Chegou o Natal! Depois de imensos dias de azáfama e
de espera chegou, finalmente, uma das épocas mais apreciadas e esperadas do
ano. Luzes iluminavam as ruas, as lojas ficavam repletas de magia, as crianças
ficavam de pausa letiva para ajudarem seus pais, nesta época tão bonita,
preparando as suas casas com efeitos natalícios para receber, com amor, amigos
e família.
Aurora vivia em Cascais, com a mãe Luciana e as suas
duas irmãs, a Anabela, de dezasseis anos e a Amanda, de quinze anos. Tinha
catorze anos e era uma adolescente reservada, intimista, voltada para o seu
interior, pois o destino assim o quisera. Dentro daquilo que a vida lhe tinha
reservado, tentava sorrir, mesmo que fosse um sorriso disfarçado. Porém, algo
faltava naquela casa. A ausência do pai não passava despercebida nas faces de
todos.
A época de Natal trazia memórias de criança a
Aurora, memórias felizes que ninguém podia esquecer.
Para Aurora, tudo foi diferente naquele Natal. Algo
muito especial faltou naquela casa. O pai, o seu querido pai, já não estava
ali. Isso não era uma ilusão, isso era mesmo real!
Tudo aconteceu há poucos meses. Seu pai trabalhava
para uma empresa, se assim a podia chamar. Um dia, quando ia para o trabalho,
despistou-se e bateu com o carro num muro. Cansaço, talvez! Quis o destino que
fosse assim. Não resistiu aos ferimentos e, naquele momento, já não estava ali!
Dia fatídico aquele que lhe roubou o seu amado pai! Por isso, amigos, valorizem
aqueles que vos são próximos. Não adiem os vossos gestos - pensava Aurora,
muitas vezes, nos seus momentos de solidão e tristeza, relembrando o texto que
estudara em Português.
Este ano, o seu Natal foi reduzido a seis pessoas: mãe,
irmãs, avó e prima Catarina. Foi diferente, de facto, para Aurora, mas a
diferença deixava muitas marcas. Não é verdade?!
Agora, as prendas eram, para ela, um pouco
indiferentes. Se valiam muito dinheiro, ou não, a ela pouco lhe interessava, a
ela interessava-lhe, sim, quem estava presente neste dia tão importante. Claro que
queria receber prendas como todas as adolescentes, mas preferia receber gestos
de amor, de amizade. A isso Aurora chamava Natal: a família, a felicidade, verem
filmes todos juntos à lareira.
O Natal, na casa de Aurora, passou a ser diferente,
não só porque cresceu e as prendas materiais deixaram de fazer sentido, quando
alguém que amamos parte, mas também porque aprendeu a olhar para a vida de
outra maneira.
Tudo foi diferente neste Natal!
Escrito por Lara Parente, 9º FB,
Escola
António Rodrigues Sampaio, Marinhas
Imagem: Copyright - Ikebana (Do calendário da Embaixada do Japão, 2015)
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