quinta-feira, 1 de julho de 2021

Uma escola para todos

    


Esta não é uma obra de ficção e qualquer semelhança com pessoas, nomes ou acontecimentos não será mera coincidência.

   Esta é uma história de pessoas reais, com nome próprio e iguais a nós. 

   É a história da Diana, do José, da Mariana, do Francisco, do Davi, do Rodrigo Costa, do Paulo, do Luís e do Rodrigo Fernandes, meninas e meninos a quem a vida não assistiu da forma como nós entendemos ser a vida plena, mas a quem assistiu com outros atributos, como o de nos levar a ver o outro com os olhos do coração.

É a história da Celina, da Saúde, da Ana, da Alice, da Virgínia, da Natália, da Isabel e da Madalena, professoras e assistentes operacionais que diariamente dão o melhor de si para que nada falte a quem, recebendo, tanto dá sem disso se aperceber.

Esta é a história das Salas de Multideficiência e do Espectro do Autismo de um Agrupamento de Escolas que, nas Marinhas e em Forjães, faz da palavra “inclusão” uma busca permanente.

Mas esta é, também, a história de muitos e de muito mais.

É a história do sorriso terno e grato da avó que fala do gosto do neto pela escola e das mudanças que nele vai observando dia após dia. A história do pai que viu a esposa partir para sempre dois dias depois de a filha nascer com múltiplos condicionalismos. A história dos alunos que, nos tempos livres, acompanham, voluntariamente, os colegas com mais dificuldades. A história de quem reconhece que, apesar de os tempos serem hoje diferentes, continua a ser necessário mais apoio e mais informação para encarar a diferença e o preconceito. A história de inúmeros professores e técnicos que procuram enriquecer física e mentalmente as crianças num exercício constante de dedicação e paciência. A história de profissionais de diferentes instituições que recolhem os nossos alunos, de manhã, com uma saudação e os deixam em casa, ao final do dia, com a sensação do dever cumprido. 
Esta é, no fundo, uma história com várias histórias dentro - as histórias que nos vão moldando, pedaço a pedaço, enquanto seres humanos. 
Esta é a história que o talento da Inês, do Luís e do Simão nos fazem chegar com mestria, para nos recordar que a vida deve ser vivida com todos os sentidos e em toda a sua plenitude. 
Passar ao lado destas imagens é recusar encarar a existência pelo seu lado mais humano, mais genuíno, mais autêntico. É recusar ver o mundo tal como ele é. 
Obrigado aos alunos por nos fazerem ver a vida pelos olhos da sensibilidade e por nos lembrarem o ridículo dos nossos lamentos quando o universo, tão-somente, não satisfaz os nossos caprichos.

Obrigado aos professores, aos assistentes operacionais e a todos os que fazem da sua vida uma dádiva permanente e nos levam a acreditar no ser humano e no seu lado mais fraterno e altruísta.

Obrigado a todos pela oportunidade de nos fazerem pensar.

Obrigado, muito simplesmente, por nos recordarem que estamos vivos.


Para visualizar, aceder aqui.


(Texto e Guião do Professor Carlos Gouveia da Silva)

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