quinta-feira, 17 de novembro de 2022

Mar de Histórias

 

Os alunos do oitavo do agrupamento tiveram a oportunidade de conhecer um conjunto de Histórias relacionadas com o naufrágio de uma embarcação quinhentista em Belinho. A arqueológa Ana Paula Almeida apresentou o trabalho desenvolvido desde o achamento realizado por Luís Calheiros e Emanuel Sá, João e Alexandre Sá. 

Os alunos puderam conhecer o modo técnico como a recuperação tem sido feita e o que tem sido encontrado e como eles contam uma parte importante da História marítima em que Esposende participou. Foram encontrados um conjunto de achados, desde madeiras, artefatos metálicos diversos, pratos metálicos que serviam para oferendas, assim como uma âncora pelouros e algumas bocas de fogo ainda presentes no fundo do oceano.

A sensibilização pelo valor do património, o seu papel na história local e global, assim como o valor do estudo da História, como elemento fundador de uma memória foram amplamente destacados. A acompanhar a apresentação do projeto relativo ao naufrágio de Belinho foram expostas algumas peças que documentaram esse conjunto de histórias que o mar alberga e que todos ganham em conhecer. A criação de uma carta arqueológica marítima do concelho, entre Belinho e a Apúlia / Fão é um dos projetos que decorre deste trabalho de grande valor científico. 

Imagem do espólio - Jornal Público

Filosofia para crianças - As mais belas coisas do mundo

 


Em jeito de homenagem ao Dia Mundial da Filosofia que se comemora no próximo dia dezoito, ontem, dezasseis de novembro, pela manhã, a turma FI, do 3.º ano do Centro Escolar de Forjães, foi à biblioteca da escola, realizar uma atividade especial, com a presença do professor Luís.

O professor começou por mostrar algumas imagens aos alunos, para que tentassem "descobrir" sobre o que falava o livro que ele iria ler. Os alunos deram alguns palpites. De seguida, o professor leu a história de Valter Hugo Mãe – “As mais belas coisas do mundo”, que fez os alunos pensar e dialogar.

Depois, cada criança foi convidada a ler um excerto do livro e a fazer uma reflexão. Destas reflexões surgiram muitas perguntas, que a professora Júlia registou num quadro improvisado. Os professores concordaram que as questões colocadas pelos alunos eram muito pertinentes, sendo que umas teriam respostas, e outras, talvez, não… E que, afinal, talvez, fosse mais fácil responder do que perguntar. 

O professor Luís pediu, ainda, que os alunos registassem o que para eles era a mais bela coisa do mundo.

Para concluir, dizer que os alunos gostaram muito desta atividade. De aprender sobre o que pode ser Filosofia, e que mal podem esperar pela próxima semana, para a segunda parte desta bela iniciativa.

Professora Júlia Claro / 3.º FI

quarta-feira, 16 de novembro de 2022

Da Filosofia

 


A palavra ainda assusta e, no entanto, ela refere-se a algo que foi inventado há muitos séculos na antiga civilização grega. Vivemos num mundo habitado por pessoas, por coisas, ideias, sentimentos e quando cá chegamos, nós e todos os que são mais jovens defrontam-se com uma questão essencial. Como tudo começou e se tem uma duração limitada tem em si um valor muito valioso. Assim, como olhar para o que nos rodeia e pensar sobre aquilo que nos importa, que queremos conhecer.

Oficina de Filosofia é apenas uma forma não de encontrar respostas, mas de fazer perguntas, de modo a estimular a capacidade de pensar e de fazer refletir sobre coisas simples, mas que afetam a vida de todos. O que é uma pergunta, que características tem e as palavras o que nos podem dizer, o que podemos fazer com elas. Por que gostamos de histórias e porque elas ensinam a imaginar a tantas coisas?

Que coisas conseguimos explicar? O que lemos e o que sentimos pode ser expresso em palavras, ou os desenhos também nos podem explicar? E se não percebemos algo, como o explicamos a outros? Em que momentos usamos a imaginação? O preço e o valor das coisas são a mesma coisa ou existem diferenças? E conseguimos encontrá-las em momentos da nossa vida.

É um pouco isto e o ponto de partida foi um livro de Valter Hugo Mãe, As mais belas coisas do mundo. Descobri-las e pensar nelas como algo onde cada uma toca no seu quotidiano e pensar com os mais pequenos em perguntas como, pode-se amar ou gostar do que não se conhece? como conhecer as coisas que o mundo e os outros nos mostram? ou pode um abraço ser um espaço para se habitar, se viver, como uma casa?

Sobretudo fazer perguntas e pensar a partir de situações diversas para incentivar o antigo desejo da Filosofia grega, de analisar o que fazemos, pensamos e sentimos e como avaliamos o que fazemos. O vocabulário e a linguagem é um dos meios para formular essas perguntas e alargar o que conhece. A Filosofia vive do deslumbramento pelas coisas, as crianças da curiosidade e os seus porquês são um bom caminho para pensar, em círculo, como se cada um estivesse a procurar conhecer um mistério ou algo que não se conhece ainda.


Memória de José Saramago


Às vezes pergunto-me se certas recordações são realmente minhas, se não serão mais do que lembranças alheias de episódios de que eu tivesse sido actor inconsciente e dos quais só mais tarde vim a ter conhecimento por me terem sido narrados por pessoas que neles houvessem estado presentes, se é que não falariam, também elas, por terem ouvido contar a outras pessoas. Não é esse o caso daquela escolinha particular, num quarto ou quinto andar da Rua Morais Soares, onde, antes de termos ido viver para a Rua dos Cavaleiros, eu comecei a aprender as primeiras letras. Sentado numa cadeirinha baixa, desenhava-as lenta e aplicadamente na pedra, que era o nome que então se dava à ardósia, palavra demasiado pretensiosa para sair com naturalidade da boca de uma criança e que talvez nem sequer conhecesse ainda. É uma recordação própria, pessoal, nítida como um quadro, a que não falta a sacola em que acomodava as minhas coisas, de serapilheira castanha, com um barbante para levar a tiracolo. Escrevia-se na ardósia com um lápis de lousa que se vendia em duas qualidades nas papelarias, uma, a mais barata, dura como a pedra em que se escrevia, ao passo que a outra, mais cara, era branda, macia, e chamávamos-lhe «de leite» por causa da sua cor, um cinzento-claro, tirando a leitoso, precisamente. Só depois de ter entrado no ensino oficial, e não foi nos primeiros meses, é que os meus dedos puderam, finalmente, tocar essa pequena maravilha das técnicas de escrita mais actualizadas.”

 (Recordar as palavras de Saramago, na sua memória de infância, hoje no centenário do seu nascimento).

terça-feira, 15 de novembro de 2022

Visita ao Castro de São Lourenço

 

As turmas do 5.º ano do agrupamento visitaram em diferentes dias o Castro de São Lourenço, um dos mais importantes vestígios arqueológicos do concelho de Esposende e daquilo que no Noroeste da Península Ibérica ficou conhecido como de cultura castreja. No norte de Portugal, desde o fim da Idade do Bronze até ao domínio romano, uma cultura de características muito próprias, que designamos de "castreja" viveu em espaços designados, Castros, ou Citânias.
 
Os alunos foram recebidos no Centro de Interpretação do Castro de São Lourenço por uma técnica que acompanhou os alunos na visita e lhes deu um conjunto de informações sobre alguns aspetos, como:
  • o tempo da sua construção;
  • a localização e os motivos da sua escolha para aquele tipo de comunidades;
  • os espaços do castro - os materiais usados e a construção das habitações;
  • a alimentação que realizavam e o modo como os recursos naturais eram aproveitados;
  • evolução do castro e as transformações ocorridas com a romanização.
 Os alunos visitaram uma das habitações, onde puderam conhecer o interior de uma delas, o modo como a vida se organizava e a forma e materiais daqueles espaços. Os alunos puderam subir à capela no monte de São Lourenço, onde a paisagem revela os espaços da parai, da foz do rio Cávado e da ocupação do território. Esse conhecimento permitiu conhecer os espaços que junto às lagoas (existentes em séculos passados), onde diferentes atividades permitiam ter acesso a diferentes produtos ligados à exploração dos recursos naturais.
 
A visita de estudo terminou com a visita aos painéis do Centro Interpretativo de São Lourenço, onde os alunos tomaram conhecimento sobre as diferentes culturas existentes na Península Ibérica anteriores ao domínio romanos e aos locais ,onde a cultura castreja se define a norte do rio Douro, como um dos marcos da ocupação do território. Os alunos observaram um pequeno filme sobre a forma de vida destas comunidades e receberam um exemplar do livro, Caturo, a história do pequeno guerreiro.
 
A visita foi excelente nos recursos e no olhar sobre os materiais arqueológicos e aquilo que eles nos podem dizer sobre uma cultura e o modo como se relacionou com o território. A reconstrução feita é um recurso extraordinário para conhecer a cultura castreja no noroeste da península e em concreto, como elemento essencial do património de Esposende. Os alunos mostraram-se interessados sobre este "modo de vida" de outros tempos., tendo esta visita de estudo enriquecido os seus conhecimentos sobre este período da Pré-História.