Na lembrança de uma humildade feita em sabedoria e em palavras, como planaltos de emoção. Eugénio de Andrade!
De um tempo, onde entre silêncio e
vento, ele próprio deambulava por esse nome da tarde que ele dava à cidade das
camélias, o Porto, como um refúgio de pássaros. Ele que buscava as palavras com
aquela ideia telúrica e desassossegada de construir um olhar na cidade. E do
jacarandá da praça o vimos entoar passos, velhos um pouco como ele e a guardar
no coração as lágrimas dos miúdos escondendo do azul a sua melancolia. Corria a
Ribeira, a Sé e o Jardim do Passeio Alegre, a meio caminho da Foz para em cada
praça, ou rua aprender a ser árvore e entoar com os pardais palavras de
silêncio e pedaços de vida. E entre os muros de granito imaginava palavras tão
solares como a claridade desenhada em tardes de Primavera. Eugénio criou um
imaginário do Porto e houve um tempo em que era fácil encontrá-lo e descobri-lo
e essa era uma cidade fascinante, onde o corpo e a alma alimentaram a sua
pureza e o seu minimalismo.
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