A Civilização Romana - Os tempos do quotidiano (III)
As civilizações transportam consigo ideias, técnicas, valores e com essas construções do espírito deixam um património. A alimentação desenvolvida sobre os produtos criados na natureza e a sua transformação dão uma imagem sobre a sua dimensão social e cultural. Os sabores e as cores dos alimentos são também uma das mascas deixadas para o futuro. A civilização romana também deixou na área da alimentação marcas, sinais de um mundo que no Mediterrâneo estão ainda muito presentes.
A alimentação do mundo antigo e das épocas clássicas não conhece o que hoje se designa de comer equilibradamente. Esse mundo tinha limitadas formas de produzir alimentos frescos, pelo que a conservação dos mesmos era muito praticada. A conservação dos alimentos era feita por diferentes modos. Aqueles podiam ser fumados, salgados, secos, ou ainda conservados em vinagre.
A conservação não era perfeita e muitas vezes quando eram consumidos os alimentos já se encontravam deteriorados. A utilização de ervas tinha a função de lhe dar um sabor mais agradável. É importante saber que os alimentos que hoje são conhecidos em qualquer ponto do mundo, não eram no mundo clássico conhecidos. Assim o chá, o café, as bananas ou as simples batatas eram dos romanos desconhecidos. Os citrinos foram conhecidos já na parte final do Império (após o século II).
Na sociedade romana faziam-se três refeições por dia. O lentaculum, o prandium e o convivium.
O lentaculum realizava-se de manhã e pode ser comparado com o que se designa pequeno-almoço. A merenda escolar também conhecia este nome. Este lentaculum era muito simples composto de pão com queijo e água.
O prandium assemelhava-se ao que poderíamos designar como almoço. Neste se introduziam os legumes, as carnes frias, frutas e vinho.
Na sociedade romana o convivium era a principal refeição do dia. Era tomada numa sala própria e servida após os romanos tomarem o seu banho. Iniciava-se no princípio da tarde e podia durar até à noite. Era um momento de lazer e de convívio, onde a poesia, a leitura, a música, os cantos e as danças podiam integrá-la. Era esta refeição que determinava o fim do dia e o recolhimento.
A principal refeição (o convivium) era tomada na triclinia que era uma grande mesa quadrada, à volta da qual se encontravam camas viradas contra a mesa, onde reclinados, os romanos conviviam. A distribuição dos lugares no espaço era feito em função da importância dos que ali estavam. Esta ideia de se ter uma refeição em posição reclinada ou deitada pode ter chegado por influência da cultura grega.
A cultura romana prolongou pelos espaços do Mediterrâneo alguns dos alimentos que deram substância a diferentes povos. Entre eles são essenciais, os cereais, o azeite e o vinho. O mel conhecido desde os egípcios também era conhecido. O peixe desempenhou um papel importante na alimentação dos romanos, com particular importância para o garum que era uma pasta que poderíamos hoje de apelidar de conserva de peixe e que era transportado em ânforas pelo império.
Imagem: Casa de Julia Felix. Pompeia, Museu Arqueológico de Nápoles
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