Em fevereiro os dias mais frios começam a ser menos insistentes e há neles quase o desejo da chegada da Primavera, ainda que o equinócio ainda esteja um pouco distante. Nas culturas antigas, por vezes, como nos Celtas, neste mês já se celebrava a esperada Primavera. No entanto tudo s aproxima desse mês, em que uma nova estação surge. Em algumas latitudes algumas árvores iniciam a rebentação das flores e as andorinhas iniciam esse novo enquadramento de renascimento da vida. Em fevereiro a Natureza vai começando a despertar para outras cores.
A iluminura é uma técnica de ilustração que acompanhou diferentes culturas e que teve no Ocidente Medieval e no Renascimento um papel muito importante na organização do tempo e na socialização da vida quotidiana dos diferentes grupos sociais. O termo iluminura aplicava-se tanto à pintura de manuscritos, como a sua integração em suportes de maior dimensão. Desses quadros de identificação de tarefas sociais e funções na sociedade evoluíram nos séculos XVI e XVII para o desenvolvimento de retratos, de grande qualidade pictórica. O detalhe e a perfeição da representação sempre caracterizam as iluminuras, muitas vezes integradas em pequenos textos.
A Bíblia e os Livros de Horas tiveram no Ocidente medieval e séculos seguintes grande significado, de ligação à vida e às crenças ligadas aos santos, com as suas orações. As iluminuras, como da imagem eram uma parte dos Livros de Horas e no fundo eram a representação de um calendário e se funcionava como um produto de coesão das funções de cada um numa sociedade são hoje além da beleza que transportam um documento histórico sobre esses períodos.
Les très riches heures du duc de Berry é um dos livros de horas, onde as iluminuras atingiram essa dupla função. Foi encomendado no século XV por João de Valois, importante figura da nobreza francesa e com ascendência à casa de França e ao rei (terceiro filho de D. João II). A sua vida liga-se à guerra dos cem anos, na disputa entre França e a Inglaterra. Pouco interessado nas disputas e conflitos militares, exerceu na segunda fase desse conflito uma ação moderadora. Mas, sobretudo foi um homem da realeza francesa muito interessado pela arte, como o documenta este conjunto de iluminuras do Livro das Horas.
Esta magnífica obra é formada por mais de quinhentas páginas e é uma das grandes peças do gótico e foi realizado por diferentes elementos da época estando guardado no Castelo de Chantilly, em França.
Imagem: "Fevereiro", in Les très riches heures du duc de Berry: Livro de Horas, século XV.
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