segunda-feira, 1 de junho de 2020

Biblio@rs (XVIII-IX)

 A Civilização Grega - As manifestações artísticas: a escultura

A ideia que temos é de que a escultura grega exprimiu de uma forma grandiosa todo o pensamento grego, nesse ideal por uma dimensão humana feita de harmonia e equilíbrio. Estudar a escultura grega, saber muito sobre ela não é fácil, pois a maioria delas desapareceu e as que conhecemos são réplicas romanas, ou ainda pior são cópias de épocas tardias, pois a Civilização Grega influenciará largos momentos da História da Humanidade.

A escultura grega foi pensada com um objetivo que a arquitetura também perseguiu, prestar homenagem às divindades e representá-los à escala humana, em função das necessidades dos homens. A representação humana realizada nas esculturas não apresentavam uma figura como ela existia, mas sim fazia uma idealização que se prendia aos critérios das proporções de uma harmonia geral. As formas da escultura grega tentam alcançar o que seria a perfeição na beleza humana.

A escultura grega passou por diferentes fases, nas quais as suas características evoluíram. Podemos distinguir as seguintes fases:
1 - Séculos VIII a V a.C. - Estilo Arcaico - nas suas principais características encontramos ainda uma postura rígida, frontal , com os braços ainda a não revelarem movimento, mas ficando pendentes ao longo do corpo. Nota-se neste período alguma influência da estatuária egípcia, também ela de construção muito rígida, embora na escultura grega já se pressintam nos olhos um movimento como quem caminha, uma intenção de revelar uma dimensão interior. Os Kourai são um dos exemplos desse período. Estas figuras são figuras heróicas existindo também a versão feminina, as Korai que eram imagens de mulheres vestidas para serem colocadas em santuários, ou em túmulos.

2 - Século V a.C. - inicia-se neste período uma grande preocupação por representar o movimento, ao mesmo tempo que se observa a construção das regras das proporções. Um dos exemplares deste período é a Auriga de Delfos, datada de 470 a.C., que nos oferece uma representação que parece contemplar o que observa. A figura parece ter sido imobilizado perante algo, não tem elementos decorativos e a anatomia humana é representada com muito cuidado. A representação em bronze de atletas e divindades ajudou a fixar um movimento e um estilo de escultura. 

Neste período entramos na fase clássicas em que a Civilização grega nos deu diversas obras primas. Um novo conceito de representação surge, o chamado contraposto, em que o corpo fica apoiado numa perna, enquanto a outra flete. A representação naturalista dos corpos ganha significado e o sorriso ou expressão facial desaparecem. O Discóbolo de Míron, data do de 450 a.C., é um dos símbolos desta fase. 

As obras de Fídias no Pártenon com a construção em relevo dos frisos e frontões atinge uma expressão de movimento muito significativo. O naturalismo, a serenidade da expressão e o equilíbrio da representação dominam a escultura deste período. Existem diversos trabalhos na Acrópole que acompanham este período, como por exemplo a estátua de Zeus em Olímpia, ou a representação de Atena no Pártenon. Estas obras são consideradas as maiores construções da escultura do período clássico. 

A culminar a perfeição da representação humana, Policleto em 44o a.C., criou O Doríforo que estabelece a regra da representação humana, o chamado cânone, que era uma regra sobre as proporções e que tentava construir um equilíbrio na representação que integrasse o movimento, a harmonia anatómica e a própria altura da figura representada.

3- No fim do século V a.C.  e na transição para o século seguinte fá-se um novo período designado o segunda fase do idade clássica. As regras mantêm-se as mesmas do período anterior, mas a representação mais descontraída, mais ligeira, com uma expressão da sensualidade do corpo de modos mais efetivo. O humor, o erotismo e a emoção passam por figuras como Sátiro em descanso, ou Hermes com Dioniso, ambos de Praxiteles. Ganha-se uma dimensão mais emotiva e perde-se a visão épica, pois a escultura ganha uma dimensão de movimento ondulante, o que não se verificava antes.

4 - A escultura helenística prosseguiu o que a segunda fase do classicismo grego já tinha construído, a saber o abandono de uma visão mais racional para uma expressão de sentimento e uma exteriorização das emoções.  Lisipo é a principal figura deste período em que a exterorização das emoções vai mais longe. Influenciada pelas conquistas de Alexandre, a escultura grega abandona os valores clássicos da beleza ideal e explora os sentimentos, como o sofrimento ou a tragédia. A Vénus de MIlo ou O Laocoonte e os seus filhos são obras que representam esta fase.

O retrato surge na civilização Grega, justamente neste período com Lisipo e a conhecida expressão a Alexandre Magno. Por fim importa dizer que a principal matéria-prima da escultura grega foi o mármore, que tinha grandes qualidades para a expressão pretendida. De todos os mármores usados o mais apreciado era o que vinha de Paros no mar Egeu, pois a luz tinha a possibilidade de o travessar quando  a escultura tinha até 3, 5 cm de espessura, o que nas tardes solares gregas deve ter causado grande impressão aos habitantes desta brilhante civilização.
Imagens:
 Apolo, Posídon e Ártemis num dos frisos do Pártenon / Koré de Eutidyco
 Auriga de Delfos / Vénus de Milo 

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