Mas afinal donde vieste?
De parte alguma!
Quem te criou? Quem te inventou? Quem te imaginou?
Ninguém.
E como é que apareceste aqui, neste espaço que nada é, que se confunde e entremeia noutros espaços igualmente indizíveis?
Sou fruto de transformações, umas mais arrogantes e pretensiosas que outras!
Não estás sozinho...
Não. Tenho uma companhia que é doutra espécie diferente da minha, uma espécie que consegue reproduzir-se. Mais nada!
Como se reproduz?
Por via de mim próprio.
Ninguém sabe.
O que vos acontecerá quando desaparecerem?
Tornaremos a aparecer.
Como?
Não sei.
Vivendo?
Existindo.
Tens alguma coisa para contar?
Sim, enquanto andar neste espaço da Terra.
Que coisas tens para contar?
Sim, tudo o que compõe a Natureza, tudo o que é cor, tudo o que é vida.
Desgraças?
Sim, trevas, sombras e securas; o grito que ninguém ouve, o aviso eterno da Natureza através dos terramotos, dos furacões, dos tsunamis, dos vulcões...
Gostávamos de te ouvir!
Lusco-fusco / Cristina Carvalho. Lisboa: Sextante Editora, 2011
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