quarta-feira, 25 de setembro de 2019

Dia mundial dos rios


A vinte e cindo de setembro comemora-se o dia mundial dos rios. O objetivo desta data, criada em 2005, é promover a preservação dos rios de todo o mundo e aumentar o conhecimento das populações sobre os rios.
Os cidadãos são incentivados a participar na preservação e recuperação dos rios, não só neste dia mas durante todo o ano.

Neste âmbito a Associação Rio Neiva - Defesa do Ambiente realizou uma atividade de sensibilização ambiental em conjunto com a EB de Góios com a presença de 120 alunos e com a colaboração do Parque Natural Do Litoral Norte
"EU COMPROMETO-ME" Os alunos foram então desafiados a comprometerem-se a mudar comportamentos mais sustentáveis e amigos do ambiente.
E tu...aceitas o desafio?

A Biblioteca e a escola - ideias de ação


As bibliotecas escolares podem ser uma ferramenta transformadora de um espaço educativo. Essa possibilidade depende da sua capacidade de se fixar no centro de uma comunidade escolar e de assumir o seu papel enquanto instrumento de promoção de melhores aprendizagens. 
No presente ano letivo, o Ministério da Educação decidiu dar continuidade às prioridades de atuação das Bibliotecas Escolares, já definidas em anos anteriores e indicou-as do seguinte modo:

1. Um trabalho mais aprofundado com as escolas de 1.º ciclo, integrando as bibliotecas nas dinâmicas de trabalho em sala de aula e incentivando a formação dos professores titulares de turma em práticas de formação de leitores e dinamização de literacia familiar;

2. A implementação do referencial “Aprender com a Biblioteca Escolar”, que estabelece metodologias de trabalho cooperativo entre professores, colocando a biblioteca no centro das atividades da escola. Este referencial procura estimular a construção da ação das bibliotecas escolares como mediadores de aprendizagens;

3. A promoção de um trabalho de avaliação das literacias, através do desenvolvimento de instrumentos que permitam a avaliação da competência leitora;

4. A promoção da flexibilidade curricular a partir da biblioteca escolar, enquanto espaço privilegiado, onde se cruzam áreas diversas do conhecimento e do acesso a múltiplos recursos;

5. A implementação da Estratégia Nacional de Educação para a Cidadania. Esta procura que também as bibliotecas possam ser instrumentos de participação dos alunos naquilo que os envolve nos temas do quotidiano e da atualidade, no acesso a recursos que lhes permitam desenvolver a capacidade crítica;

6. O reforço das literacias digitais, através da promoção de leitura nos seus diferentes formatos.


As palavras...

Está a vida nos livros? Claramente, não! Então que respiração fazemos com elas? A vida expande-se, ultrapassa os limites que podemos querer colocar e, na verdade não existe forma de expressão que a contenha em toda a sua multiplicidade. As palavras, as imagens, as formas são linguagens de representação do mundo. Cada civilização construiu a forma de nomear as coisas, de lhe dar um valor, de construir uma voz interior que desse significado a uma forma de vida, a uma visão do mundo.

Os livros são um dos objetos primordiais do que podemos chamar uma civilização. O que fazemos com eles não é a de adivinhar a vida, ou a de a descrever no seu sentido global. O que fazemos com eles é guardar a memória e as inquietações formuladas antes de nós. Elas são importantes porque com elas descobrimos que nos livros, as suas palavras nos fazem pensar melhor, afinal que podemos evoluir como pessoas, como sociedade. Apesar dos múltiplos écrans estamos muito sós, nas palavras que queremos dizer, na voz que não se ouve. As nossas palavras são manifestações de uma respiração que se escuta mal sob um ruído dominante dos media e de um poder formatado demasiadas vezes para os lugares comuns. 

Com a leitura podemos aceder a grandes possibilidades. É com ela que nos descobrimos, que verificamos que valores nos conduzem e que linhas de encontros conseguimos estabelecer com os outros. Os livros revelam a nossa autobiografia, falam muito do que somos, dos conhecimentos que multiplicamos, nas ideias que apreendemos e da perceção que temos do mundo e de nós próprios. 

Existem muitos livros, de diferentes géneros, de significativa diversidade. Eles, na sua diversidade constroem geografias de sentimentos, formas de ser, modos de pensar e de construir o mundo e são por isso um património de um profundo enriquecimento pessoal. Com eles fazemos viagens ligando o passado e o presente, numa ideia de algo a construir, a sonhar, embora nunca lá estejamos, esse futuro por viver. Os livros são por isso, caminhantes de ideias e lugares, por onde passámos e onde eles chegarão. Com eles vivemos a possível eternidade. 

Os livros são objetos que nascem com as palavras, emergem na linguagem e ao nomeá-las, estamos a dar-lhes a substância de existirem, mesmo que se refiram ao que não temos, mesmo que sejam os sonhos antes dos sonhos, ou tão só a respiração de ver o que se ama. Os livros e a leitura confirmam essa possibilidade maior de aceitarmos em partilha as vozes que nos chamam para o reconhecimento múltiplo da humanidade. São por isso objetos acima do espaço e do tempo, o que lhes dá e às bibliotecas a ideia de uma divindade, onde cada um pode chegar.


quinta-feira, 19 de setembro de 2019

Apresentar um livro (II)


Esteiros, de Soeiro Pereira Gomes

É uma obra com uma crítica social sobre o que se passava no nosso país. Era uma realidade constante de um país empobrecido e com a exploração do trabalho infantil. Uma obra escrita “Para os filhos dos homens que nunca foram meninos”.

O seu autor, com uma carreira curta, bastou-lhe esta obra para ser consagrado. A história dos rapazitos miseráveis dos esteiros do Tejo, é, antes de mais, uma obra que Pereira Gomes escreveu com amor.

Este livro, não foi uma leitura atual, chegou à minha vida há muitos anos, mas foi um livro que marcou a minha adolescência e a minha vida.

Despertei para os problemas do meu país de miséria, despertei o meu pensamento crítico a tudo o que me rodeava, despertei o meu querer lutar contra as injustiças, o acreditar que todos temos a responsabilidade de ter uma cidadania política e participativa na sociedade.
Qualquer um de nós deveria conhecer esta realidade, para que nunca permita que se volte a situações idênticas.
Deixo um endereço que fala sobre a realidade retratada no livro. Espero que despertem para a leitura do mesmo.

Boas leituras
http://ensina.rtp.pt/artigo/esteiros-de-soeiro-pereira-gomes/

Esteiros/ Soeiro Pereira Gomes. - 12ª ed. - Mem Martins : Europa-América, 2001. - 175 p. ; 18 cm. - (Livros de bolso Europa-América ; 1)

quarta-feira, 18 de setembro de 2019

outubro


Em Outubro, quase tudo
volta enfim ao seu lugar:
os meninos na escola
e os pais a trabalhar.

Chega o poeta à janela,
vê as folhas secas no parque
e escreve uma vez mais
que os pés que pisam as folhas
fazem o chão crepitar.

Mas hoje o poeta tem sorte,
que o céu alto, azul e limpo
convidou para um refresco
 um sol aberto, tão forte
 que parece que o Verão
ainda vai ali à porta.

Amanhã, porém, a chuva
virá, reclamar um lugar
ao céu hesitante do Outono.

E o poeta pensará:
"É tempo de me sentar
com a manta nos joelhos
e ouvir a chuva a chorar
no chão da rua e dos versos.

João Pedro MéssederO Livro dos Meses
Imagem,  Copyright - Norbert Mayer - Autumn Days,


Apresentar um livro (I)

Três chávenas de chá, de Greg Mortenson e Oliver Rolin

O nosso clamor é um vento forte que atravessa a terra.»
 (A canção de guerreiro do rei Gezar)

Ouvimos e vemos demasiadas vezes notícias que nos relatam a pobreza extrema, as doenças de que sofrem milhões de pessoas no planeta. Assistimos nos media a atentados suicidas em zonas do planeta contra pessoas indefesas. Sentimos em vastas zonas do globo a indiferença para com a vida em atos de extrema violência. Verificamos como o analfabetismo e a extrema pobreza alimenta o fundamentalismo, em países como o Paquistão ou o Afeganistão, convocando crianças e jovens para o absurdo. Existe alguma forma de superar esta epidemia do espírito?

Três chávenas de chá é um caminho que vale a pena conhecer. É a história de um livro, de um homem, de uma ONG e de uma comunidade nas montanhas altas do Paquistão, justamente no K2. É um livro sobre as possibilidades criadoras que a educação e a leitura permitem construir, mesmo nas geografias mais difíceis, onde a violência, o fanatismo religioso e a pobreza alimentam uma terra ferida de dignidade e esperança para as mais jovens gerações. O Paquistão e o Afeganistão são muitas vezes sinónimos de indiferença a uma ideia de dignidade, de alfabetização, de oportunidade para diversas comunidades.

Um alpinista americano, ao escalar o K2, a segunda maior montanha do planeta conheceu no povo balto a hospitalidade de uma cultura ancestral. No território do fundamentalismo islâmico, entre os caminhos da Al-Kaeda e dos Talibãs, num mundo esquecido, um homem tenta a conciliação de culturas. Nas altas montanhas da Ásia, entre o Paquistão e o Afeganistão um homem viu como a educação podia fazer sobreviver as aspirações de uma comunidade. Com a ideia de criar escolas, especialmente para meninas e com o apoio a projetos comunitários, um homem cria uma resposta generosa onde muitos, demasiados só parecem encontrar a guerra. 

É um livro que não é uma ficção, mas uma reportagem ilustrada por quem viveu uma aventura de generosidade e de transformação de como um sonho, pode converter-se numa ONG, The Central Asia Institute, que alimenta a possibilidade de alfabetização de uma cultura, nos seus elementos mais jovens. É um livro que revela uma lição imensa. Uma lição de vontade e inteligência. Mas também, uma lição de recompensa pelos frutos conseguidos e a convicção que só de olhos abertos se pode compreender o mundo. É ainda um livro que nos envolve com o mais importante, a vontade e a determinação de cada homem. Um livro que nos assegura que as mudanças têm de passar pelo individual, pois cada de um nós, nas palavras antigas de Krishnamurti, representa "o resto da humanidade". 

* - O projeto ainda vive e persiste e pode ser acompanhado na sua página institucional: The Central Asia Institute- Tajik Village

Três chávenas de chá / Oliver Rolin e Greg Mortenson. - 1.ª ed. - Lisboa : Casa das Letras, 2011. - 328, [3] p. ; 24 cm. - Tít. original.: Three cups of tea. - ISBBN 978 724 461 8180

Das Bibliotecas


"A Biblioteca terá que ser o centro da sociedade. O homem é um animal leitor, leitor do mundo. Procuramos as constelações da narração: quem são os outros e onde estamos. Desenvolvemos o poder da imaginação. Somos capazes de criar o mundo, antes mesmo da criação do mundo.
As bibliotecas são a memória privada e a memória pública. A biblioteca é autobiografia de cada um.É o rosto de cada um de nós. As bibliotecas são também a biografia da sociedade, a sua identidade. As bibliotecas públicas são o rosto da comunidade.
Nós somos o que a biblioteca nos recorda o que somos. Um livro conta a experiência de cada um, onde estão as paixões mais secretas e os desejos mais íntimos. "Clínica da alma" é a sua melhor definição. A centralidade da atividade inteletual está na clínica da alma!"...

Alberto Manguel, "Reading and Libraries", 11º Congresso da BAD

terça-feira, 17 de setembro de 2019

O autor do mês

"Levanta-te do papel com as palavras. Fecha os olhos e elas saem sozinhas. As palavras são notas, repara. Não penses em nada, abandona-te. O mundo inteiro está dentro de ti." (1)

A linguagem é uma das formas que usamos para comunicar com o mundo. Com as palavras podemos nomear o que nos é dado ver e isso confere à nossa realidade uma forma de existência. Neste sentido usar a linguagem é uma forma de construirmos um mundo e de registarmos as nossas experiências. É com elas que organizamos aquilo que podíamos chamar de bibliotecas interiores e que estão associadas à nossa memória.

As bibliotecas procuram em diferentes graus da sua ação trabalhar essa memória pelas palavras e pelos recursos que estão à nossa disposição. É com eles e em diferentes formas de linguagem que podemos chegar a uma ideia essencial, a de sonhar possibilidades e com elas aceder a uma construção de conhecimento. É neste sentido que o conjunto das Bibliotecas Escolares do Agrupamento de Escolas António Rodrigues Sampaio irá propor todos os meses um conjunto de autores (escritores / ilustradores / pensadores) que procurarão ir de encontro aos interesses e gostos de leitura dos alunos e que se relacionam com os objetivos do currículo.

Esta ideia do autor do mês pretende divulgar um conjunto de autores, que pela sua importância, diversidade e alcance cultural e educativo possam interessar a diferentes públicos. Nesta proposta poderá haver uma reformulação em função de interesses manifestados neste sentido.  Através das estruturas intermédias (os Departamantos) faremos chegar essas propostas para chegarmos a um consenso sobre os destaques a realizar.

Na Biblioteca haverá um cartaz identificando algumas das suas obras e no Boletim Mensal estará disponível uma biografia sobre os mesmos. A equipa da Biblioteca apresentará igualmente um boletim bibliográfico sobre o referido autor. No blogue dar-se-á destaque a elementos importantes da sua obra literária. 

(1) António Lobo Antunes, "Já escrevi isto esta manhã", in Quinto Livro de Crónicas, pág.85

terça-feira, 10 de setembro de 2019

Do regresso... com sonhos

Regressar é uma continuação, uma forma renovada de olhar para outras coisas. Regressar é de certo modo um tipo diverso de recomeço, uma forma de olhar uma ideia original e de contemplar novos horizontes. Acreditemos no regresso como uma esperança, como uma forma  de construir sonhos capazes de desfrutar a experiência da beleza que nos rodeia. Regressar é uma outra forma de disfrutar o universo que nos chega de diferentes modos e que tentamos compreender.
Um bom regresso a todos...

quarta-feira, 4 de setembro de 2019

Começar

"A palavra escrita ensinou-me a escutar a voz humana" (1)

As Bibliotecas que formam o Agrupamento de Escolas António Rodrigues Sampaio vão procurar desenvolver neste espaço, introduzir um conjunto de ideias, sugestões, atividades, recursos de informação que possam de uma forma positiva e dinâmica apresentar o que é o papel e a função de uma Biblioteca Escolar.  Este blogue, de um conjunto de bibliotecas escolares procura ser um espaço digital que procura refletir sobre os sentidos, tons e linhas das palavras, a matéria-prima dos livros. 
Neste espaço iremos procurar ser nos próximos meses um lugar, um ambiente de comunicação onde se descrevem sonhos relativos  à natureza humana. Fazemos parte de uma espécie que utiliza a palavra para se exprimir, para como diz António Lobo Antunes «estar mais perto do coração da vida».
De diferentes modos serão as palavras o que irá alimentar este espaço que procura ser sobretudo uma plataforma de comunicação de uma comunidade educativa. É pelas palavras, pelo uso da linguagem que assimilamos o mundo, é com elas que procuramos fazer uma viagem de significado com a vida. É com elas que tecemos com a imaginação, com a memória os espaços que construímos com as pessoas.  

As palavras são a expressão gráfica dos sonhos que envolvem a natureza humana. Exprimimos com as palavras a memória dessa ambição de tocar a beleza e a liberdade. As palavras que nos devolvem aos olhos e à respiração os livros são companheiros de uma viagem longa, atribulada, inconstante e desconhecida. Conduzimos pelos livros uma imensa aventura onde procuramos acrescentar uma linha, um olhar, um traço, uma palavra à fantástica aventura da vida. Lemos, pois para que possamos renascer todas as manhãs.

Iremos assim, neste espaço apresentar escritores, pensadores, ideias, no sentido que isso promova a leitura e a escrita. Introduziremos livros e ideias de diferentes contextos. Falaremos de nós e dos que nos lerem e ouvirem. Procuraremos ser aqui um espaço de escrita, um suporte de divulgação de palavras, de textos, de imagens vindas dos alunos, dos docentes e dos que nesta comunidade nos quiserem acompanhar. Apelamos à participação dos docentes e à publicação de textos, de produtos informativos, de trabalhos resultantes de situações de aprendizagem realizados com os alunos.
Fazemos uma primeira proposta. Justamente iniciando com os docentes, a apresentação breve de um pequeno livro, de uma leitura significativa, pela ideia, espaço ou tempo em que decorreu. Bastará enviar o mesmo para o mail da Biblioteca (em atualização). Sempre que for possível e os docentes e alunos os achem significativos ou interessantes, o blogue procurará dar visibilidade ao que se realiza nas escolas em diferentes contextos. Com as palavras, com a imagem e com os recursos que podem ser disponibilizados. É nesse sentido que o iremos utilizar.

Iniciamos este caminho convidando todos a interagir, neste projeto, que procura lidar com a memória do Homem, a sua História, isto é a sua humanidade, o seu conhecimento, as suas emoções, como elemento comum a dinamizar este projeto de leitura e escrita.
(1) Marguerite YourcenarMemórias de Adriano