quinta-feira, 28 de outubro de 2021

Leituras

 

               
 
Integrando-se no mês das bibliotecas escolares, a turma do 6.º FA apresentou três histórias na Biblioteca. Foram feitas uma dramatização, uma leitura de contos e uma improvisação por memória de um poema. A apresentação foi feita à turma do 5.º FC. 


Leituras



O que as imagens nos dizem? Como construímos uma narrativa com alguns sinais visuais? Como os relacionamos? Uma menina, uma laranjeira, uma árvore de fruto, um circo, a praia, como as ligamos?

Era uma vez uma menina com cabelos caídos até aos ombros. 
Chamava-se Matilde. Olhava para tudo como se fosse sempre a primeira vez...

 
 
                                                               Construir uma história com elementos visuais

Mês da alimentação (III)

                                 

                                                                          
Mês da Alimentação - O combate ao desperdício

quarta-feira, 27 de outubro de 2021

Uma obra de arte - a escultura egípcia - Nefertiti

                                 

 

 A Civilização Egípcia: A arte: A Escultura - (3500 a 500 a.C.)

A escultura foi com a arquitetura e a pintura uma das áreas de grande criação artística da Civilização Egípcia. A escultura foi nesta civilização usada para criar grandes estátuas, de dimensões colossais, ou pequenas estatuetas.

As grandes estátuas tiveram diversas criações, sendo algumas das mais significativas, as do complexo de Abu Simel, na Núbia feitas no tempo de Ramsés II, ou as Mémnon que estão junto ao templo funerário de Amenófis II. Ainda integradas pode-se indicar as esfinges que se encontram junto às pirâmides de Gizé. Nesta última juntou-se a representação de uma cabeça humana num corpo de leão, sinal para idealizar a força do faraó personificada no animal.

 A escultura na Civilização Egípcia representava o papel essencial dos faraós e das divindades. As suas imagens eram feitas a partir de uma idealização caracterizada pela ausência de emoção e portadores de uma ampla serenidade. Era a forma de criar a ideia de imortalidade nessas figuras.  As figuras eram desproporcionadas de modo a criar um sentido de força e grandeza sobrenaturais.

 Ainda na área da escultura, esta civilização criava pequenas estatuetas designadas Usciabtis, ou Shauabti que eram figuras funerárias em miniatura. Eram esmaltadas com acabamentos em azul e verde e que tinham o fim de realizar no além, as tarefas mais difíceis em substituição do faraó. Começaram por ser moldadas em cera, tornando-se com o tempo mais complexas e feitas a partir da madeira, da pedra ou de bronze.  Muitas vezes estas estatuetas eram colocadas em paredes, ou colunas.

 Ligada ainda à escultura está todo o ritual da mumificação. Acreditando numa vida após a morte de uma forma tão evidente, era preciso assegurar que o corpo chegasse ao outro mundo bem conservado. Eram os sacerdotes que realizavam a mumificação. Depois de mumificado (extraído os órgãos e limpo o corpo) seguiam-se um conjunto de rituais funerários de modo a preparar a viagem do corpo no sarcófago. Objetos pessoais acompanham o sarcófago numa uma viagem pela eternidade.

 A civilização egípcia praticava o políteismo. Houve momentos em que aquele teve algumas interrupções. Foi o caso de uma das mais belas rainhas do Egipto, Nefertiti. O seu nome significa "a mais bela" e foi um dos poucos casos em que a mulher do faraó chegou a ser rainha e deusa. O culto passou a ser desviado das diversas divindades e concentrado na figura do faraó e da divindade solar, Aton. Após a morte de Akhenaton, Nefertiti pode reinar com um poder absoluto existindo dados arqueológicos encontrados em Amarna que o comprovam.  Nefertiti foi uma exceção na longa história da Civilização Egípcia, mas deixou-nos alguns vestígios de uma beleza muito substantiva nas estatuetas que a caracterizam.

Como obra de arte, o busto de Nefertiti é um dos objetos mais divulgados da civilização egipcía. Pensa-se ter sido realizado por Tutemés e realizada no século XIV a.C., encontrando-se atualmente em Berlim. O busto foi encontrado em Armana, no início do século XX. e revela as feições de beleza da rainha do Egipto, o que nos devolve a ideia do conhecimento das proporções naquela civilização. A múmia de Nefertiti nunca foi encontrada.

Nefertiti começa aparecer nas inscrições de pedra, após o seu casamento aos catorze anos, encontrando-se várias estelas com retratos da vida familiar, que são descrições do quotidiano e da intimidade da vida familiar, nomeadamente, com os seus filhos. As representações da rainha e Akhenaton vão evoluindo de tamanho, o que nos mostra que a sua influência foi crescendo com o tempo. Existem historiadores que acreditam que Nefertiti terá terá governado como rainha, como sendo o próprio faraó, liderando posições e funções a ele reservados. 

 Nefertiti chegou a ser adorada como deusa, tendo alcançado como rainha um poder notável, pois o seu nome chega a ser citado nos discursos do faraó. Construída uma nova capital, Akhetaton, é nesse contexto que Nefretiti usando a sua beleza e poder conquistado, alcançou uma dimensão que não se encontram com as outras rainhas na longa história dos faraós. Nefertiti interrompeu o politeísmo clássico dos sacerdotes do templo e foi uma das mulheres com mais poder na Antiguidade. Interessante essa relação de poder e adoração para aquela que era designada como "a mais bela".

terça-feira, 26 de outubro de 2021

Literacia da informação

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  Como iniciar a realização de um trabalho? Como organizar a informação e encontrar as respostas às questões que colocámos? Como reconhecer como válida a informação que encontrámos e como organizá-la, citá-la e fazê-la nossa com a construção de ideias? Como as apresentar, de que forma , de modo a que essa tarefa tenha resultado em algo aprendido? É esta a área da literacia da informação que a Biblioteca tem dedicado algumas iniciativas com a realização de algumas sessões com diversas turmas e construindo alguns materiais que ficarão disponíveis no respetivo site.


Um poema - Tecer as palavras


"O vento sopra contra as janelas fechadas
Na planície imensa, Na planície absorta,
Na planície que está morta

E os cabelos do ar ondulam loucos
Tão compridos que dão a volta ao mundo

Sento-me ao lado das coisas
E bordo toda a noite a minha vida

Aqueles dias tecidos
Que tinham um ar de fantasia
Quando vieram brincar dentro de mim

E o vento contra as janelas
Faz-me pensar que eu talvez seja um pássaro."

Sophia de Mello Breyner Andresen, “O vento”, in Obra Poética. Caminho, 1999
Imagem: costa norte.

Escrita de palavras

 O elefante

  Os elefantes são os maiores animais terrestres do mundo. Podem pesar 3-5 toneladas. Todas as pessoas os reconhecem pela tromba comprida e orelhas grandes. Os elefantes asiáticos são mais pequenos que os africanos, mas todos possuem as presas que são dentes compridos que se parecem com chifres.

  Os elefantes gostam de comer ervas e folhas. Para arranjarem comida, muitas vezes arrancam árvores inteiras do solo com as suas trombas.

  As fêmeas dos elefantes vivem num grupo familiar com as suas crias, numa zona com ervas e árvores. O período de gestação, é de 20 a 22 meses e só têm um bebé por ninhada. Os elefantes machos vivem sozinhos. À noite, os elefantes procuram um charco onde bebem água, brincam e tomam banho.

  Os elefantes têm uma média de vida de 60-70 anos.

  Sabias que os elefantes não conseguem saltar? Os elefantes sentem o cheiro uns dos outros a 5 km de distância! Os elefantes têm uma memória excelente! Daí a expressão “Memória de elefante”.

Maria Costa, 5.º FC

sexta-feira, 22 de outubro de 2021

Um filme - Ben - Hur (III)

 


Diálogo na galé romana:

"- O teu deus na ânsia de te salvar, salvou a frota romana." (do Guião do Filme)

Ben-Hur, proposta de visionamento na Biblioteca para este mês dá-nos um quadro de uma civilização em choque com ela, com as suas próprias limitações de poder e ambição sobre os povos dominados. As fórmulas de controle de poder sobre um vasto império tinha em si igualmente mecanismos de fragilidade. O papel desempenhado por Judah Ben-Hur no salvamento do cônsul da frota romana, Quentius Arrius deu-lhe a possibilidade de se tornar livre.

Uma civilização que exaltava o espetáculo público, as corridas de quadrigas com cavalos eram um patamar para criar uma visibilidade a esses homens que podiam ascender a uma posição social mais favorecida, ou a uma riqueza que fugisse à pobreza de tantos sob o poder de Roma. Judah Ben-Hur criará no grande círculo uma capacidade com as corridas que lhe dará um estatuto de reconhecimento em Roma, mesmo sendo judeu.

Com um estatuto renovado e com os sinais sociais do poder romano, Ben-Hur pode regressar à Judeia e saber qual qual foi a sorte da sua mãe e da sua irmã. Perante a condenação romana, qual era a sorte dos prisioneiros nas celas imperiais? O que descobrirá Judah Ben-Hur será compatível com a reconquista da sua casa, da sua família e como lidará ele com uma sorte menos afortunada na sua família? A escolha é desafiar o poder de Roma, na figura de Messala, justamente, numa corrida de quadrigas. 

Ben-Hur é um filme épico que nos oferece a reconstituição do modo de vida social, económico, político e cultural de Roma e de uma das suas províncias, num tempo de nascimento da ideia cristã sobre o homem e a sociedade. É desse confronto que nasce o desenlace do filme, voltando a reunir na mesma sequência narrativa e temporal, Judah Ben-Hur e Jesus. 

Conhecendo a história de Judah Ben-Hur e relacionando-a com a civilização romana do século I é possível compreender o que será a evolução do império e como as grandes multidões de deserdados se irão relacionar com o culto do Império. O filme caracteriza uma época e anuncia os prelúdios de outra.

quinta-feira, 21 de outubro de 2021

Uma obra de arte - A arte egípcia

 

A Civilização Egípcia nasceu há cerca de três mil anos a.C., quando as zonas do Alto Egipto no sul, e as Baixo Egipto, no norte se uniram. A Civilização Egípcia durou durante muito tempo, cerca de três mil anos. Esse Império pode ser organizado temporalmente em três grandes períodos: 1. O Alto Império (entre 3000 e 2000 a.C.); 2. O Império Médio (entre 2000 e 1700 a.C.) e 3. O Império Novo (entre 1500 e 1060 a.C.). As rupturas cronológicas na histórica da Civilização Egípcia explicam-se pela invasão do seu território por diferentes povos. O fim do Império apenas se concretizou no século V a.C., com a invasão e domínio pelos Persas.

Na verdade, nenhuma civilização durou tanto no tempo como a Egípcia e poucos deixaram tanto mistério e fascínio, como a chefiada pelos Faraós. A civilização Egípcia é em muito, um milagre de um rio, o Nilo. Este acabava por por abrir caminho numa região ainda marcada pela aridez do deserto e que renovava com vida. Foi aí, na parte nordeste de África, entre os desertos da Síria e da Arábia que se desenvolveu uma enigmática civilização. 

De entre as diferentes características fascinantes da Civilização Egípcia, a organização política é uma delas, pois remete-nos para uma figura plena de originalidade, justamente o faraó. Desde 35o0 aC., com a criação do Baixo Egipto, a norte e do Alto Egipto, a sul e com a sua posterior unificação, o Império e a sua gestão numa única figura conduziu à criação da figura do faraó.
 
Vivendo no Palácio, o faraó mantinha ao seu serviço uma corte se servos que o serviam  e que o faziam viver num ambiente rodeado de riqueza e de luxo.  A maior das terras trabalhadas pelo faraó eram suas, o que significava que o seu poder sagrado se estendia a todos, na vida e na morte.  O Egipto dos Faráos durou cerca de três mil anos e foi governado por trinta dinastias que marcaram a vida do Império de diferentes modos.  Alguns marcariam a memória da História por aspetos particulares. Entre esses podemos destacar, Quépos, Ramsés, Tutancámon, Akhenáton, Nefertiti, Nefratari ou Cleópatra.
 
A Civilização Egípcia foi marcada por uma grande influência da religião. Era politeísta, isto é adorava e prestava culto a diferentes divindades. Nas próprias divindades existia uma hierarquia, como por exemplo, Ámon-Rá (deus do sol), Osíris (deus dos mortos), Ísis (deusa da fertilidade), Hórus (deus dos faraós e da ressurreição) e Hathor (deusa do amor). Tendo diferentes atributos todas as divindades procuravam construir o mesmo, fundamentar o poder divino dos faraós e o ciclo da vida: nascimento, vida, morte e renascimento. 

A religiosidade e os aspetos sagrados são uma forte característica desta civilização. O número e a dimensão dos templos assumem formas inigualáveis no Mundo Antigo e até fora dele, em épocas posteriores. A arquitetura da Civilização Egípcia fundamenta-se na crença de uma vida após a morte e na construção de um sagrado orientado pelos faraós. Estes mandaram edificar para si e para as divindades um conjunto de templos. A grande maioria para fins funerários, que acabariam por se transformar também em locais de culto. O conjunto mais significativo será Abu Simel, situado a sul e mandado construir por Ramsés II.
 
As primeiras pirâmides que melhor conhecemos são as edificadas no planalto de Gizé. Aqui as pirâmides formam um complexo funerário mandadas construir pelos faraós Quépos, Quéfren e Miquerinos. Ao lado destas três pirâmides existem outras mais pequenas que pertenciam às rainhas destes faraós. As pirâmides tiveram sempre a mesma função: servir de templo para proteger uma múmia. A pirâmide não é um objeto isolado, ela faz parte de um complexo arquitetónico, onde podem surgir pequenos templos, ou as mastabas. 
 
Tal como a arquitetura, a pintura foi uma das atividades artísticas mais importantes da Civilização Egípcia. A pintura na Civilização Egípcia serviu o mesmo objetivo da arquitetura, isto é dar conteúdo e contexto aos templos, palácios e túmulos. A utilização da pintura para efeitos do sagrado justificava-se com a ideia de que terminando a vida terrestre com a morte, era preciso construir uma outra dimensão. Dimensão que no casos dos reis, faraós e sacerdotes podia-se prolongar se existisse uma marca da passagem pela vida.

A vida na ideia da Civilização Egípcia tinha uma "essência eterna", o que levou a que a arte na pintura tentasse transmitir algo que não mudaria, apenas se transformaria num plano diverso. As representações aparecem com a cabeça e os pés de perfil e o resto do corpo de frente, assim como as cores contrastavam com os fundos brancos, o que produzia um efeito muito particular.
Na civilização Egípcia ao contrário do que se verificará mais tarde,  utilizava-se sobretudo a técnica do fresco secco, que consistia em aplicar a têmpera (conjunto formado pelos pigmentos ou corantes misturados com materiais como a areia e água) no estuque já seco.

Toda a pintura da Civilização Egípcia se assemelha na forma, pois era uma arte muito intelectualizada, isto é construída para obedecer às hierarquias sociais e às marcas culturais. A apresentação dos olhos para o lado e as representações do resto do corpo eliminavam a ideia de perspetiva e davam às figuras uma aparência de duas dimensões (bidimensional). As imagens da pintura desta civilização eram idealizadas com diferentes representações, de acordo com a importância na própria sociedade.
 
Imagem: Cena de caça - Túmulo de Nebamun, Tebas, Egipto, c. 1400 a. C. (81 cm  de altura)
 

quarta-feira, 20 de outubro de 2021

Mês da alimentação (III)

 

                                     Marcadores sobre a alimentação - Ciências da Natureza - 5.º FA


Um poema - Em todos os jardins


"Em todos os jardins hei-de florir,
Em todos beberei a lua cheia.
Quando enfim no meu fim eu possuir
Todas as praias onde o mar ondeia.

Um dia serei eu o mar e a sereia,
A tudo quanto existe me hei-de unir,
E o meu sangue arrasta em cada veia
Esse abraço que um dia se há-de abrir.

Então receberei no meu desejo
Todo o fogo que habita na floresta
Conhecido por mim como um beijo.

Então serei o ritmo das paisagens,
A secreta abundância dessa festa
Que eu via prometida nas imagens."

Sophia, “Em todos os jardins”, in Obra Poética. Lisboa: Assírio & Alvim, 2015.
Imagem: Copyright – m.ban.

Se eu fosse um livro

 

Se eu fosse um livro

Se eu fosse um livro, eu seria numa biblioteca, O Adamastor, pois daria aos meus leitores emoções de aventura que eles gostariam muito e não ficariam desiludidos. - Guilherme Moura, 5.º FB

Se eu fosse um livro gostaria que os autores me dessem muito amor e carinho. E, sobretudo os meus leitores me lessem com imaginação. - Laura, 5.º FB

Se eu fosse um livro gostaria que me lessem um bocadinho todos os dias. Se eu fosse um livro gostaria que me compreendessem na minha mensagem e que gostassem de me ler. Se eu fosse um livro gostaria que me estimassem e que os meus leitores me arranjassem um cantinho só para mim. - António, 5.º FB

terça-feira, 19 de outubro de 2021

Mês da alimentação (II)


Durante esta semana, nas escolas do Agrupamento tem sido celebrada a temática da alimentação. No decurso da organização desta temática junto dos alunos, foi dado especial destaque à questão do desperdício alimentar. A bióloga Cristina Nava, elemento da Associação Rio Neiva, realizou um conjunto de sessões a diferentes turmas do 2.º e 3.º ciclos sobre esta temática.

O desperdício alimentar, os seus números muito preocupantes e as ações que cada um no seu quotidiano, na sua comunidade possam desenvolver uma atitude proativa de aproveitamento dos alimentos, lutando contra o desperdício alimentar, foram ideias estruturantes das sessões.

Foram assim mostradas várias possibilidades no aproveitamento de alimentos que sempre sobram na vida quotidiana. O aproveitamento da calda das leguminosas na produção de uma mousse, ou de um acompanhamento com um peça de fruta, a desidratação da fruta que pode já não estar no melhor estado e a utilização de algas na produção de alimentos, como bebidas, bolachas e outros foram algumas das ideias mostrados. 

As sessões revelaram-se muito interessantes, pelo conhecimento que proporcionaram sobre as possibilidades que se podem retirar do aproveitamento dos desperdícios alimentares. Houve um claro reconhecimento pelos alunos dos efeitos ambientais, económicos e sociais que esta questão levanta em cada país e a nível mundial.

Os alunos foram desafiados a contarem alguns episódios no seu meio quotidiano sobre como podem reduzir o desperdício alimentar, com um registo fotográfico / pequena história. Este storytelling será mais tarde publicado, aqui no blogue e destacado nos jornais escolares do agrupamento.

quinta-feira, 14 de outubro de 2021

Um filme - Ben - Hur (II)

 

Diálogo na guarnição romana de Jerusalém:

"- Qual a dificuldade em controlar a revolta dos judeus, de prender os agitadores?
-  É o que fazemos. Mas como se combate uma ideia? Os que anunciam um salvador dizem que a divindade pode estar em cada homem.
- Disparates! A divindade só existe num homem, o Imperador de Roma!" (do Guião do Filme)

Ben-Hur, proposta de visionamento na Biblioteca para este mês dá-nos um quadro de uma civilização em choque com ela, com as suas próprias limitações de poder e ambição sobre os povos dominados. Um acidente com o governador da Judeia conduz Judah para as galés romanas no Mediterrâneo. A racionalidade romana e a emotividade de uma crença no valor de uma memória para o futuro entram em confronto. Judah será adotado por Quentius Arrius e ganhará a liberdade. Voltará ele ao seu povo ou permanecerá entre a glória conquistada em Roma?

Ben-Hur é um filme épico que retrata a sociedade da Palestina, nos primeiros anos da era cristã, sobre domínio da civilização romana. Todo o filme é o retrato do tratamento desumano como escravo, sofrido por Judah e o seu regresso a Jerusalém, para cumprir a sua vingança. Nele vemos o modo de vida na Judeia e como diferentes grupos humanos se posicionavam perante Roma. 

Conhecemos a vida em Roma, o modo como os romanos impunham o seu poder no Mediterrâneo e compreendemos as hierarquias de poder entre o imperador e as províncias romanas. A vingança de Judah sobre Messala dar-lhe-á o acesso à figura de Jesus e à redenção por uma vida mais humilde. Ben-Hur coloca em questão questões muito importantes sobre a vida, a fé e o relacionamento entre culturas diversas.

O grande valor pedagógico do filme é dar-nos o modo de vida quotidiano e institucional do que foi uma civilização na sua afirmação cultural e material. Cruzando-se com a história de Jesus, a história de Judah é de uma redenção criada sobre o valor da vida humana, sobre essa possibilidade aberta para a dignidade de todos os possíveis. E, se é verdade que ela teve muitas intermitências, do que os nossos dias ainda testemunham, essa capacidade de cada um ser algo tão "divino", pelo seu significado é uma grande lição de futuro. É nesse "divino" que residem as pedras que constroem os arcos majestosos das grandes construções de tempos diversos.

quarta-feira, 13 de outubro de 2021

Uma obra de arte - O castro de São Lourenço

 

O castro de São Lourenço é uma das construções mais relevantes da cultura castreja no norte de Portugal e situa-se naquilo que podemos designar como uma das fases da Pré-História. O castro tem uma localização elevada, na parte mais elevada da arriba granítica, situada no concelho de Esposende e a sua construção data da fase final da Idade do Bronze, isto é cerca do primeiro milénio a. C. 

A fundição dos metais representou um avanço para as comunidades se desenvolveram no aproveitamento de recursos naturais do território. O bronze representava uma liga metálica, resultante da mistura do cobre com o estanho e veio substituir gradualmente os objetos construídos em pedra. 

O espaço ocupado pelo castro relaciona-se com uma ocupação diferenciada no tempo. A ocupação do território terá sido feita entre os séculos VII e VI a. C., tendo a cultura castreja nascido nesta zona do Noroeste da Península entre os século V e IV a. C., tendo sido por essa data que surgiram as primeiras casas em pedra em forma circular que caracteriza este castro. Terá sido no século II a.C., que foi erigido o sistema defensivo e uma e a integração de elementos vegetais e uma maior robustez nas plantas circulares das casas. 

O castro de São Lourenço tinha uma excelente localização. Estava situado num ponto alto, de grande valor estratégico sobre o território. A proximidade do mar enriqueceu o modo de vida destas comunidades, assim como os espaços de floresta concedeu materiais importantes para a construção das habitações. É possível que também o sal tenha desempenhado um papel importante pelo seu aproveitamento económico e futuro comércio. Dos vários castros da região, o de São Lourenço é o que ocupa maior espaço e terá sido o que albergou mais população.

No século I a.C., foi adicionado um novo sistema defensivo e algumas habitações que tiveram melhorias nos materiais , nomeadamente, com  a colocação de argamassa e reboco. Ainda neste século surge a "vicus", uma estrutura de natureza urbana que tinha a função de apoio a algum comércio e a alguma administração do castro. A existência de um vestíbulo faz supor uma estrutura de apoio à habitação, nomeadamente para cozer o pão. 

 No século II a. C., deu-se o contacto com a civilização romana. Será apenas com o completo domínio romano já no século I que o castro de São Lourenço sofre um conjunto muito significativo de grandes transformações. Serão construídos novos edifícios (devido a ter existido um incêndio no seu espaço), com pequenos postigos e pedras decoradas, já com reboco e com pintura interior e exterior. 

 As casas passam a ser organizadas  por núcleos familiares, que se apresentam em patamares que se fixam pela introdução de muros. A alimentação, as atividades domésticas, os instrumentos agrícolas e o armazenamento de produtos eram realizados nas casas. Ao lado da pedra usada na sua estrutura, o telhado das casas era feito usando elementos vegetais como giestas, a palha, ou o colmo. Os espaços empedrados parecem sugerir uma maior circulação e uma estrutura mais complexa na ocupação do espaço.

A alimentação das comunidades do castro de São Lourenço passava por juntar a recoleção, a criação de animais, a plantação de plantas e gramíneas, pois a sua moagem foi encontrada com a utilização de pequenas mós. A tecelagem, o aproveitamento das peles dos animais, a metalurgia, o trabalho da pedra e a tecelagem foram atividades dominantes no modo de vida desta cultura. O castro de São Lourenço é um rico exemplo da cultura dos castros que se afirmou na Península Ibérica no fim da idade do bronze e na transição para a idade do ferro.

Fonte de informação: CISL

segunda-feira, 11 de outubro de 2021

Um poema - Junto à água

 FOLLOWER OF JOACHIM PATINIR, The Flight into Egypt 
"Os homens temem as longas viagens,
os ladrões da estrada, as hospedarias,
e temem morrer em frios leitos
e ter sepultura em terra estranha.
Por isso os seus passos os levam
de regresso a casa, às veredas da infância,
ao velho portão em ruínas,à poeira
das primeiras, das únicas lágrimas.
Quantas vezes em
desolados quartos de hotel
esperei em vão que me batesses à porta,
voz de infância, que o teu silêncio me chamasse!
E perdi-vos para sempre entre prédios altos,
sonhos de beleza, e em ruas intermináveis,
e no meio das multidões dos aeroportos.
Agora só quero dormir um sono sem olhos
e sem escuridão, sob um telhado por fim.
À minha volta estilhaça-se
o meu rosto em infinitos espelhos
e desmoronam-se os meus retratos nas molduras.
Só quero um sítio onde pousar a cabeça.
Anoitece em todas as cidades do mundo,
acenderam-se as luzes de corredores sonâmbulos
onde o meu coração, falando, vagueia."

 "Junto à água", in Poesia, saudade da prosa / Manuel António Pina. Lisboa: Assírio & Alvim, 2011; grãos de pólen - 12.
Imagem: Joachim Patinir, The flight into Egypt, Christie's, London

Concurso Nacional de leitura 2022


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        Prova do 1.º Ciclo - CNL 21 / 22 - As naus de verde pinho - Manuel Alegre

Imagem da capa

Prova do 2.º Ciclo - CNL 21 / 22 - Missão Impossível de  Ana Maria MagalhãesIsabel Alçada


                   Prova do 3.º Ciclo - CNL 21 / 22 O velho e o mar de Ernest Hemingway


          

O livro do mês - A menina do mar

 


"Casa branca em frente ao mar enorme,

Com o teu jardim de areia e flores marinhas 
E o teu silêncio intacto em que dorme 
O milagre das coisas que eram minhas.

Era uma vez uma casa branca nas dunas, voltada para o mar.
Tinha uma porta, sete janelas e uma varanda de madeira pintada de verde. Em roda da casa havia um jardim de areia onde cresciam lírios brancos e uma planta que dava flores brancas, amarelas e roxas.
Nessa casa morava um rapazito que passava os dias a brincar na praia.
Era uma praia muito grande e quase deserta onde havia rochedos maravilhosos. Mas durante a maré alta os rochedos estavam cobertos de água. Só se viam as ondas que vinham crescendo do longe até quebrarem na areia com um barulho de palmas. Mas na maré vaza as rochas apareciam cobertas de limos, de búzios, de anémonas, de lapas, de algas e de ouriços. Havia poças de água, rios, caminhos, grutas, arcos, cascatas. Havia pedras de todas as cores e feitios, pequeninas e macias, polidas pelas ondas. E a água do mar era transparente e fria. Às vezes passava um peixe, mas tão rápido que mal se via. Dizia-se “Vai ali um peixe” e já não se via nada. Mas as vinagreiras passavam devagar, majestosamente, abrindo e fechando o seu manto roxo. E os caranguejos corriam por todos os lados com uma cara furiosa e um ar muito apressado.
O rapazinho da casa branca adorava as rochas. Adorava o verde das algas, o cheiro de maresia, a frescura transparente das águas. E por isso tinha imensa pena de não ser um peixe para poder ir até ao fundo do mar sem se afogar. E tinha inveja das algas que baloiçavam ao sabor das correntes com um ar tão leve e feliz."

A Menina do Mar / Sophia de Mello Breyner Andresen ; il. Fernanda Fragateiro. – Porto : Porto Editora, cop. 2012. – 38, [2] p. : il. ; 23 cm. – ISBN 978-972-0-72621-6