Como a sua escultura revelará no período helenístico, os vasos da Grécia antiga tinham uma especial preocupação para com a figura humana, com a sua anatomia. Ao contrário de uma noção idealizada do mundo que se pode verificar na civilização egípcia, na cultura grega o olhar parece ser o condutor do que se descreve ou constrói. A civilização grega olhava o universo e a vida como espaço onde a vida decorria, sem a ideia finita que alimentou a arte da imortalidade egípcia.
Os vasos e a cerâmica gregas formam um conjunto, como uma escultura de um tempo, expressão de uma cultura. Palas Atenas era uma divindade muito importante que protegia a cidade de Atenas e que já se encontra referida na Odisseia de Homero. A sua representação numa ânfora com duas asas é de um autor esconhecido. Quando descoberta, os arqueólogos deram-lhe o nome de pintor de Berlim que existiu na Grécia no século IV a.C.
A representação não permite vislumbrar a expressão da divindade. Ela conduz um recipiente com vinho que será levado a uma divindade muito relevante do imaginário grego, Hércules. Essa imagem está representado no verso da ânfora. A divindade representada, Palas Atena sugere uma expressão calma e de diálogo silencioso com Hércules nesta representação diferenciada da ânfora.
Esta ânfora e a sua técnica de construção (a figura vermelha) iniciou-se no século VI a.C. e é já uma evolução da fase anterior em que o fundo negro era pintado, rodeando a anatomia das formas. A utilização, a partir do século VI a.C. deste técnica tornou a cerâmica grega com mais detalhes nas informações representadas. As representações anatómicas permitiam criar imagens visuais com informações importantes, ao nível das expressões e emoções reveladas. As figuras ganham uma construção naturalista e de grande valor plástico, sendo a cerâmica assinada pelos seus criadores, o que revela a importância do período clássico na cerâmica grega.
Imagem: Copyright - Palas Atena / Pintor de Berlim (ânfora), século V a.C. (c. 480)
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