quarta-feira, 16 de setembro de 2020

De regresso...

 Regressar é uma continuação, um esforço suplementar ou pode ser qualquer tipo de recomeço, uma forma de olhar uma ideia original, uma contemplação para novos horizontes? Regressar é voltar a um sonho esquecido ou fragmentado de tempo. Regressar é procurar sobre o vazio algo para dar. Com palavras, com ideias, com pensamento. É perante essa interrogação que se formulam combinações para algo ainda não feito, de possibilidades imaginadas, de passos por erigir. Um bom regresso a todos!

sexta-feira, 24 de julho de 2020

Até já....


Foi um ano diferente, feito de expectativas e de inesperado. Foi um ano marcado pelo desejo de continuar a conhecer, que é uma porta de entrada para imaginar muitas coisas, incluindo as palavras que conduzem sonhos, ou nos levam a eles. Neles nascem coisas que podem ser lidas ou desenhadas.

Foi um ano diferente e ainda assim com uma ideia-chave, a de tecer com a leitura que ela é um espaço de um objeto que acontece com cada um de nós para fazer nascer mundos, no desenho de algo de belo e na identificação com os outros e com o mundo. A leitura como um instrumento para conhecer, como uma memória do coração.

Foi um ano diferente, particular, onde o digital emergiu com mais evidência para o desejo de sempre, a de imaginar palavras para abrigar pensamentos e ideias e escrevê-las com os sonhos de muitos, os criadores e as experiências com alunos e professores. É sempre uma tentativa de superar a efemeridade do tempo, com a eternidade dos momentos, onde as ideias e as emoções se desenvolvem no espírito de cada um.

Foi um ano diferente e particular. Foi um ano de esperança, como são sempre os sinais de um começo, ou de um recomeço. Foi um ano feito com muitas pessoas, com muitos sinais de cultura, de natureza e de camaradagem. Foi um ano a superar as nossas limitações e a encontrar as janelas para os sinais a conhecer, como um mar disposto nos nossos olhos.

É a pensar em todos os que se envolveram e foram realmente todos que foi possível tecer uma árvore de ideias e pensamentos para a alegria de fazer algo com significado. É pois um agradecimento, aquilo que a Biblioteca deixa aqui, a todos, pela envolvência que durante vários meses foi possível construir. Agradecimento moldado em tantas partilhas, num ano especialmente difícil e diferente pela crise sanitária vivida e ainda a superar.

Assim, terminamos este ano letivo desejando a todos, alguns bons dias de descanso com a desejada tranquilidade. Deixamos esse desejo, para que, como diz Sophia possamos todos no tempo à frente «construir a partir do fundamento», em dias de liberdade e alegria. Fundamento para a afirmação de cada um, no sentido de um reconhecimento da essência das coisas, os sinais para os nomes que damos ao nosso caminho.

Boas férias!
A Biblioteca (Biblioaears)
Imagem: Copyright - School Library Journal

Sugestões de leituras (II)

Na conclusão de um ano letivo, algumas sugestões de leitura para os dias de férias, agora pensando num público mais adulto.






Sugestões de leituras (I)

Na conclusão de um ano letivo, algumas sugestões de leitura para os dias de férias.


  


No meu peito não cabem pássaros


"O mundo é um vazio desmedido que não queremos nem podemos aceitar, os homens também, as cidades, os países, os planetas também. Não há palavras que encham tanto vazio. Os livros que deixamos são obras de filigrana, fios ténues do sentido com que delimitamos o volume do que não entendemos."

A palavra viaja pelo mundo, encontra-se em geografias diversas, resgata os sinais daquele e tenta dar-lhe um nome, trabalhamdo artesanalmente os seus sinais. O livro de Nuno Camarneiro, No meu Peito não batem Pássaros tenta construir esse diálogo entre a palavra e  o que o mundo nos dá a conhecer, ou o que tentamos compreender.

No meu peito não cabem pássaros junta três figuras maiores da Literatura do século XX, justamente, Franz Kafka, Jorge Luís Borges e Fernando Pessoa.  Junta-as a partir da leitura da vida que se vai construindo, de um imigrante em Nova Iorque, de um rapaz que chega a Lisboa e de uma criança que inventa coisas, formas de anunciar o que acontecerá mais tarde.

No meu Peito não batem Pássaros realiza a narrativa de três figuras que tentam descobrir espaços urbanos, carregar sonhos maiores que eles e compor palavras com a linha comum de inventar um mundo. É um livro sobre criadores, é um livro sobre cidades e ainda um livro sobre três figuras que entre a solidão e a desilusão nos definem o assombro das palavras, a linguagem para compor aquilo que é a vida de milhões, o prenúncio do mundo moderno.

No meu Peito não batem Pássaros fala-nos da vida, da memória, da morte, do esquecimento, entre os caminhos que percorremos, com o sol a nascer em nós. A infância, o consolo das histórias vividas e inventadas entre os que no tempo forjaram o azul de um aconchego e nos deram a visão de um caminho.

Livro imenso, uma sabedoria de palavras, momentos intermitentes que nos dão a linha dos olhos que procuramos para recuperar a beleza, o encontro com a respiração do amor. E, ainda esse sonho antigo que nos faça ser um ponto brilhante nos dias esquecidos. A beleza e o sorriso entre as cicatrizes que nos caracterizam, que nos rasgaram o espírito e o corpo até chegar ao encontro, à mão, ao perfume solar capaz de nos fazer render um novo salto, a dos pássaros que em nós voam.

 No meu peito não cabem pássaros / Nuno Camarneiro. Lisboa: D. Quixote, 2013.