É a narrativa mais difícil de explicar. De certo modo é inexplicável, pois pretende compreender o impossível. Um impossível que nos remete a nós todos para a dimensão não humana, a prática de qualquer coisa que não nos torna sequer criaturas de Deus. Acreditámos muitas vezes em caminhos redentores de magia - o conhecimento e a cultura para nos resgatar de uma dimensão de animalidade. Caminho errado e sem respostas. Acreditámos que o bom senso reuniria todos os jovens corações pelo bem, pelo aceitável. Outro erro.
Inspirámo-nos em velhos manuais de História, de Economia, de Cultura e Civilização para explicar este mal absoluto do espírito convencidos que há sempre uma racionalidade em cada gesto. Outro erro. Inspirámo-nos em velhas crenças que a maldade só era servida por figuras de segundo plano e votados ao insucesso. Outro erro. O mal pode ser servido por génios. E como se transformam pessoas de bem em condutoras de uma religião de morte? Cultura, civilização, pensamento, onde se distinguem quando são construção do saber e ideologia, a propaganda do poder absoluto sobre tudo, incluindo a vida?
Na total incapacidade para explicar o inexplicável, a indiferença de tantos para com o sofrimento, incluindo os que se dedicavam ao estudo de um Homem e de uma Humanidade sem rosto, um filme para ver essa raridade que foi o compromisso para com a vida no interior da Alemanha nazi. A rapariga que roubava livros, um filme a partir de um livro. Um filme sobre a coragem, a esperança de renovar a vida e o papel dos livros para iluminar a vida.
O trail do filme, baseado num livro que vale a pena descobrir.
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