Esta não é uma obra de ficção e qualquer semelhança com pessoas, nomes ou
acontecimentos não será mera coincidência.
Esta é uma história de pessoas reais, com nome próprio e
iguais a nós.
É a história da Diana, do José, da Mariana, do Francisco, do Davi, do
Rodrigo Costa, do Paulo, do Luís e do Rodrigo Fernandes, meninas e
meninos a quem a vida não assistiu da forma como nós entendemos ser a vida
plena, mas a quem assistiu com outros atributos, como o de nos levar a ver o
outro com os olhos do coração.
É a história da Celina, da Saúde, da
Ana, da Alice, da Virgínia, da Natália, da Isabel e da Madalena, professoras e
assistentes operacionais que diariamente dão o melhor de si para que nada falte
a quem, recebendo, tanto dá sem disso se aperceber.
Esta é a história das Salas de
Multideficiência e do Espectro do Autismo de um Agrupamento de Escolas que, nas
Marinhas e em Forjães, faz da palavra “inclusão” uma busca permanente.
Mas esta é, também, a história de muitos
e de muito mais.
É a história do sorriso terno e grato da
avó que fala do gosto do neto pela escola e das mudanças que nele vai
observando dia após dia. A história do pai que viu a esposa partir para sempre
dois dias depois de a filha nascer com múltiplos condicionalismos. A história
dos alunos que, nos tempos livres, acompanham, voluntariamente, os colegas com
mais dificuldades. A história de quem reconhece que, apesar de os tempos serem
hoje diferentes, continua a ser necessário mais apoio e mais informação para
encarar a diferença e o preconceito. A história de inúmeros professores e
técnicos que procuram enriquecer física e mentalmente as crianças num exercício
constante de dedicação e paciência. A história de profissionais de diferentes
instituições que recolhem os nossos alunos, de manhã, com uma saudação e os
deixam em casa, ao final do dia, com a sensação do dever cumprido.
Esta é, no fundo, uma história com
várias histórias dentro - as histórias que nos vão moldando, pedaço a pedaço,
enquanto seres humanos.
Esta é a história que o talento da Inês,
do Luís e do Simão nos fazem chegar com mestria, para nos recordar que a vida
deve ser vivida com todos os sentidos e em toda a sua plenitude.
Passar ao lado destas imagens é recusar
encarar a existência pelo seu lado mais humano, mais genuíno, mais autêntico. É
recusar ver o mundo tal como ele é.
Obrigado aos alunos por nos fazerem ver a vida pelos olhos da sensibilidade e por nos lembrarem o ridículo dos nossos lamentos quando o universo, tão-somente, não satisfaz os nossos caprichos.
Obrigado aos professores, aos assistentes operacionais e a todos os que fazem da sua vida uma dádiva permanente e nos levam a acreditar no ser humano e no seu lado mais fraterno e altruísta.
Obrigado a todos pela oportunidade de nos fazerem pensar.
Obrigado, muito simplesmente, por nos recordarem que estamos vivos.
Para visualizar, aceder aqui.
(Texto e Guião do Professor Carlos Gouveia da Silva)
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