Espaço institucional de partilha e divulgação das atividades das Bibliotecas Escolares do Agrupamento de Escolas António Rodrigues Sampaio
quarta-feira, 19 de maio de 2021
Dia da Escola Azul - em nome do oceano
Biblio@rs - a civilização romana (XXIII)
A civilização romana - A arte - A arquitetura (III)
A arquitetura foi uma das grandes áreas, onde a arte e a cultura romana se manifestaram. Na chamada arquitetura civil dois elementos dominaram as técnicas de construção, o arco e a abóbada. Estes foram primeiro construídos com pedras e depois com tijolos, outra inovação desta civilização. Neste tipo de construção, um dos mais significativos foi o conhecido Coliseu de Roma, originalmente conhecido, como o anfiteatro de Flávio. A construção do Coliseu assumiu uma dimensão de efeitos muito espectaculares, devido à existência de arcos no exterior e à repetição no espaço das arcadas sobrepostas em três andares.
O espaço atribuído aos espetadores (a cávea) estava dividido em socalcos de altura diferenciada que eram suportados por um sistema de corredores, onde as abóbadas de aresta davam um grande significado na utilização funcional do espaço. O arco e em particular o arco de triunfo era outro elemento da arquitetura civil romana e muito usado na celebração das vitórias militares das legiões. Os arcos tinham uma ornamentação de baixos-relevos, suportados em pilares. O arco foi muito importante nas construções de pontes e aquedutos.
Justamente, os aquedutos é outra da inovação desta civilização. Tratou-se de algo de um grande valor civilizacional, pois não só abasteciam de água determinadas zonas das cidades, como na sua construção estavam inseridos os arcos de volta perfeita, com outros mais pequenos. as construções romanas mostraram-se sólidas, duráveis e com uma qualidade técnica muito significativa. O tijolo e o cimento foram dois materiais que asseguraram uma durabilidade muito significativa às construções do Império Romano.
Outro dos grandes edifícios desta civilização foi o Panteão, que tinha inicialmente uma forma retangular e depois de reconstruído assumiu uma forma circular. A sua reconstrução foi realizada no século II por um dos imperadores mais importantes do Império, Adriano. O Panteão impressionava pelas suas dimensões e formas geométricas.
Imagem: Copyright - Coliseu de Roma, APH
terça-feira, 18 de maio de 2021
Escritor do mês - maio (I)
"Phileas Fogg ganhara,
portanto, a aposta - e efectuara em oitenta dias a viagem à volta do mundo!
Utilizara nela todos os meios de transporte, paquetes, comboios, carruagens,
iates, navios mercantes, trenós e um elefante. O excêntrico cavalheiro
desenvolvera nesta empresa os seus maravilhosos dotes de sangue-frio e de
exactidão.
Mas, afinal, o que tinha ganho
nesta deslocação? O que alcançara com a viagem?
Nada, hão-de dizer. Nada, na verdade, a
não ser uma sedutora mulher, que - por muito inverosímil que isto pareça - o
tornou o mais feliz dos homens!
Em rigor, não se faria ainda
por menos a volta ao mundo?" (pág. 283)
A Volta ao mundo em oitenta dias é um livro da
literatura universal que cumpre um conjunto de objectivos de grande
significado. Retrata uma época, introduz-nos na viagem como possibilidade
humana e dá-nos o desafio da superação humana, o tempo individual face à
geografia. O protagonista da história é um senhor inglês, Phileas Fogg, um
cidadão de Londres que vive uma vida solitária e calma feita de rotinas.
É no Reform Clubé, onde passa grande parte
do dia, e onde pela leitura dos jornais que toma conhecimento do roubo num
banco. Discutindo sobre o paradeiro do ladrão defende a ideia de que poderia
estar em qualquer ponto da Terra. Faz assim uma aposta de que em oitenta dias
poderia dar a volta ao planeta. Livro de iniciação à viagem é também uma
curiosa forma de ler o tempo. Mesmo com os transportes ainda em início de
grande transformação, a utilização do vapor dá-lhe esse desafio, ainda que
complementado com outras formas de locomoção. Hoje seria muito fácil fazê-lo.
Na época de Júlio Verne essa aventura é o que lhe dá o sentido de um clássico. O
sentido do desafio.
Assim o cavalheiro inglês acompanhado do
seu criado, o francês Jean Passepartout atravessa oceanos em navios a vapor,
utiliza estradas usando a carruagem, o comboio e até o meio pedestre ou o
transporte por animais. É uma viagem cronométrica feita em oitenta dias, com
partida e chegada a Londres. Na viagem depara-se com obstáculos e figuras
tradicionais do romance como a jovem em apuros que é salva pelo nosso viajante.
A volta ao mundo em oitenta dias é assim um clássico pela integração de um conjunto de situações. Embora o livro tenha momentos e situações de romantismo foi escrito numa atmosfera de ficção e é como tal que o devemos ler, mesmo quando a sorte ou o dinheiro são a forma de ultrapassar dificuldades. A viagem é ela própria uma forma de superação, mas também de reencontro com ele próprio, com o encontro com o amor. A volta ao mundo em oitenta dias é um produto de imaginação e uma narrativa fascinante de um autor marcante do século XIX. Júlio Verne é o autor em destaque este mês.
Livros do mês - 2.º e 3º Ciclos - maio
"O silêncio é uma esteira onde nos podemos deitar.
Esteira de poeira cósmica, se eu olhar de novo o
céu escuro. Esse azul do céu me lembra o chão do mar. Um mar, afinal, é só um
deserto molhado, em vez de homens e camelos, tem peixes e canoas a passear
nele. O deserto é parecido com o mar, o mar é parecido com o universo cheio de
estrelas pirilampas."
Amanhecemos com a sua claridade. Vemos com ela os
recortes deixados na hora crepuscular e a sua luminosidade envolve-nos em
diferentes momentos do dia. Quase pensamos que com ela vemos o essencial e
sentimos em écrans de possíveis o que podemos imaginar. Associamo-la muito ao
que fazemos, nas rotinas que estabelecemos. Tem um simbolismo de quase verdade.
Existe, no entanto, na sua ausência todo um mundo
a descobrir, feito de sombras, de cheiros, de silêncio, onde o universo se
revela, onde os gestos se significam na escuridão. É nesta imensidão de noite
que melhor percebemos a dimensão infinita do Universo, e que de tão vasto
apenas o podemos acolher no coração, nos gestos que amamos, nos desejos mais
humanos.
A luz onde tentamos viver transmite-nos muito ruído,
muitos passos, largos caminhos em gestos apressados, pouco silêncio em linhas
onde ouvimos mal a respiração que nos aproxima, as ideias que queremos
partilhar. Na escuridão encontramos céus estrelados, universos de uma luz
diferente, onde o silêncio faz anunciar anjos, onde as mãos guardam o som
marítimo, os desejos dos sonhos impossíveis, do tempo redescoberto, inventado.
Na
escuridão os gestos individuais são caminhos para construir pontos de luz,
encontrar as memórias, as sombras perfumadas, desenhar contornos de mãos, os
sonhos a acontecer. A imaginação nasce aqui, da escuridão que se quer bonita,
da lua a descer nas estrelas, do perfume de abacate dos cabelos dela, do som do
cheiro da água e o coração. Do coração que se veste do azul límpido e do mar
habitado no sorriso, por onde a beleza se veste com as pálpebras da noite.
Livros do mês - 1.º Ciclo - maio
sexta-feira, 14 de maio de 2021
Biblio@rs - a civilização romana (XXII)
A civilização romana - A arte - A arquitetura (II)
A arte romana e em particular a sua arquitetura guiou-se por critérios de funcionalidade. No entanto, o contacto com outras culturas permitiu que ela evoluísse e aceitasse a introdução de valores ligados ao belo. Com esta evolução o templo romano adapta-se e evolui.
Assim o chamado pórtico feito de colunas que formam a sua fachada e a cella que era um espaço fechado são elementos essenciais do templo romano. Este na sua área exterior tinha sobretudo uma dimensão de frontalidade, no sentido de demarcar o exterior do interior. A ideia de frontalidade era ainda incentivada pela construção do edifício num espaço elevado, a que se acedia por degraus. O facto de ser a única forma de acesso e de saída dava um sentido à própria função do edifício. No interior o edifício tinha uma planta em círculo e era sustentado por um conjunto de pilares. Verifica-se um grande valor dado ao espaço interior, onde as dimensões de proporções colossais são uma das suas marcas.
Ao nível da arquitetura civil nota-se que a evolução dos conhecimentos permitiu aperfeiçoar formas de construção. O teatro e o anfiteatro são as formas de edifícios mais relevantes neste domínio. Na sua edificação o arco e as abóbadas em pedra e mais tarde de tijolos são os elementos essenciais da sua construção. O Coliseu é sem dúvida um dos marcos deste tipo de construção.
O anfiteatro era construído numa sequência de espaços exteriores com diversos arcos sustentados por pilares, o que dava um sentimento de grandiosidade, produzido pela repetição dos arcos e pela altura das colunas. O interior dos anfiteatros era destinado aos que vinham assistir a alguma cerimónia ou espetáculo. Existiam diferentes espaços de socalcos que organizavam o anfiteatro. Sob eles um conjunto complexo de corredores em abóbada completavam as funções deste espaço público. A abóbada foi um dos elementos mais importantes na arquitetura romana e na sua arte, não só no seu tempo, como em séculos posteriores.
Imagem: Copyright - Anfiteatro romano de Italica, Sevilha, século II