Espaço institucional de partilha e divulgação das atividades das Bibliotecas Escolares do Agrupamento de Escolas António Rodrigues Sampaio
quinta-feira, 7 de outubro de 2021
Um filme - Ben - Hur (I)
quarta-feira, 6 de outubro de 2021
Uma obra de arte - Altamira
A palavra e o mundo
"Não são as pessoas que fazem as viagens mas sim as viagens que fazem as pessoas." (1)
A diversidade contempla-nos. O mundo é imensamente diverso, variado, diferente e é nele que nos reconhecemos. A identificação com ele, a nomeação das coisas foi-nos atribuída pelo uso de algo que nos faz reconhecer a nossa própria identidade. A saber, a linguagem. Na formação do mundo, em Génesis é o criador que indica ao primeiro ser que dê nomes às coisas, para que entenda o que elas significam. Há assim uma relação direta entre as palavras que usamos e o mundo que habitamos.
A própria vida é ela uma viagem, no sentido de uma descoberta e da construção de uma relação. A viagem é feita de diversos modos, caminhando, escutando, observando, mas também lendo. O mundo acaba por ser a nossa leitura. Pela leitura descobrem-se janelas, que alargam horizontes, que nos revelam coisas, lugares, emoções que desconhecíamos. A palavra e o mundo é um modo de registar de modo diverso essa leitura com as palavras e com a experiência de cada um.
A identificação do mundo em cada um pela linguagem revela-nos que na viagem vivida, sonhada, pensada, ou decifrada há sempre a procura de uma sabedoria que se revela no reconhecimento do outro. Essa sabedoria é uma forma de iluminar caminhos e de construir afetos. Os livros e as palavras podem ser usados nesses caminhos. a palavra e o mundo é um pouco isso o que procura realizar com a participação das leituras de cada um, das escritas que cada um puder partilhar.
A palavra e o mundo é a designação que escolhemos para a etiqueta que organizará um conjunto de propostas de leitura, exploração de temáticas à volta de uma ideia chave, o livro e a viagem, cada um de nós e o mundo. A viagem dentro do livro, aquela que nos permite transformar um sentido, uma forma de ver o mundo, de nele escrever o que tentamos ser. A viagem como descoberta, entre as suas dimensões físicas e espirituais. Ler, mas também saber compreender o mundo dessas palavras, o que ele revela.
Reconhecer os outros e o seu mundo é ir ao encontro de diversas culturas, de diferentes cores, de ver a vida na sua diversidade. Essa diversidade é construída pela viagem, pois é ela que nos faz ver o traçado mais importante da geografia, é ela que nos faz descobrir os poemas do planeta, em cada recolha de mar, sal e pó. É a viagem que nos organiza, nos identifica e é nela que a variedade do mundo nos recria de originalidade. A linguagem tenta dar corpo a essa originalidade.
Em cada mês as propostas de um livro são ideias para construir a viagem nas suas diferentes dimensões. O projeto Rotas do Oceano integra-se aqui pela diversidade do natural e do património histórico e cultural. Descobrir essa diversidade geográfica com os mares, os oceanos e a utilização humana numa visão histórica e de sustentabilidade. Descobrir também os percursos interiores que as palavras fazem nascer dentro das suas linhas. A viagem também como como forma de aprendizagem, pois é nela que podemos compreender a beleza do planeta, a sua diversidade, o belo entre os momentos de imperfeição de que é composta a vida.
(1) John Steinbeck, citado do prefácio de Gonçalo Cadilhe, Um lugar dentro de nós. (2012). Lisboa: Clube do Autor.
Imagem: Copyrighjt - Nas margens do rio Neiva, (Visitesposende.com)
segunda-feira, 4 de outubro de 2021
O escritor do mês - Manuel António Pina
"A beleza é o rosto mais jubiloso da verdade. Não da
própria verdade, mas do seu rosto". (1)
Tinha uma paixão pelo Winnie the Pooh. Olhava para a literatura
infantil como a possibilidade de reencontrar o olhar inicial, o que está pronto
para a linguagem do mundo, ainda sem o conhecer. Revelou uma curiosidade para
traçar pela poesia um olhar sobre o real, natural em si, mesmo que dele se
desprendessem valores filosóficos inerentes à natureza humana.
Refletiu sobre a sociedade em que viveu com liberdade, com
inteligência e com criatividade. Deu-nos no JN um conjunto de crónicas sobre
esse real que se sonha e que não se compreende pela ausência de uma real
interrogação de figuras e instituições sobre os valores básicos do que os
gregos chamaram "Humanitas, Libertas, Felicitas".
Foi um cronista que ousou utilizar as palavras para discutir "as
verdades" que o establishent político gosta de enumerar como os pilares do
universo, por onde interesses privados se alimentam da destruição mais básica
dos valores de dignidade de tantos.
E foi um poeta. Um poeta que nos descreveu como nos orientamos com os
mitos, como respiramos o real, entre os lugares e as suas sombras, por onde
tentamos reconhecer os gestos. Sempre que vivemos com um poeta, temos o convívio
das palavras e desse timbre de voz, onde permanecem a memória e o coração das ideias,
emoções, onde o sorriso nos guardará desse "dragão feroz" que é o
próprio tempo.
Manuel António Pina é o escritor do mês na biblioteca. Dele destacaremos algumas das suas produções literárias e daremos voz com as suas palavras a algumas iniciativas de leitura. É uma figura que vale muito a pena descobrir. A verdade é que vivemos em corredores pouco iluminados, pois a memória não é um valor muito incentivado. Manuel António Pina foi uma dessas vozes com que ficamos mais "ricos" com o conhecimento das suas palavras e de um modo de ser grandioso e fraterno.
(2) Ana Maria Matute, Paraíso Inabitado
quinta-feira, 30 de setembro de 2021
Cinema e educação
O cinema é ainda visto em larga medida como uma forma de entretenimento e não assume ainda uma regularidade substantiva, a utilização do cinema, como recurso educativo generalizado. A filmografia portuguesa não tem ainda grande expressão como ferramenta de estudo educativo para a construção da compreensão sobre a sociedade. O cinema pode ser uma ferramenta muito interessante para construir abordagens diferenciadas no espaço educativo.
O cinema é um das ferramentas mais interessantes
para conhecer a memória, ou excertos dela. Ao convocar imagem,
literatura, música no sentido de apresentar uma narrativa que persegue
diferentes objetivos, o cinema auxilia-nos a conhecer universos que não foram
vividos por nós. O cinema dá-nos fontes de entretenimento, apresenta-nos
contextos históricos, recria universos fantásticos e procura discutir
princípios e formas de olhar o Mundo. O cinema vive muito da oferta da arte de ficção, entre o narrado como acontecimento e um olhar poético que evidencia formas
possíveis de ver o real.
terça-feira, 28 de setembro de 2021
Da leitura
"Os livros são casas
com meninos dentro
e gostam de os ouvir rir,
de os ver sonhar
e de abrir de par em par
as paisagens e as imagens,