Num distante janeiro, do ano de 1923 nasceu um dos grandes poetas da cultura portuguesa e que se comemora este ano o centenário do seu nascimento. A sua dimensão carece que dele falemos sempre um pouco mais, ele que nos guarda as palavras, as simples palavras. Um dos seus poemas, nessa procura da simplicidade maior, da luz solar, da água, da beleza dos gestos essenciais da vida.
Estive sempre sendo nesta pedra
escutando, por assim dizer, o silêncio.
Ou no lago cair um fiozinho de água.
O lago é o tanque daquela idade
em que não tinha coração
magoado (porque o0 amor, perdoa dizê-lo,
dói tanto! Todo o amor. Até o nosso,
tão feito de privação). Estou onde
sempre estive: à beira de ser água.
Envelhecendo no rumor da bica
por onde corre apenas o silêncio.
Eugénio de Andrade, Poesia, Modo de Ler.
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