“Pão de açúcar” aparenta ser apenas mais um relato de um homicídio, mas é, na verdade, a vida pelos olhos de um jovem delinquente, um livro sobre os caprichos e vontades da mente, um estudo comovente de um grupo de adolescentes meio órfãos, nem maus nem bons, apenas humanos, e, como humanos, incessantemente à procura de algo que de certa forma encontram em Gisberta, a transexual sidosa sem abrigo que se refugia da vida num supermercado abandonado que dá nome ao livro.
Através da narração em primeira pessoa
compreendemos Rafa e os seus amigos, habitantes da Oficina, instituição
decadente e inútil, e observamos, com uma certa naturalidade, o desenrolar
trágico da ação.
E no fim, devido ao extenso trabalho
investigativo do autor embrulhado de uma emoção crua e pouco sentimental,
ficamos não só com os factos dessa tragédia mas também, com o que poderia ter
sido, as motivações, angústias e desilusões por detrás do crime.
José Vasconcelos
Pão de Açúcar / Afonso Reis Cabral. - 1ª ed. - Alfragide : D. Quixote, 2018.
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