segunda-feira, 27 de dezembro de 2021

O meu Natal é ecológico

 


A turma 6ºFA participou na iniciativa “O Meu Natal É Ecológico”, da Esposende Ambiente, com a elaboração de uma coroa de Natal ecológica. A coroa foi elaborada nas disciplinas de Educação Tecnológica e Educação Visual, utilizando materiais reutilizáveis (cartão, papel jornal e ráfia). Dos objetivos pretendidos, de entre os quais sensibilizar os alunos a adotar comportamentos que promovam a sustentabilidade do planeta e desenvolver a criatividade e a imaginação, estes foram plenamente alcançados. Todos os trabalhos estão expostos no Centro de Informação Turística de Esposende, até 7 de janeiro.
 

 No âmbito da disciplina de ET e em articulação com o Programa EcoEscolas as turmas do 2º ciclo elaboraram presépios de Natal (6ºFA); árvore de Natal (6ºFB) e enfeites de Natal (5º anos) reutilizando diversos materiais (esferovite, metais e papel). Os alunos foram desafiados a promover comportamentos sustentáveis, assim como, a desenvolver a criatividade/ imaginação, resolução de problemas e espírito crítico. Já os alunos de 8º e 9º ano construíram presépios com sólidos geométricos a partir de material reciclado, tarefa de construção, realizada no âmbito da disciplina de Matemática.

Os trabalhos das turmas integram uma exposição coletiva, na sala do aluno, na Escola Básica de Forjães.

                                                                                                                                                                 Profª Fernanda Meira

quarta-feira, 22 de dezembro de 2021

Do nascimento do inverno ao ano novo...


T
odos os anos, dezembro
Tem uma noite encantada:
É uma noite-silêncio,
É uma noite-veludo,
É uma noite sagrada.

Há sempre um bebé que nasce,
Há sempre azevinho e canela,
E há sempre três reis sábios
Que atravessam um deserto
Guiados por uma estrela."

"Uma noite em dezembro" / Poemas para as quatro estações. [Lx]: Máquina de voar, 2017.
Ilustração: Imagem - Copyright - Elizabeth Gonzalez

Desejamos um feliz Natal a todos, com os dias à frente com harmonia, saúde e esperança.

terça-feira, 21 de dezembro de 2021

Sugestões de leitura

 Deixamos algumas sugestões de leitura, nesse que é um objeto primordial da memória, da viagem e do reconhecimento dos outros. Desejamos a todos dias felizes, com alegria e harmonia e também com boas leituras.


 


quinta-feira, 16 de dezembro de 2021

leituras de dezembro


Título: A noite de Natal
Autor: Sophia de Mello Breyner Andresen
Edição: 2.ª
Páginas: 29, [2]
Editor:  Edições Ática


Passaram muitos dias, passaram muitas semanas até que chegou o Natal. 
E no dia de Natal Joana pôs o seu vestido de veludo azul, os seus sapatos de verniz preto e muito bem penteada às sete e meia saiu do quarto e desceu a escada.
Quando chegou ao andar de baixo ouviu vozes na sala grande; eram as pessoas crescidas que estavam lá dentro. Mas Joana sabia que tinham fechado a porta para ela não entrar. Por isso foi à casa de jantar ver se já lá estavam os copos.

(…)

Joana deu uma volta à roda da mesa. Os copos já lá estavam, tão frios e luminosos que mais pareciam vindos do interior de uma fonte de montanha do que do fundo de um armário. As velas estavam acesas e a sua luz atravessava o cristal. Em cima da mesa havia coisas maravilhosas e extraordinárias: bolas de vidro, pinhas douradas e aquela planta que tem folhas com picos e bolas encarnadas. Era uma festa. Era o Natal.

Então Joana foi ao jardim. Porque ela sabia que nas Noites de Natal as estrelas são diferentes.

Abriu a porta e desceu a escada da varanda. Estava muito frio, mas o próprio frio brilhava. As folhas das tílias, das bétulas e das cerejeiras tinham caído. Os ramos nus desenhavam-se no ar como rendas pretas. Só o cedro tinha os seus ramos cobertos. 
E muito alto, por cima das árvores, era a escuridão enorme e redonda do céu. E nessa escuridão as estrelas cintilavam, mais claras do que tudo. Cá em baixo era uma festa e por isso havia muitas coisas brilhantes: velas acesas, bolas de vidro, copos de cristal. Mas no céu havia uma festa maior, com milhões e milhões de estrelas.
Joana ficou algum tempo com a cabeça levantada. Não pensava em nada. Olhava a imensa felicidade da noite no alto céu escuro e luminoso, sem nenhuma sombra. 
Depois voltou para casa e fechou a porta. — Ainda falta muito tempo para o jantar? — perguntou ela a uma criada que ia a atravessar o corredor.

— Ainda falta um bocadinho, menina — disse a criada. Então Joana foi à cozinha ver a cozinheira

Gertrudes, que era uma pessoa extraordinária porque mexia nas coisas quentes sem se queimar e nas facas mais aguçadas sem se cortar, e mandava em tudo, e sabia tudo. Joana achava-a a pessoa mais importante que ela conhecia. 
A Gertrudes tinha aberto o forno e estava debruçada sobre os dois perus do Natal. Virava-os e regava-os com molho. A pele dos perus, muito esticada sobre o peito recheado, já estava toda doirada. 
— Gertrudes, ouve uma coisa — disse Joana.
A Gertrudes levantou a cabeça e parecia tão assada como os perus. 
— O que é? — perguntou ela. 
— Que presentes é que achas que eu vou ter? 
— Não sei — disse Gertrudes — não posso adivinhar. 
Mas Joana tinha a maior confiança na sabedoria de Gertrudes e por isso continuou a fazer perguntas.
— E achas que o meu amigo vai ter muitos presentes? 
— Qual amigo? — disse a cozinheira. 
— O Manuel. 
— O Manuel não. Não vai ter presentes nenhuns. 
— Não vai ter presentes nenhuns!? 
— Não — disse a Gertrudes abanando a cabeça. 
— Mas porquê, Gertrudes? 
— Porque é pobre. Os pobres não têm presentes. 
— Isso não pode ser, Gertrudes. 
— Mas é assim mesmo — disse a Gertrudes fechando a tampa do forno. 
Joana ficou parada no meio da cozinha. Tinha compreendido que era «assim mesmo».

Porque ela sabia que a Gertrudes conhecia o mundo. Todas as manhãs a ouvia discutir com o homem do talho, com a peixeira e com a mulher da fruta. E ninguém a podia enganar. Porque ela era cozinheira há trinta anos. E há trinta anos que ela se levantava às sete da manhã e trabalhava até às onze da noite. E sabia tudo o que se passava na vizinhança e tudo o que se passava dentro das casas de toda a gente. E sabia todas as notícias, e todas as histórias das pessoas. E conhecia todas as receitas de cozinha, sabia fazer todos os bolos e conhecia todas as espécies de carnes, de peixes, de frutas e de legumes. Ela nunca se enganava. Conhecia bem o mundo, as coisas e os homens.

Mas o que a Gertrudes tinha dito era esquisito como uma mentira. Joana ficou calada a cismar no meio da cozinha.

De repente abriu-se a porta e apareceu uma criada que disse: 
— Já chegaram os primos.
Então Joana foi ter com os primos. 
Daí a uns minutos apareceram as pessoas grandes e foram todos para a mesa.

Tinha começado a festa do Natal.


Havia no ar um cheiro de canela e de pinheiro. Em cima da mesa tudo brilhava: as velas, as facas, os copos, as bolas de vidro, as pinhas doiradas. E as pessoas riam e diziam umas às outras: «Bom Natal». Os copos tilintavam com um barulho de alegria e de festa. E vendo tudo isto Joana pensava:

— Com certeza que a Gertrudes se enganou. O Natal é uma festa para toda a gente. 
Amanhã o Manuel vai-me contar tudo. Com certeza que ele também tem presentes. 
E consolada com esta esperança Joana voltou a ficar quase tão alegre como antes.

O jantar do Natal era igual ao de todos os anos.

Primeiro veio a canja, depois o bacalhau assado, depois os perus, depois os pudins de ovos, depois as rabanadas, depois os ananases. 
No fim do jantar levantaram-se todos, abriu-se de par em par a porta e entraram na sala. As luzes eléctricas estavam apagadas. Só ardiam as velas do pinheiro.

(…)

E no presépio as figuras de barro, o Menino, a Virgem, São José, a vaca e o burro, pareciam continuar uma doce conversa que jamais tinha sido interrompida. Era uma conversa que se via e não se ouvia.

Joana olhava, olhava, olhava. 
Às vezes lembrava-se do seu amigo Manuel.

(…)

E Joana foi à cozinha. Era a altura boa para falar com a Gertrudes. 
— Bom Natal, Gertrudes — disse Joana. 
— Bom Natal — respondeu a Gertrudes. Joana calou-se um momento. Depois perguntou: — Gertrudes, aquilo que disseste antes do jantar é verdade? 
— O que é que eu disse? 
— Disseste que o Manuel não ia ter presentes de Natal porque os pobres não têm presentes. 
— Está claro que é verdade. Eu não digo fantasias: não teve presentes, nem árvore do Natal, nem peru recheado, nem rabanadas. Os pobres são os pobres. Têm a pobreza. 
— Mas então o Natal dele como foi? 
— Foi como nos outros dias. 
— E como é nos outros dias? 
— Uma sopa e um bocado de pão. 
— Gertrudes, isso é verdade? 
— Está claro que é verdade. Mas agora era melhor que a menina se fosse deitar porque estamos quase na meia-noite. 
— Boa noite — disse Joana. E saiu da cozinha. 

Subiu a escada e foi para o seu quarto. Os seus presentes de Natal estavam em cima da cama. Joana olhou-os um por um. E pensava: 
— Uma boneca, uma bola, uma caixa de tintas e livros. São tal e qual os presentes que eu queria. Deram-me tudo o que queria. Mas ao Manuel ninguém deu nada. 
E sentada na beira da cama, ao lado dos presentes, Joana pôs-se a imaginar o frio, a escuridão e a pobreza. Pôs-se a imaginar a Noite de Natal naquela casa que não era bem uma casa, mas um curral de animais.
«Que frio lá deve estar!», pensava ela. «Que escuro lá deve estar!», pensava ela.

«Que triste lá deve estar!», pensava.

E começou a imaginar o curral gelado e sem nenhuma luz onde Manuel dormia em cima das palhas, aquecido só pelo bafo de uma vaca e de um burro.

— Amanhã vou-lhe dar os meus presentes — disse ela. Depois suspirou e pensou:  
«Amanhã não é a mesma coisa. Hoje é que é a Noite de Natal.»

Foi à janela, abriu as portadas e através dos vidros espreitou a rua. Ninguém passava. O Manuel estava a dormir. Só viria na manhã seguinte. Ao longe via-se uma grande sombra escura: era o pinhal.

Então ouviu, vindas da Torre da Igreja, fortes e claras, as doze pancadas da meia-noite.

«Hoje», pensou Joana, «tenho de ir hoje. Tenho de ir lá agora, esta noite. Para que ele tenha presentes na Noite de Natal.»

Foi ao armário tirou um casaco e vestiu-o. Depois pegou na bola, na caixa de tintas e nos livros. Apetecia-lhe levar também a boneca, mas ele era um rapaz e com certeza não gostava de bonecas.

Pé ante pé Joana desceu a escada. Os degraus estalaram um por um. Mas na cozinha a Gertrudes fazia muito barulho a arrumar as panelas e não a ouviu.

quarta-feira, 15 de dezembro de 2021

Uma fábula - o pato real e as regras

    


Era uma vez, numa aldeia afastada do mar, um pato da realeza em que era ele que dava as ordens. Não havia sossego naquela aldeia, porque em cada dia havia uma nova lei.

    Numa manhã de primavera, o pato real ordenou:

- A partir de agora, todos os patos só beberão água da fonte e as patas não poderão sair de casa.

- Mas a fonte fica muito longe! - diziam os patos.

- E nós precisamos de sair de casa para ensinar os nossos bebés  a nadar! - reclamavam as patas.

     Cada dia que passava haviam sempre mais regras e regras que ningém achava justas.

     Um dia, um caçador andava por aquela aldeia e caçou o pato real. A partir desse dia, outro pato real que era irmão dele, passou a fazer as leis mais corretas e justas.

- A partir de hoje - dizia o novo rei - todos os patos passarão a beber a água de onde acharem mais saudável, as patas passarão a sair de casa quando quiserem e toda a gente passará a viver livremente.

- Viva o novo rei! Viva o novo rei! - diziam os patos e as patas.

    A partir desse dia todos os patos passaram a viver com liberdade.

Clara Costa, 5.º FC 
Imagem: Copyright - Serralves
                                                                                                                                                                                                                                

Uma fábula - A lontra e a borboleta

Numa manhã brilhante, a borboleta estava a voar pelas flores que a encantavam num jardim. No entanto, a lontra estava a nadar pelo rio.

 No dia seguinte, a borboleta decidiu ir ao rio, onde a lontra nadava triste. A borboleta foi perguntar à lontra o que tinha acontecido para ela estar triste daquela maneira.

- O que te aconteceu? – perguntou a borboleta.

- Estou bastante triste, o rio está muito poluído e se o rio continuar assim, não vou ter mais onde viver! – disse a lontra com lágrimas nos olhos.

 A borboleta, vendo o olhar triste da lontra, decidiu tentar ajudá-la.

- Eu vou te ajudar! – exclamou a borboletinha feliz.

- Mas como? És demasiado pequena, não consegues limpar nem metade do rio! – disse a lontra que não gostava nada de borboletas!

- Eu, sozinha, não consigo! Mas com eles e elas sim! – alertou a borboleta virando costas à lontra.

- Mas quem são eles e elas? – questionou a lontra ficando sem resposta da borboleta.

 Passando uns cinco minutos, a borboleta chegou com muitos amigos e familiares, e, é por isso que nunca se deve duvidar de um animal, por mais pequeno que seja.

 Inês Caseiro, 5.º FC 
Imagens: Copyright - guiaanimal.net)

Top 3 - Os leitores (1º Período) - EBARS

 

Os Leitores que integram o Top3 com mais requisições durante o 1º período. A todos eles os nossos parabéns!

Top 3: 2.º Ciclo:
1. Lara Silva - 5.º MA
2. Leonor Monteiro - 5.º MA
3. Clara Capitão - 5.º MA
.
Top 3: 3.º Ciclo:
1. Teresa Viana - 7.º MA
2. Catarina Silva - 7.º MB
3. Ricardo Ferreira - 7.º MB

Top 3 - Os leitores (1º Período) - EB de Forjães

 

Os Leitores que integram o Top3 com mais requisições durante o 1º período. A todos eles os nossos parabéns!

Top 3: 2.º Ciclo:
1. Isabella Matta - 5.º FC
2. Inês Sampaio - 5.º FB
3. Matilde Peixoto - 5 FB
.
Top 3: 3.º Ciclo:
1. João Pereira - 7.º FA
2. Miguel Oliveira - 9.º FA
3. Rodrigo Jacques - 9.º FA

Top 10 - Livros (1º Período) - EBARS

 

                                 Os livros mais requisitados durante o 1º Período para a leitura domiciliária


 

 


Top 10 - Livros (1º Período) - EB de Forjães

 

                                 Os livros mais requisitados durante o 1º Período para a leitura domiciliária




  





Poesia - do mar (X)


O mar é a minha casa 
E de muita gente. 
O mar tem uma melodia 
Que só algumas pessoas 
Conseguem ouvir.

Se todas as pessoas 
Conseguissem ouvir 
Não seria especial. 

Os búzios cantam 
Quando os metemos nos ouvidos 
E uma banda fazem com o mar. 

O mar pode ser salgado 
Mas também pode ser doce 
Como o algodão doce.
Benedita Pereira, 4.º FK
Imagem: (Copyright - marmaii.com)

Poesia - do mar (IX)


Os peixes coloridos são de espantar 
Será que podes imaginar? 
Aquilo é a onda alta 
Que tem uma grande alga.

Polvos azuis, rosa 
... e amarelos 
Corais com muitos animais 
Recifes decorados 
E mares espalhados.

No mar tem a maré 
Que fica na Nazaré 
Depois de  deixarmos de poluir 
Ele vai florir

A poluição é a desilusão 
O mar está a morrer 
Isto é triste de se ver. 

Duarte Martins, 4.º FK
Imagem, cavalo marinho (via pescasgerais.com)

Poesia - do mar (VIII)


O mar traz-nos felicidade
e alegria para vivermos no dia a dia 
Com os búzios a cantar belas histórias 
E as rochas a bater... 
faz uma bela música para adormecer

No fundo do mar há animais a cantar 
e sereias belas que nos fazem sorrir 
mas também admirar.

Quando vou à praia vejo ondas 
grandes, mas sorridentes 
Debaixo delas existem tridentes

O mar é bonito e belo 
tem ondas espetaculares 
para fazer sorrir e admirar 
Com as conchas a cantar

 Gonçalo Branco, 4.º FK

terça-feira, 14 de dezembro de 2021

Encontros com livros

 No Centro escolar de Forjães, os alunos das diferentes turmas do 1º Ciclo e do Pré-Escolar tiveram hoje, um encontro com o escritor José Torres Gomes. 

Foi feita a apresentação de dois dos seus livros. Aos alunos com mais idade foi apresentado o livro Zé Trinca-Espinhas e as Letras do Lago. Um livro que nos conduz pelas histórias à beira mar, com diferentes animais e com os quais este Zé Trinca-Espinhas se sentia mais próximo do que com os humanos seus semelhantes.  A aprendizagem do alfabeto e a possibilidade de se exprimir em palavras o que sentia permitiu-lhe ter ao pé de si um companheiro de estimação, justamente um livro.

Zé Trica-Espinhas olhava para as breves letras dos jornais e pensava que apenas as mais importantes chegavam aos livros e aos arquivos. E assim pensou em deixar as páginas do jornal em branco para o poder reciclar e dar oportunidade a outras notícias. Aos animais aconselhou a semear essas letras para que novas histórias nascessem. Mas, se os livros ajudavam a aprender, viver uma aventura era uma outra forma de o fazer. Teve assim uma aventura com os animais das sombras, as minhocas.

Zé Trinca -Espinhas aprendeu como as minhocas viviam, conheceu a sua história de vida, a sua biologia e aprendeu que  todas elas têm nove corações. E com esta história o autor, José Torres Gomes deixa-nos estas palavras finais, "imaginem-se com nove corações. Carreguem cada um dos nove corações com toneladas de amor para o vosso semelhante. Vivam em grupo. Sejam únicos na bondade, na amizade, no cumprir das vossas obrigações. Ajam sempre com o coração. E não se esqueçam de que a verdadeira amizade dura uma eternidade..."

Aos alunos dos primeiros anos do 1º Ciclo e do Pré-Escolar foi apresentado o livro O Elefante Branco. O livro coloca-nos uma história simples, a de um elefante que tem uma cor pouco comum e que vive a vida com profunda tristeza. Como superará a sua tristeza?

Este elefante é muito pesado, o que faz com que destrua todas as belas flores que existem na floresta e fica triste por pisar assim flores de muitas cores, como cravos, gladíolos, lírios, dálias e tantas outras flores. O elefante vive rodeado de muitos animais que sobrevoam o rio, como passarinhos e abelhas, mas ele não consegue passar para o outro lado do rio. Um dia, as andorinhas decidiram dar-lhe uma ajuda e com ela, o elefante branco já pode ver-se espelhado nas águas do rio.

O elefante branco termina a sua viagem deixando-nos aquele que é um desejo muito comum, o desejo de voar. Quem afinal não gostaria de voar? O Elefante branco é assim um livro sobre o valor da natureza, da amizade e do sonho. Como se tratavam de alunos mais pequenos a história foi lida na íntegra. A experiência do escritor e as dificuldades que vem superando devido a uma limitação da saúde engrandece as mensagens que os seus livros tentam transmitir.

A sessão foi muito positiva, pela apresentação feita pelo autor, pela leitura de alguns excertos e do texto integral no segundo caso, e pelas perguntas feitas pelos alunos. Realizou-se o contacto com dois livros, duas histórias com valores de cidadania, de dedicação ao mar, aos outros, à experiência da aprendizagem. E ficou em muitos momentos essa ideia há muito conhecida e comprovada, as palavras e as histórias dos livros são desenhos de tinta, são imagens onde se escrevem experiências de vida. Os livros têm em si vidas escritas e com eles aprendemos sempre algo que não conhecíamos e que nos permite reconhecer num outro.

segunda-feira, 13 de dezembro de 2021

Uma obra de arte - A Natividade (o nascimento de Jesus)

 


Neste caminho pela pintura, como património artístico, (construção de recursos - plano nacional das artes), a Natividade e a pintura gótica conduzem-nos à proximidade do Natal. Giotto foi um dos nomes da pintura e da representação espiritual dos símbolos religiosos, no final da Idade Média.

A pintura gótica iniciou-se no século XII, na passagem para o que seria um século de desenvolvimento e de confiança. As catedrais góticas deram corpo a essas ideias que se tornaram monumentos eternos de um tempo, como as Chartres, ou Amiens. O naturalismo desenvolve-se com o aproximar do século XIV e influenciaria toda  a pintura europeia nos primeiros anos do Renascimento. 

Giotto transformou a pintura do final do século XIII e os primeiros anos do século XIV.  Com Giotto a representação do espaço muda, estando agora articulados com a dimensão da arquitetura, onde é representada a imagem. Com Giotto a pintura gótica atingiu a sua expressão maior, na medida em que com ele há a criação de uma identidade nas personalidades representadas. De certo modo, Giotto antecipa o Renascimento e a sua figuração personalizada de símbolos.

Com Guiotto algo muda. O naturalismo das figuras assume outra dimensão. Os seus frescos  abandonam as influências da pintura romana, e das suas características assumidas em Bizâncio. Com Giotto e com os seus frescos o que observamos é a transformação de figuras da religião que assumem uma dimensão humana. Ele pinta como se essas figuras vivessem no mundo real existente. A dimensão de humanidade dos seus frescos e a naturalidade das representações marcaram a História da Arte.

A Natividade (nascimento de Jesus) é um dos diversos frescos pintados da representação da vida de Jesus e que foi pintado entre 1304-1306. Este4 conjunto de frescos estão inseridos na capela de Scovegno, em Pádua.

Natividade (o nascimento de Jesus) / Giotto. Capela de Scovergno, 1304-1306, Pádua.

Um poema - Cântico

"Quando abriram a porta, depararam com uma bela visão, adequada à época do ano. No pátio da entrada, à luz ténue de uma lanterna, estavam cerca de oito ou dez ratos-do-campo dispostos em semicírculo, de cachecóis de lã vermelha em volta do pescoço, com as patas da frente bem enfiadas nos bolsos e os pés a saltitar em busca de algum calor. De olhos vivos e atentos, olhavam uns para os outros com timidez, rindo um bocadinho, fungando um pouco e usando as mangas dos casacos muito mais. Quando a porta se abriu, um dos mais velhos, que segurava a lanterna, estava mesmo a dizer "Pronto, agora, um, dois, três!" e, de seguida, as suas vozinhas agudas ergueram-se no ar, cantando um dos antigos cânticos que os seus antepassados tinham composto em campo de pousio tomados pela geada ou à lareira, isolados por um nevão, e que lhes tinham sido transmitidos para os cantarem nas ruas lamacentas em frente de janelas iluminadas, na época de Natal.

Cântico

Ó povo da aldeia, mau grado a geada,
Abri os cancelos de frente prá estrada,
O vento virá e a neve também,
Mas junto à lareira chamai-nos por bem;
E seja feliz a vossa manhã!
 
Aqui estamos nós à chuva e ao granizo,
Com os pés neste solo tão gélido e liso,
Viemos de longe para vos saudar - 
Estais vós à lareira e nós a o luar;
Que sejam felizes na vossa manhã!
 
Inda nem metade da noite passava,
Lá estava uma estrela que bem nos guiava,
Chovendo venturas e bençãos também,
Pro dia seguinte e outros vêm:
 
O Zé Lavrador pela neve singrava
E viu sobre o estábulo que a estrela baixava,
Maria mais longe que aquilo não ia,
Ao colmo e à liteira ali se acolhia;
E a ela a ventura chegou pela manhã!
 
E os anjos diziam com voz celestial
"Quem foi que primeiro proclamou Natal? 
E já os animais, como um só, se alegravam,
No estábulo pobre onde juntos moravam!
Felizes serão por aquela manhã!"
 
 O vento nos salgueiros / Kenneth Grahame. Lisboa: Relógio d´água, 2017
Ilustrações de Carol of the Field Mice.


leituras de dezembro

Título: A estrela
Autor: Vergílio Ferreira
Edição: 1ª
Páginas:34
Editor: Quetzal
ISBN:  978-972-564-833-9

"Um dia, à meia-noite, ele viu-a. Era a estrela mais gira do céu, muito viva, e a essa hora passava mesmo por cima da torre. Como é que a não tinham roubado? Ele próprio, Pedro, que era um miúdo, se a quisesse empalmar, era só deitar-lhe a mão. Na realidade, não sabia bem para quê. Era bonita, no céu preto, gostava de a ter. Talvez depois a pusesse no quarto, talvez a trouxesse ao peito. E daí, se calhar, talvez a viesse a dar à mãe para enfeitar oi cabelo. Devia-lhe ficar bem, no cabelo.

 De modo que, nessa noite, não aguentou. Meteu-se na cama como todos os dias, a mãe levou a luz, mas ele não dormiu. Foi difícil, porque o sono tinha muita força. Teve mesmo de se sentar na cama, sacudir a cabeça muitas vezes a dizer-lhe que não. E quando calculou que o pai e a mãe já dormiam, abriu a janela devagar e saltou para  a rua. A janela era baixa. Mas mesmo que não fosse. Com sete anos, ele estava treinado a subir às oliveiras quando era o tempo dos ninhos, para ver os ovos ou aqueles bichos pelados, bem feios, com o bico enorme, muito aberto. 

E se não era o tempo dos ninhos, andava à solta pela serra, saltava os barrancos, jogava mesmo, quando preciso, à porrada com o um homem. Assim que se viu na rua, desatou a correr pela aldeia fora até à torre, porque o medo vinha a correr também atrás dele. Mas como ia descalço, ele corria mais. A igreja ficava no cimo da aldeia e a aldeia ficava no cimo de um monte. De modo que era tudo a subir. Mas conseguiu - e agora estava ali. Olhou a estrela para ganhar coragem,  ela brilhava, muito quieta, como se estivesse à sua espera. 

E de repente lembrou-se: se a porta estivesse fechada? Levantou-se logo, foi ver. A torre era muito alta e tinha uma porta para a rua. Pedro empurrou-a um pouco e viu que estava aberta. Ficou muito admirado, mas depois nem por isso. Ninguém ia roubar os sinos que mesmo eram muito pesados. E quanto ás estrelas, se calhar ninguém se lembrava de que era fácil empalmá-las. E tão contente ficou de aporta estar aberta, que só depois se lembrou de a ter ouvido ranger. E então assustou-se. Voltou a experimentar e rangeu outra vez. Rangia pouco, mas o silêncio era muito e parecia por isso que também a porta rangia muito. E teve medo. Reparou mesmo que estava a suar e não devia ser da corrida, porque este suor era frio. 

A porta ficara já deslocada e agora era  só encolher-se um pouco e passar. Mas sem tocar na porta, para não ranger. Meteu-se de lado e entrou. Havia um grande escuro lá dentro. Já calculava isso, mas as coisas são muito diferentes de quando só se calculam. E cheirava lá a ratos, a cera, às coisas velhas que apodrecem na sombra. Como estava escuro, pôs-se a andar às apalpadelas. Mas as pedras frias assustaram-no. Lembravam-lhe mortos ou coisas assim. (…) Mas, à medida que ia subindo, vinha lá de cima um fresco que aclarava o cheiro. À última volta da escada em caracol, olhou ao alto o céu negro, muito liso. Via algumas estrelas, mas era tudo estrelas velhas e fora de mão. Até que chegou ao campanário e respirou fundo. Aproveitou mesmo para puxar as calças que estavam a cair.  Eram dois sinos e uma sineta. (…) E assim que se pôs em terra, largou para casa, mas não muito depressa. Apetecia-lhe mesmo parar de vez em quando e olhar a estrela com uma atenção especial. Era formidável. 

Lembrava um pirilampo, mas muito maior. Oh, muito maior. E de outro feitio, já se vê. A certa altura, voltou-se para trás e olhou ao alto o sítio donde a despegara, como se para ver se realmente já lá não estava. E não. O que lá estava agora era um buraco escuro, por sinal bem feito. Lembrava-lhe a boca dele quando lhe caiu um dente, mas não sabia bem porquê. Quando por fim chegou a casa, trepou á janela que deixara aberta e meteu-se na cama. Estava ainda algum tempo com a estrela na mão, mas não muito, porque já não podia mais, arrombado de sono. De modo que guardou a estrela numa caixa e adormeceu. 

No dia seguinte acordou tarde. A mãe estranhou aquele sono demorado, mas não muito, porque quem passava os dias no retoiço era natural que uma vez por outra pegasse no sono com vontade. Como tinha o berro forte, capaz de ir de monte a monte, a mão ouviu logo. Veio então a correr muito aflita, sem fazer ideia do que fosse, e perguntou-lhe o que tinha. E ele, que estava fora de si, ou mesmo ainda com sono, disse assim:
- Roubaram-ma! Roubaram-ma!

E a mãe, naturalmente, perguntou o que é que lhe tinham roubado. Mas ele aqui calou-se. A mãe cuidou que seriam restos de sonho e não ligou. (…) Mas não tinha sido um sonho, não. O que aconteceu foi que, logo de manhã, assim que acordou, abriu a caixa para ver a estrela e a estrela não estava lá. Ou por outra, estava lá, mas não era a mesma, era assim como uma estrela de lata. E então pensou que lha tinham trocado para pensar qualquer coisa, porque aquilo, realmente, não era coisa que se pensasse. É claro que brilhava um pouco. Mas toda a estrela de lata brilha. O que é, só de dia, quando lhe bate o sol. E mesmo assim, não muito.  Que afinal, com sol todas as coisas brilham com o brilho que é do Sol e não dessas coisas. E a estrela brilhava com  um brilho só dela. Mas nada disse à mãe do que se passara (…)"

Vergílio Ferreira, A Estrela. Quetzal. 2010.