quinta-feira, 30 de abril de 2020

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A Civilização Fenícia   (1500 a 700 a.C.) - A sociedade  e a arte - 

Não deixa de ser curioso que dos inventores do alfabeto não existam grande registos escritos da sua própria cultura. Na verdade o conhecimento da Civilização Fenícia chega-nos muito por fonte indireta, dos povos que os dominaram quer tenham sido os Persas, os Gregos ou os Romanos. A Civilização Fenícia foi algo como uma fénix que soube sobreviver em diferentes aspetos, entre a Idade do Bronze e o início da era cristã, mesmo quando já não existia.

Os Fenícios foram o povo com mais importância no comércio do Mediterrâneo, no Mundo Antigo. Oriundos da zona da Síria e do Líbano ocupavam uma faixa de território na parte mais oriental do Mediterrâneo. Com o desenvolvimento de cidades  junto à costa, como Biblos, Sídon ou Tiro fizeram dos portos naturais e das zonas costeiras espaços de grande comércio. As zonas montanhosas davam-lhes  acesso às florestas de madeira de cedro, um dos seus grandes produtos de comércio. As conquistas de Alexandre no século III a.C, colocariam fim a esta civilização.

Além do comércio praticavam a agricultura de cereais, da vinha, do algodão e do linho. Apesar disso, a sua marca mais importante foi o comércio, através da construção de um conjunto de rotas que os levariam a percorrer todo o Mediterrâneo, alargando a sua influência em toda a costa africana, na Península Itálica e na Península Ibérica. É aceite que tenham chegado às Ilhas Britânicas. Em muitos pontos destas rotas criaram colónias e feitorias e que serviam como locais de comércio. As mais importantes foram Cartago, no norte de África, Palermo no sul da Península Itálica e Cádis na Península Ibérica. Este desenvolvimento comercial foi único no Mundo Antigo e constitui uma das marcas desta civilização.

A civilização comercial dos Fenícios procurava nesses diferentes locais matérias-primas que usava para a produção de diversos produtos. Além das matérias-primas locais procuravam metais preciosos para a produção dos mais diferentes objetos. É de destacar os feitos em  cerâmica, em marfim e em madeira de cedro. Já produziam o vidro, o que aprenderam com os Egípcios, sendo o seu de maior qualidade, mais transparente devido à composição das areias do Mediterrâneo Oriental. Produziam um tinta designada púrpura que era feita a partir de um corante natural, um marisco (O múrice) que era usada para tingir os tecidos.


A Civilização Fenícia produzia os seus produtos numa quantidade assinalável e conseguia colocá-los em largas zonas do seu comércio marítimo. A construção naval foi outra atividade de grande relevo para esta civilização. O fim da civilização fenícia não significou o fim da sua sociedade, pois os povos do Mediterrâneo conscientes da sua superioridade mantiveram muitas das suas formas de trabalho e produção. 

A Civilização Fenícia organizava-se em cidades-estado, um pouco como iria fazer a Civilização Grega, com governos próprios independentes uns dos outros.  Na Fenícia o sistema de governo era uma monarquia chefiada por um rei e que era muitas vezes o mais rico mercador da cidade.  Existiam diferentes grupos sociais como, os artífices, os marinheiros, os camponeses e os escravos.

Das suas atividades culturais, a escrita alfabética foi a mais importante. A escrita das civilizações do Mundo Antigo baseava-se em imagens, o que era muito repetitiva e pouco prática. Com os Fenícios desenvolveu-se uma escrita baseada em sons que eram representados por 22 sinais, a que se deu o nome de alfabeto. Foi do alfabeto fenício que se desenvolveram outras escritas alfabéticas, como a da Civilização Grega e Romana. A invenção da escrita alfabética fez aproximar grupos e povos no espaço do Mediterrâneo.

 A arte da Civilização Fenícia foi marcada pelas viagens comerciais realizadas no Mediterrâneo. Não foi uma arte marcada por uma grande originalidade, mas procurou inspirar-se nos povos que visitava. As sepulturas dos Fenícios são semelhantes às que se encontram, por exemplo na Mesopotâmia.

Construíram altares nas zonas mais altas das suas cidades, onde faziam sacrifícios a divindades que se identificavam com a Natureza.


 Na Arquitetura criaram templos com grandes pátios orientados a partir de um altar principal  e decorados com colunas e estátuas. A verticalidade dos monumentos era a sua principal característica, pois eram monumentos erigidos em pequenos espaços. Nas cidades construíram palácios e templos. Na Escultura representaram divindades e outras figuras em pedra, marfim e terracota. A cerâmica Fenícia foi uma das áreas mais importantes da sua produção artesanal.

A influência de outras civilizações marcou muito a arte funerária, onde se verifica a influência de diversas civilizações do Mediterrâneo, a Micénica,a Grega ou a Egípcia. Influência que se nota ou nos motivos decorados, ou na organização espacial dos túmulos. Realizaram trabalhos em marfim (estatuetas), em ouro, prata, cobre e bronze (objetos para os santuários, jóias, ou moedas), assim como se dedicaram à produção artesanal de mobiliário. Os objetos eram decorados  com elementos do quotidiano ou com representações de animais, ambas muito naturalistas e fiéis à realidade.

Na Pintura as características são idênticas à da escultura, pois as duas incorporavam-se um na outra, fazendo os artesãos a pintura das obras esculpidas nos diferentes materiais.

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