoais do escravo eram eles também propriedade do senhor, pois estavam dependentes dessa posse pelo senhor.
Os escravos não podiam casar, segundo o direito romano, pelo que as suas uniões não eram reconhecidas, assim como não podiam ter dívida alguma, pois isso poderia trazer dificuldades ao seu proprietário. Os escravos podiam obter a liberdade através da concessão designado directa libertas.
Toda a participação social dos cidadãos e dos seus diversos direitos, como ser soldado de uma legião, apelar contra uma decisão da justiça ou ter propriedade estava impedido de acontecer aos escravos. Toda a sociedade romana assentava num sistema de clientelas em que os mais pobres se colocavam na dependência de outros cidadãos mais ricos ou poderosos. Essa dependência assegurava a subsistência dos mais carenciados e dava poder aos mais ricos na hierarquia social. O mundo medieval funcionaria num sistema muito próximo desta ideia de organização social dos romanos.
Imagem: escravos vendendo vinho. sem data atribuída. Localização: Bardo National Museum, Túnis, Tunísia.
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