segunda-feira, 16 de maio de 2022

O século XX | Entre o Expressionismo e a Abstração


A arte do século XX caminhou em muitas áreas para um desligamento dos valores do belo, algo que fazia parte da tradição e da cultura em séculos anteriores. A arte passou a revelar o caos em que o mundo se transformou e a relação emotiva que a a arte permitia, assim como a identificação do mundo como uma casa foi-se perdendo. O Expressionismo e a Abstração criaram algumas das obras do século passado.

O Expressionismo foi dominado por uma abordagem excessiva dos domínios emocionais e psicológicos. As cores muito fortes a dar forma a imagens exageradas nas formas evocava o abismo e os aspetos sombrios da mente humana. Ernst Ludwig Kirchner, Georges Rouault, Emil Nolde ou Max Beckmann foram exemplos dessa expressão artística.

Ao mesmo tempo, na Alemanha a A arquitetura de Bauhaus apresentava um estilo geométrico, feito da economia do traço e de um aspeto mais austero. Na arte Paul Klee, ou Wassily Kandinsky foram alguns dos elementos ligados à escola de Bauhaus.

Wassily Kandinsky ficou ligado a essa ideia da abstração, em que a cor domina a tela e em borrões impercetíveis se definem ideias muitas vezes confusas, onde o movimento e o entusiasmo referem uma ideia abstrata. Mais tarde a sua arte evoluiu para padrões visuais, onde as suas ideias de contemplação ficaram marcadas, como o ponto para compreender essa abstração.

Paul Klee foi outro dos artistas a caminhar para a abstração, embora tenha uma intenção de o conjugar d euma forma mais concreta com o real. Klee foi sobretudo um grande pintor no uso da cor e da linha. Esteve igualmente ligado à escola Bauhaus. 

O Peixe Dourado, de 1925/296 é um dos seus quadros mais interessantes. O peixe que assume formas grandes ilumina e dá significado de mistério ao espaço do oceano. Todos os outros peixes dão significado às suas linhas mágicas e ao mistério do oceano perfumado de um azul cheio de vida. No fundo Paul Klee acreditava que era importante criar mundos alternativos, o que era essencial para quem viveu um período tão difícil, como o da Alemanha na década de trinta do século passado.

O Peixe Dourado / Paul Klee, 1925/1926, Instituto de Arte da Filadélfia, Estados Unidos.

sexta-feira, 13 de maio de 2022

Biografia - Salgueiro Maia


Fernando José Salgueiro Maia foi um dos capitães de Abril, tendo tido nesse movimento uma papel muito importante.

Salgueiro Maia nasceu a um de julho de 1944, na vila de Castelo de Vide. Muito cedo perdeu a sua mãe, o que lhe deixou para a vida uma certa tristeza. No entanto, nunca desistiu de fazer a sua vida, de acordo com as suas ideias. Fez o ensino secundário em Leiria e em 1964 entrou para a academia militar e mais tarde foi colocado na escola prática de cavalaria de Santarém, tendo chegado a participar na Guiné, na guerra colonial, para onde foi em 1971.

A 25 de Abril de 1974 participou no movimento dos capitães. A sua participação na guerra colonial mostrou-lhe a injustiça do que estava a acontecer e decidiu dar a sua colaboração para esse movimento. 

Salgueiro Maia foi um herói por ter ajudado a construir um país com liberdade, tendo apenas querido ajudar. Morreu cedo, com uma doença grave, com apenas 47 anos. Em 1983, 1992, 2007 e 2016 recebeu a título póstumo diferentes agradecimentos, como a Grã-Cruz da Ordem do Infante D. Henrique ou a Grã-Cruz da Ordem da Liberdade, entre outros.

Alexandre e Inês, 6.º FB

quinta-feira, 12 de maio de 2022

Biografia - António de Spínola

 

António de Spínola foi uma figura ligada ao 25 de Abril de 1974 e que chegou a ser por um pequeno período, presidente da República após aquele acontecimento.

 Nasceu em Estremoz em 11 de abril de 1910 e estudou no Colégio Militar, entre 1920 e 1928.  Toda a sua vida esteve ligado à vida militar. Entre Entre 1939 e 1943 desempenhou a função de ajudante de campo do comandante-geral da GNR. Na década de trinta participaria das forças portuguesas que davam apoio ao regime de Franco durante a guerra civil. 

Spínola participou na guerra colonial como voluntário, devido à idade que tinha quando a guerra começou nos anos sessenta. Em maio de 1968, foi designado governador e comandante-chefe das Forças Armadas da Guiné, para onde partiu em 1968 e ficou até 1973 e onde a sua ação se destacou. 

Apesar do seu sucesso na Guiné, Spínola procurou melhorar a relação dos portugueses com as populações locais e para ele a guerra não se poderia resolver com o uso da força. Spínola tornou-se uma figura conhecida no seu tempo. Em 74 é nomeado  como vice-chefe do Estado-Maior General das Forças Armadas e torna-se presidente da república depois do 25 de abril de 1974 durante apenas quatro meses.

Fundou o MDLP e depois do falhanço do golpe militar de 11 de março de 1975, foi vivendo entre vários países. Faleceu em 1996, tendo recebido várias condecorações pelo seu papel no 25 de abril de 1974.

Alexandre, 6.ºFB

Leituras na Biblioteca

 


As palavras e a linguagem são um património pessoal de cada um para reconhecer o mundo e identificar as coisas, os seus nomes e estabelecer uma relação com os outros. Nós somos as palavras que temos, o mundo de que somos feitos é desenhado pelo nosso vocabulário. Lemos e escrevemos usando esse recurso com o qual nos relacionamos com o mundo. Sendo tão importantes, onde estão as palavras, como acedemos a elas?

A grande fábrica de palavras foi uma das história lidas a crianças do 1.º e 2.º ano para em conjunto percebermos de onde vem as palavras, que valor elas têm quando usadas, como as utilizamos para exprimir emoções. Existe um país em que as pessoas não falam, é o país da grande fábrica de palavras. E nesse país as palavras que se usam têm de ser compradas. Como as utilizam quem tem menos recursos para as comprar? Como comunica com os outros? E, afinal quais são as palavras mais importantes, as que guardamos com especial cuidado?

Apanhar palavras soltas pelo vento é uma oportunidade para as usar naquilo que mais importam, mesmo que seja cereja!, ou poeira! São as possibilidades para o Filipe dizer à Sara que gosta dela. As palavras importantes para momentos especiais são uma oportunidade para oferecer algo valioso alguém. As crianças pensaram nisso e desenharam uma palavra para oferecer a alguém especial.



Palavras desenhadas - palavras para oferecer - 1.º e 2.º ano da EB de Guilheta

quarta-feira, 11 de maio de 2022

Leituras na Biblioteca


A felicidade é um dos aspetos mais importantes da vida humana. De certo modo todos a procuram, e dela se diz que é difícil encontrá-la. Estará ela em algum lugar, um local onde more, ou o que a faz acontecer em alguns de nós, em determinadas pessoas? Olhar o mundo com atenção, rodar os passos sobre nos próprios, conceder atenção aos pormenores, apreciar as pequenas coisas e vê-las como algo grandioso?

A felicidade é algo muito importante para abordar, desde as mais jovens idades. Nas leituras da Biblioteca, a felicidade foi lida e questionada a partir da apresentação de um livro muito especial, A Árvore em Mim, de Corinna Luyken. 

Discutir o que pode fazer feliz uma criança, ou o que lhe pode desagradar, a partir de um conjunto de alguns tópicos / tarefas que ocupam o quotidiano e verificar que ideias surgem. O livro desenha a felicidade como uma construção de um lugar, nós próprios e sugere-nos esses elementos de que somos feitos. Incentiva-nos a compreendermos o que há em nós que nos pode conduzir a momentos de felicidade. A natureza certamente, e os livros por aquilo que fazem aprender e crescer. E sobretudo essa ideia da vida como algo que se vai construindo. A felicidade é também uma aprendizagem e uma das mais importantes.

Algumas das ideias construídas:

O que me faz feliz:

O que me faz feliz é ajudar nas tarefas de casa e noutras coisas, porque gosto de ajudar e sinto-me orgulhosa de ter ajudado.
Eu penso que a felicidade está nas coisas que mais gostamos. - Inês

O que me faz feliz é poder ler um livro, porque ele tem um mundo de imaginação, é divertido e também me sinto calma. - Benedita

O que me faz feliz pode ser quando estou a ler um livro porque quando leio aprendo coisas novas, ganho ideias que não conhecia e é divertido. - Margarida

O que não me faz feliz:

O que não me faz feliz é apanhar chuva quando passeio com o meu cão, porque fico encharcada e posso ficar doente e falto à escola. - Inês

O que não me faz feliz é que o Covide exista, porque vários dos meus colegas estão em casa com essa doença. Eu penso que a felicidade está no que vamos fazendo. - Benedita

O que não me faz feliz é por exemplo "perder um amigo", porque já não posso brincar com ele e isso não é divertido e fico triste. - Margarida.

CE de Forjães - 4.º ano

segunda-feira, 9 de maio de 2022

Um poema


"Se o amor fosse o dos livros, acre
ditavas? Se o segredo desvendado fosse tudo o que era preciso, agarravas? Se não houvesse mágoa, rancor, se fossemos só de força e verdade, de respeito, certeza, bondade, pousavas a mão? Se os lugares bons das historias fossem tudo o que ficava do caminho, se o principio inocente e desprendido fosse eterno, todos os dias, de manhã, o primeiro lugar onde se acorda, de corpo perto, olhavas de frente? Se o mundo a gritar fosse mudo, e nós surdos também, confiavas? Sei de um sitio em segredo onde as historias começam. Longe da desilusão há lugares que nos guardam. Longe do medo há lugares onde nos guardamos, onde nos temos no nosso melhor, fotografados, como nos filmes. Se o amor fosse um sitio, um lugar, um quarto que sabíamos onde era, ias até lá? Se fosse um objeto pequeno, que coubesse na mão, uma pedra, um anel, uma semente, um livro antigo, uma carta? Se o amor fosse uma paisagem, um mar, um caminho, uma viagem, chegavas até ao fim? Se o fim não existisse, acreditavas? Se o amor fosse sempre uma pagina em branco, uma frase que se espreita, num livro, o silêncio da descoberta e um sorriso de chegada, olhavas para dentro? Se o amor fosse um beijo parado no tempo, um toque, uma canção, o passeio de um dedo num ombro nu, um sopro, uma dança, a parte quente dos corpos abraçados, a explosão… Se o amor nos falasse baixinho, como um amigo fiel, nos indicasse a direção, nos acolhesse, nos abrisse os olhos, querias ouvir? Se o amor nos amasse, e fosse real. Se o amor fossemos nós também e éramos grandes e infinitos, mas humanos, mas fracos, mas feitos de perdão… Aceitavas? Sei de um sitio puro, limpo, honesto e tão leve que quase não existe no mundo. Sei de um sitio, em segredo, onde as historias começam, e são eternas."
Tiago Bettencourt, “Texto de sala”. Imagem: © – m-ban

O século XX | Picasso e o Cubismo

O século XX, os seus acontecimentos e formas marcaram com extrema violência a vida de milhões de pessoas. A História do século XX não pode ser compreendida sem a Arte, e as formas que ela assumiu. O século passado inaugurou de forma massiva a comunicação como meio de exprimir uma ideia. A pintura deixou de depender da noção clássica dos renascentistas da noção de perspetiva, assim como deixou de representar uma figura ou um quadro natural. O quadro tornou-se a própria realidade.  

Neste sentido a arte em geral e a pintura em concreto poderiam dar a conhecer uma ideia de realidade, uma proposta de sociedade, indicando uma visão do mundo. A perspetiva aparecia como um ponto de observação, dando-nos uma ideia, um quadro, uma descrição do real. Ora, a História do Século XX, pelas suas contradições e angústias mereciam que a perspetiva fosse fragmentada, dividida em secções, como a própria realidade.

A arte e a pintura, em particular deveriam mostrar, revelar a natureza humana nos seus aspetos mais visíveis. O feio, a violência, a realidade sofrida por cidadãos em tão variados locais por onde a Guerra fez as suas vítimas. A vida moderna deveria ser expressa na sua angústia, limitações e estado de caos. A este movimento iniciado em 1908 por Georges Braque e Picasso deu-se o nome de Cubismo.

Foi com Picasso que a ideia da fragmentação da imagem foi levada mais longe. O nome de cubismo vem-lhe da utilização de pirâmides, cubos, cones que utilizava na diferente perspetiva dos objetos. A utilização de máscaras africanas e a utilização das suas cores vivas fez dele um artista muito importante na Arte Europeia e Mundial. Não é excessivo dizer que Picasso é um dos marcos da Arte Ocidental.

Picasso foi um dos artistas mais inovadores do nosso tempo.  A arte de Picasso foi alvo de diferentes metamorfoses, pois passou por contínuas e profundas mudanças. Picasso revelou uma capacidade de invenção de grande significado e a História social do século XX não pode ser estudada sem o recurso aos seus quadros. 

Influenciado pelo pós-impressionismo, evoluiria para a corrente dinamizada por Henri Matisse. Defendia o fim da perspetiva e da profundidade do espaço, apoiando-se numa composição dinâmica. A arte com o cubismo deixou-se de interessar por compreender a realidade ou só fazer o seu retrato, mas o quadro e a arte deveria criar a sua realidade. Apresentar o real de diversos ângulos, com cores chocantes, exprimindo o feio e aquilo que era chocante para a vida humana.

 A arte deveria revelar o caos e a desordem. A 1ª Guerra Mundial mostraria de forma dramática os piores receios do Homem. Com Picasso o cubismo alcançaria a sua expressão máxima. A Arte deveria mostrar à Humanidade como a nossa vida, vivida no curto espaço, faz parte de um movimento maior. O cubismo teve essa ousadia, a de criar um movimento artístico essencial para compreendermos o que foi o século XX.

 Com ele o mundo visual é decomposto em elementos, onde se procura encontrar uma nova forma de exprimir a arte. Para Picasso a realidade tinha de ser observada de todos os ângulos em simultâneo e integrá-la no real. A arte não tem uma visão, não tem uma linha de definição de uma verdade a demonstrar, mas tem uma forma particular que emerge de todos os diferentes aspetos vistos em conjunto. A leitura desse conjunto permite compreender e transformar esse real.

O cubismo não tem um estilo, realiza diferentes experiências, construídas a partir da vivência quotidiana.  O cubismo propôs uma revolução visual e ensinou a sociedade a compreender melhor que formas de quotidiano se organizavam no início do século XX.

  Ele não propôs apenas uma forma diferente de ver a pintura, sugeriu uma nova visão da arte.   O quadro não procurava representar algo, não pretendia fazer uma representação de objetos, mas sim criar a própria realidade. O quadro pintado era a própria realidade.

 Num mundo de caos e violência, o plano da  perspetiva tinha de ser fragmentado, buscando a própria fragmentação da realidade. Foram também nas técnicas, que o cubismo inovou como expressão de arte ao integrar a fragmentação da imagem, a inclusão de palavras, a combinação chocante de cores, a expressão do feio, do horror, na apresentação de uma sociedade em convulsão de valores. O cubismo revelou-nos um mundo de fealdade, um mundo em emergência, em rutura com o século anterior. O cubismo representou um corte absoluto com a arte europeia. Talvez não seja exagero defender com alguns autores de Arte que o cubismo foi o movimento artístico mais importante desde o Renascimento.

                              Família de Saltimbancos / Pablo Picasso, 1905, National Gallery of Art, New York
Garota em frente ao espelho / Pablo Picasso, 1932. Museum pf Modern Art, New York 
Retrato de uma mulher com chapéu / Museum Boijmans van Beuningen, Roterdão.