sexta-feira, 3 de junho de 2022

O 1.º Modernismo - Fernando Pessoa e Almada Negreiros (IV)

 Arte e sociedade (I)


O 1.º modernismo procurou criar uma ideia nova para o país e uma visão sobre o mundo diversa da que vinha do século XIX. As ideias do futurismo e do sensacionismo organizaram os dois números da Orpheu, revista que, em 1915, procurou agitar a sociedade portuguesa. A Orpheu foi a expressão do movimento modernista, uma ideia nascente de um Portugal Futurista. Procurou responder esteticamente a um país em convulsão social, uma 1ª República em grandes dificuldades com a sua instabilidade política, com as suas ideias de anticlericalismo e também uma ideia de nacionalismo que atravessa esses tempos.

A  Orpheu apresentou-se como uma estética de rutura para afirmar, pelas ideias, pela cultura, pela arte e pela literatura, uma forma esclarecida e criativa de pensar o País. A Orpheu tentou canalizar os movimentos vanguardistas que chegavam da Europa e foi, sem dúvida, um grande objeto cultural que sintetizou a estética dos seus criadores e incorpora as ideias do seu tempo, o Modernismo.

No início do século XX, o Modernismo iniciou uma abordagem nova ao que deveria ser a Arte. Movimento introduzido em Paris, centro de uma vanguarda cultural europeia, onde diferentes figuras experimentavam ideias e experiências, criando correntes estéticas que mudaram a cultura no século XX. O Modernismo português nesta sua primeira fase organizou-se à volta das chamadas Vanguardas. Acreditavam que tinham um papel  histórico de romper com o passado e inventar um futuro, criando um mundo novo.  Os seus valores são de luta contra a tradição e futurista.

A geração do Orpheu foi influenciada pela arte que veio de França e que logo na exposição de 1905, no salon d’ Automne introduzia novas formas de expressão e criação e que deu lugar a diferentes correntes dentro da arte europeia. A cor expressava de forma intensa  uma emoção, sobrepondo-se muitas vezes sobre a forma. A correspondência entre o representado e o real deixava de ser importante.  

A afirmação do mundo das máquinas, o sentimento do indivíduo, as manchas de cores contrastantes, ou  a introdução de materiais de uso do quotidiano, abria portas a outras formas de expressão, o futurismo. O apelo a uma libertação do pormenor representativo, às emoções fez surgir o Abstracionismo. A par destas correntes, destaca-se também o Futurismo desenvolvido em Itália por Filippo Marinetti, em que se rejeita o passado e se glorifica o futuro pela ação das máquinas, onde a velocidade é um culto.  Todo este enquadramento influenciou Almada Negreiros como artista plástico e Fernando Pessoa como poeta.

 Imagem, Amadeo de Souza Cardos, Motion, 1912.

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