(...) Vinde, porque é de mosto
O sorriso dos deuses e dos povos
Quando a verdade lhes deslumbra o rosto.
Houve Olimpos onde houve mar e montes.
Onde a flor da amargura deu perfume.
Onde a concha da mão tirou das fontes
Uma frescura que sabia a lume.
Vinde, amados senhores da juventude!
Tendes aqui o louro da virtude,
A Oliveira da paz e o lírio agreste...
E carvalhos, e velhos castanheiros,
A cuja sombra um dormitar celeste
Pode tornar os sonhos verdadeiros.
Miguel Torga, «Libertação»
(No dia de São Martinho, a evocação de um imaginário que nos transporta pelo poema a um território que Miguel Torga chamou de Reino do Maravilhoso. Reino de vales desenhados a sol e a perfume de terra, entre as pedras e o rio Douro que serpenteia no seu caminho para a foz. Reino de castanheiros que desenham encostas de
verde, sombras e veludos de castanhas em ouriços despertados pelos dias.)
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