quarta-feira, 1 de junho de 2022

junho


"Talvez, talvez sejam os últimos
dias. Se for assim, são um esplendor. 
Apesar dos aviões .... despejarem 
bombas e bombas ...., a perfeição 
mora neste muro branco 
onde o escarlate 
da flor da buganvília sobe ao encontro
da luz fresca da manhã de Junho. 
A beleza (não há outra palavra 
para dizê-lo), desta manhã 
é terrível: persiste, domina – 
apesar dos aviões, mesmo com
bombas a cair e crianças a morrer. "

Eugénio de Andrade, "manhã de junho", in Os sulcos da sede. Porto: Assírio & Alvim, 2001.

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