Espaço institucional de partilha e divulgação das atividades das Bibliotecas Escolares do Agrupamento de Escolas António Rodrigues Sampaio
segunda-feira, 31 de janeiro de 2022
sexta-feira, 28 de janeiro de 2022
quinta-feira, 27 de janeiro de 2022
Memória e Civilização - O Holocausto
É a narrativa mais difícil de explicar. De certo modo é inexplicável, pois pretende compreender o impossível. Um impossível que nos remete a nós todos para a dimensão não humana, a prática de qualquer coisa que não nos torna sequer criaturas de Deus. Acreditámos muitas vezes em caminhos redentores de magia - o conhecimento e a cultura para nos resgatar de uma dimensão de animalidade. Caminho errado e sem respostas. Acreditámos que o bom senso reuniria todos os jovens corações pelo bem, pelo aceitável. Outro erro.
Inspirámo-nos em velhos manuais de História, de Economia, de Cultura e Civilização para explicar este mal absoluto do espírito convencidos que há sempre uma racionalidade em cada gesto. Outro erro. Inspirámo-nos em velhas crenças que a maldade só era servida por figuras de segundo plano e votados ao insucesso. Outro erro. O mal pode ser servido por génios. E como se transformam pessoas de bem em condutoras de uma religião de morte? Cultura, civilização, pensamento, onde se distinguem quando são construção do saber e ideologia, a propaganda do poder absoluto sobre tudo, incluindo a vida?
Na total incapacidade para explicar o inexplicável, a indiferença de tantos para com o sofrimento, incluindo os que se dedicavam ao estudo de um Homem e de uma Humanidade sem rosto, um filme para ver essa raridade que foi o compromisso para com a vida no interior da Alemanha nazi. A rapariga que roubava livros, um filme a partir de um livro. Um filme sobre a coragem, a esperança de renovar a vida e o papel dos livros para iluminar a vida.
O trail do filme, baseado num livro que vale a pena descobrir.
Uma obra de arte - Um Auriga
Memória e Cidadania
A democracia trouxe consigo um conjunto de possibilidades à participação dos cidadãos na construção de uma comunidade alargada de pessoas com valores, direitos e deveres. A partir da escolha de algumas palavras (política, cidadãos, constituição, Estado, Nação, democracia, liberdade) foram discutidos com os alunos num formato de diálogo o que estes conceitos representam para a sociedade e como nos afetam como cidadãos.
Um poema - Que é voar
É só subir no ar,
levantar da terra o corpo, os pés?
Isso é que é voar?
Não.
Voar é libertar-me,
é parar no espaço inconsistente
é ser livre, leve, independente
é ter a alma separada de toda a existência
é não viver senão em não-vivência.
E isso é voar?
Não.
Voar é humano
é transitório, momentâneo…
Aquele que voa tem de poisar em algum lugar:
isso é partir
e não voltar.
Ana Hatherly, ‘Que é voar’. Poesia 1958-1978.
Literatura e Cidadania (o Holocausto)
9 de julho de 1933
quarta-feira, 26 de janeiro de 2022
O livro do mês
"Nunca nenhum de nós se tinha encontrado numa situação tão perigosa como a da noite passada. Deus protegeu-nos. Imagina a Policia a remexer na estante da nossa porta giratória, iluminada pela luz acesa, sem dar connosco! Em caso de invasão, com bombardeamentos e tudo, cada um de nós pode responder por si próprio. Neste caso, porém, não se tratava só de nós, mas também dos nossos bondosos protectores.
Estamos salvos. Não nos abandones! É apenas isto que podemos suplicar.Este acontecimento trouxe consigo algumas modificações. O sr. Dussel já não trabalha à noite no escritório do Kraler mas sim no quarto de banho. Às oito e meia e às nove e meia o Peter faz a ronda pela casa. Já não pode abrir a janela durante a noite. Depois das nove e meia não podemos utilizar o autoclismo do W.C. Hoje à noite vem um carpinteiro reforçar as portas do armazém. Há discussões a tal respeito, há quem pense que não se devia mandar fazer isso.
O Kraler censurou a nossa imprudência e também o Henk disse que não devíamos em tais casos descer ao andar de baixo. Fizeram-nos ver bem que somos «mergulhados», judeus enclausurados, presos num sitio, sem direitos, mas carregados de milhares de deveres. Nós, judeus, não devemos deixar-nos arrastar pelos sentimentos, temos de ser corajosos e fortes e aceitar o nosso destino sem queixas, temos de cumprir tudo quanto possível e ter confiança em Deus. Há-de chegar o dia em que esta guerra medonha acabará, há-de chegar o dia em que também nós voltaremos a ser gente como os outros e não apenas judeus.
Quem foi que nos impôs este destino? quem decidiu excluir deste modo os judeus do convívio dos outros povos? quem nos fez sofrer tanto até agora? Foi Deus que nos trouxe o sofrimento e será Deus que nos libertará Se apesar de tudo isto que suportamos, ainda sobreviverem judeus, estes servirão a todos os condenados como exemplo. Quem sabe, talvez venha ainda o dia em que o Mundo se aperceba do bem através da nossa fé, e talvez seja por isso que temos de sofrer tanto. Nunca poderemos ser só holandeses, ingleses ou súbditos de qualquer outro pais. Seremos sempre, além disso, judeus. E queremos sê-lo.
Não percamos a coragem. Temos de ter consciência da nossa missão. Não nos queixemos, que o dia da nossa salvação há-de chegar. Nunca Deus abandonou o nosso povo. Através de todos os séculos os judeus sobreviveram. Através de todos os séculos houve sempre judeus a sofrer, mas através de todos os séculos se mantiveram fortes. Os fracos desaparecem mas os fortes sobrevivem e não morrerão!
Naquela noite pensei que ia morrer. Esperava pela Policia, estava preparada como os soldados no campo de batalha, prestes a sacrificar-me pela pátria. Agora que estou salva, o meu desejo é naturalizar-me holandesa depois da guerra. E Gosto dos holandeses, gosto desta terra e da sua língua. É aqui que gostava de trabalhar. E se for preciso escrever à própria rainha, não hei-de desistir enquanto não conseguir este meu fim.
Sinto-me cada vez mais independente dos meus pais. Embora seja muito nova ainda, sei, no entanto, que tenho mais coragem de viver e um sentido de justiça mais apurado, mais seguro do que a mãe. Sei o que quero, tenho uma finalidade, uma opinião, tenho fé e amor. Deixem-me ser eu mesma e estarei satisfeita. Tenho consciência de ser mulher, uma mulher com força interior e com muita coragem.
Se Deus me deixar viver, hei-de ir mais longe de que a mãe. Não quero ficar insignificante. quero conquistar o meu lugar no Mundo e trabalhar para a Humanidade.
O que sei é que a coragem e a alegria são os factores mais importantes na vida!"
(Excertos do diário de Anne Frank, um dos muitos testemunhos sobre a representação no quotidiano do Holocausto e da ameaça aos judeus).
quinta-feira, 20 de janeiro de 2022
CNL 2022 - alunos apurados
quarta-feira, 19 de janeiro de 2022
Um poema - é urgente o amor
Uma obra de arte - a Escultura
As estátuas são formas humanas onde fazemos repousar um sentido de perfeição, uma pureza de linhas capaz de guardar no tempo os nossos ideias de beleza, a revelação de emoções que queremos exprimir em dias mais sucessivos que a vida que nos é dada viver. Ter sido é a referência da posteridade, essa incapacidade de admirar o exposto sem se saber realmente como se foi, o quanto se foi. Mas isso pouco importa para os admiradores do futuro, os que vierem de séculos por nascer. Por agora vive numa eternidade, este nu brilhante desenhado na pedra como uma carícia continuada de mãos e pó deslizando em formas construídas. A estátua é um momento de solidão, o contorno das emoções desenhadas na pedra, a perfeição de um sentido vivo, imaginado, pensado. A estátua oferece-se à eternidade como a plenitude de um momento sagrado, quando a beleza apenas existia. Quando a vida se aproximava só, ainda sem tentações de tempo. A estátua tem múltiplas vidas, desde que se vai formando pela mão do escultor que compreende o seu material, o formaliza em conceitos de substância até que ela própria ilumina o real e a vida dos que a contemplam. A estátua estará exposta ao ruído do mundo, às tentativas devoradoras do tempo e como a vida de qualquer humano sofrerá adoração, admiração ou indiferença.
Estátua
de David (1504) – Miguel Ângelo, Galleria dell’Accademia, Florença.
terça-feira, 18 de janeiro de 2022
segunda-feira, 17 de janeiro de 2022
O escritor do mês - Entre Miguel Torga e Eugénio de Andrade
quarta-feira, 12 de janeiro de 2022
Um poema - Coração Habitado
Na lembrança de uma humildade feita em sabedoria e em palavras, como planaltos de emoção. Eugénio de Andrade!
De um tempo, onde entre silêncio e
vento, ele próprio deambulava por esse nome da tarde que ele dava à cidade das
camélias, o Porto, como um refúgio de pássaros. Ele que buscava as palavras com
aquela ideia telúrica e desassossegada de construir um olhar na cidade. E do
jacarandá da praça o vimos entoar passos, velhos um pouco como ele e a guardar
no coração as lágrimas dos miúdos escondendo do azul a sua melancolia. Corria a
Ribeira, a Sé e o Jardim do Passeio Alegre, a meio caminho da Foz para em cada
praça, ou rua aprender a ser árvore e entoar com os pardais palavras de
silêncio e pedaços de vida. E entre os muros de granito imaginava palavras tão
solares como a claridade desenhada em tardes de Primavera. Eugénio criou um
imaginário do Porto e houve um tempo em que era fácil encontrá-lo e descobri-lo
e essa era uma cidade fascinante, onde o corpo e a alma alimentaram a sua
pureza e o seu minimalismo.
Uma obra de arte - Apolo e as Ninfas
abandona ao barro o cheiro a mel da sua flor.
No meio, uma árvore de incenso desprende um sacro aroma;
a água está fresca, doce e pura.
carregada de queijo e de pingue mel.
Ao meio, o altar está todo coberto de flores.
Ao deus devem os homens sensatos entoar primeiro um hino,
com ditos de bom augúrio e palavras puras.
com justiça — pois isso é a primeira lisa —
não é insolente beber até ao ponto de se poder voltara casa
sem ajuda de um escravo, a menos que se seja muito idoso."
Imagem: Apolo e as Ninfas, de François Girardon (1666-73), na Gruta de Apolo, em Versalhes
segunda-feira, 10 de janeiro de 2022
Faça lá um poema - Ebook
Recomeçar