Gerações
futuras mal poderão acreditar que um homem assim, em carne e osso, tenha alguma
vez andado por este Planeta.» (1)
A
trinta de Janeiro de 1948, despedia-se deste mundo físico um homem de uma
imensa grandeza, que com simplicidade, determinação e beleza soube congregar em
si a dimensão única da consciência da Humanidade. Fez da verdade e da justiça a
sua causa de vida, enfrentou o Império britânico com a força do espírito, com a
sua Satyagraha, onde juntou a sua preocupação com os outros à ideia de
não-violência.
Mostrou-nos
como as causas são um património de todos, maiorias e minorias e que a injustiça,
mesmo de um só homem, é ainda uma injustiça. Com a sua vida exemplificou a
procura da identidade que há em cada ser humano e como a paz e a harmonia têm
de ser uma ação não só de pessoas, mas também de nações.
Criou um pensamento que assentava em dois princípios: a
Satyagraha (a força da verdade e do amor) e o Ahimsa (a não-violência). Todos
os movimentos que no século XX lutaram contra a opressão dos impérios
coloniais, ou contra a violência ou o racismo inspiraram-se nele. Todos os
homens que aspiraram no século XX a um mundo melhor, livre da injustiça social,
da guerra e da ditadura individual foram procurar motivação nas suas palavras.
De Martin Luther King a Nelson Mandela muitos compreenderam que a força do seu exemplo e a nobreza da sua
causa permitiram fazer evoluir o Homem. Da guerra do Vietname à praça de
Tianamen, o seu exemplo deu força à coragem de alguns para se construir uma
Humanidade mais fraterna. Este homem, vítima da intolerância, no seu próprio
tempo, com as questões relacionadas com a separação da Índia e do Paquistão,
após a saída dos Ingleses, guardou para nós o melhor de uma consciência
mundial, disponível a todos.
É um privilégio e um reconforto encontrar pessoas que na sua passagem por este planeta procuraram fundar a liberdade contra a opressão, em caminhadas de lucidez, tranquilidade e luta abnegada por um ideal. Raramente encontramos o Homem, a Humanidade nessa individualidade capaz de enfrentar impérios estabelecidos derrotando-os pela demonstração da injustiça.
(1) Albert Einstein, citado de
Ghandi, Richard Attenborough
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